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A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (Nelore Brasil) divulgou em suas redes sociais uma carta aberta ao banco Bradesco cobrando "posicionamento claro" do banco sobre a pecuária brasileira e o consumo de carne. Representantes da produção animal brasileira têm adotado postura crítica à instituição fincanceira depois da publicação de um vídeo associado à marca, em que era defendida uma redução do consumo de carne como iniciativa mais sustentável, associando a pecuária às emissões de gases de efeito estufa.

Gado Nelore representa 80% do rebanho bovino nacional. Pecuaristas querem esclarecimento do Bradesco (Foto: Getty)

 

"Os neloristas, responsáveis por 80% do rebanho brasileiro e mais de 90% da produção de carne bovina, exigem que o Bradesco explique: por que tomou uma medida gratuita e equivocada contra o setor produtivo da carne bovina?; como autorizou a divulgação de um conteúdo que acusa a pecuária de ser apenas emissora de gás metano, esquecendo a captura de CO2 pela produção vegetal dos pastos, o que muitas vezes gera créditos de carbono?", questionam os pecuaristas, na carta.

No documento, os criadores de gado nelore resaltam que as cartas e o vídeo divulgado pel Bradesco depois da repercussão negativa do material inicial ressaltam apenas a posição do banco como financiador do agronegócio. Mas não apresenta nenhuma "informação que objetiva restabelecer a imagem da pecuária e da carne brasileira, que foi profundamente maculada com o vídeo".

Churrasco em frente ao Bradesco. Protestos pelo país (Foto: Divulgação)

A Associação pede, na carta, que o banco invista em ações de comunicação que considera "realmente esclarecedoras" sobre a produção de carne do Brasil. Desta forma, afirma a representação dos pecuaristas, estará sendo mostrada a "verdade à sociedade urbana".

Não é a primeira manifestação da cadeia produtiva da carne contra o banco. Na segunda-feira (3/1), em diversos municipios de regiões importantes para a pecuária brasileira, foram feitos protestos em frente a agências do Bradesco, com a realização de churrascos e distribuição de carne, no que foi chamado de "segunda com carne". Os protestos foram convocados na semana anterior por grupos de WhatsApp e ocorreram em frente a agências do banco no Mato Grosso, São Paulo, Pará, Tocantins e Minas Gerais.

Entenda o caso

Em dezembro, um vídeo publicado em redes sociais do Bradesco defendia como iniciativa mais sustentável a redução do consuimo de carne e a adesão ao movimento Segunda Sem carne, em que, por um dia da semana, deixa de ser consumida a proteína animal. No vídeo, a pecuária é associada às emissões de gases de efeito estufa.

"A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa. Então, que tal a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?", diz uma das "apresentadoras" do vídeo.

Diante da repercussão negativa, o Bradesco divulgou uma  "carta aberta" divulgada nesta sexta-feira (24/12). No documento,  reafirma seu apoio ao agronegócio brasileiro e sua "crença indelével" no setor como vetor de crescimento do país. No comunicado, diz que a posição manifestada por "influenciadores digitais" em relação ao consumo de carne bovina é "descabida", mas reconhece que, "lamentavelmente", acabou associada à empresa.

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"Importante dizer que tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo da carne bovina. Pelo contrário. O Bradesco acredita e promove direta e indiretamente a pecuária brasileira e por conseguinte o consumo de carne bovina", diz a carta. O documento reitera ainda que o conteúdo foi retirado de qualquer ambiete público e foram adotadas "ações administrativas internas severas".

Não é a primeira polêmica envolvendo uma grande empresa com o agronegócio, em função de postagens nas redes sociais. Em março deste ano, pecuaristas pediram um boicote à cerveja Heineken por conta de uma postagem que associava uma vida "mais verde" à redução do consumo de carne. A postagem, motivada pela celebração do "Dia Mundial sem Carne", levou representantes da pecuária a divulgarem uma iniciativa nas redes sociais, que chamaram de "Churrasco sem Heineken".

Após a polêmica, representantes da cervejaria e de pecuarista chegaram a se reunir e conversar sobre a postagem. A indústria de cerveja também chegou a se manifestar, dizendo não compactuar com a posição manifestada na postagem.
Source: Rural

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