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Embora a soja, produto que lidera a pauta de exportações brasileiras, tenha atingido um recorde de produção neste ano, a quebra da safra de milho impediu que o país colhesse sua maior safra de grãos batendo o recorde do ano anterior. O algodão teve recuo de área e produção, efeito da redução de consumo registrada na pandemia em 2020, e a produção de café, cana e laranja também caiu devido a períodos de seca, geadas e até queimadas.

 

O câmbio, com dólar acima de R$ 5,50 na maior parte do ano, favoreceu as exportações de todas as culturas, mas os insumos, que tiveram aumentos superiores a 100%, elevaram os custos de produção e se tornaram a maior preocupação do setor. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se reuniu com os russos para garantir o fornecimento de fertilizantes ao Brasil e produtores e entidades acionaram o governo federal para investigar se os aumentos seguidos são realmente um reflexo da crise mundial de insumos ou um caso de abuso das revendas.

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A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) era de uma safra recorde de grãos de mais de 270 milhões de sacas, com acréscimo de 14,7 milhões em relação à safra 2019/20. Mas o clima não colaborou. Chuvas intensas em algumas regiões prejudicaram a colheita da soja, dificultando o acesso, e provocaram o atraso da janela de plantio da segunda safra. A soja ainda teve uma produção recorde de 135,9 milhões de toneladas, aumento de 8,9% em relação à safra 2019/20, mas o volume total dos grãos, segundo o último levantamento da Conab para a safra 2020/21, foi de 252,3 milhões de toneladas, uma redução de 1,8% sobre a safra passada, que foi de 257,01 milhões de toneladas. Para a próxima safra, a previsão é de um recorde de 291,067 milhões de toneladas.

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No início do ano, consultorias previam um recorde de exportações de soja. A Datagro, por exemplo, estimava os embarques em 85,5 milhões de toneladas. Com a safra recorde, o Brasil deve fechar o ano com embarques de 86,75 milhões de toneladas, ante as 82,3 milhões de toneladas em 2020. Já os embarques de  milho no ano, diante da quebra da safra, somaram 20,7 milhões de toneladas, ante 33,4 milhões em 2020. Em dezembro, o preço da soja teve dias de oscilação de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), devido às incertezas geradas pelo avanço da nova variante do coronavírus , a ômicron.

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De olho nos bons preços e na demanda, a região sul, responsável por 90% da produção de trigo do país, aumentou em 14,9% sua área plantada na safra 2020/21, colhendo uma das melhores safras dos últimos anos. Com o aumento de produção também na região do Cerrado, o país fecha o ano com 8,15 milhões de toneladas ante as 6,2 milhões de toneladas da safra anterior. E com o dólar nas alturas, a importação diminuiu e a exportação do trigo brasileiro registrou alta. 

O ano também foi de recordes de produtividade na região do Cerrado, onde o produtor Paulo Bonato colheu 160,5 sacas por hectare em uma área irrigada de 51 hectares usando uma variedade de ciclo curto. No Rio Grande do Sul, em plantio de sequeiro, Pedro Basso colheu quase cem sacas, o dobro da produtividade do Estado. O trigo também foi notícia devido à liberação da comercialização no Brasil da farinha de trigo fabricada com grão geneticamente modificado da Argentina, decisão fortemente contestada pelo setor.

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No algodão, a redução mundial de consumo em 2020 causada pela pandemia levou os produtores brasileiros a recuarem no plantio da safra deste ano, com redução na área plantada e de produção (2,32 milhões de toneladas). Apesar disso, as exportações no ano comercial, de agosto de 2020 a julho de 2021, registraram 2,4 milhões de toneladas, 23% a mais que no período anterior. Em setembro, uma variedade de algodão colorido desenvolvida pela Embrapa foi destaque em passarela internacional durante a Milan Fashion Week. Para a próxima safra, os produtores voltaram a apostar na cultura, com previsão de aumentar para 1,55 milhão de hectares a área plantada (mais 13,5%) e produzir 2,71 milhão de toneladas da pluma, um aumento de 16,5%.

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Na cafeicultura, uma produtividade acima do esperado levou a Conab em dezembro a estimar em  47,7 milhões de sacas de 60 quilos a colheita de café colhida neste ano, ante 46,9 milhões no levantamento divulgado em setembro. O aumento foi creditado a um erro de percepção dos produtores em relação aos impactos das três geadas que atingiram a cultura no meio do ano, quando a colheita já havia sido iniciada. Mesmo assim, a safra com bienalidade negativa do tipo arábica e impacto da seca teve queda de 24,4% ante o recorde de 2020.

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A pior seca dos últimos 60 anos associada a três geadas e queimadas afetaram fortemente a safra de cana-de-açúcar, provocando uma queda de 13,2% na produção em relação ao período anterior. Em seu último levantamento, a Conab estimou a safra que termina em março de 2022 em 568,4 milhões. Com menos cana para moer, o setor priorizou a produção de etanol, especialmente o anidro, para cumprir o compromisso de 27% de mistura na gasolina até o início da nova safra. Um tema que provocou discussões acaloradas no ano foi a divisão da receita dos créditos de descarbonização, os chamados CBios, entre usinas e produtores. Em dezembro, o setor se animou com a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) a favor do Brasil, Austrália e Guatemala em suas disputas comerciais com a Índia sobre subsídios ao açúcar.

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As condições climáticas com seca prolongada na maioria das regiões produtoras do parque citrícola de São Paulo e Minas e as geadas derrubaram a safra da laranja. O recuo de quase 8% em relação à safra anterior foi divulgado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), que estima uma colheita de 264,14 milhões de caixas. Com produção menor, o estoque de suco de laranja projetado caiu bruscamente. Além disso, a incidência do greening, principal doença que atinge os pomares, voltou a aumentar. 

Em novembro, a Justiça de Londres aceitou julgar o empresário José Cutrale e seu filho, José Cutrale Jr., donos de uma das maiores produtoras e exportadoras de suco de laranja do mundo, a Cutrale, pela suposta prática de cartel na compra de laranjas de produtores brasileiros. Quase um mês depois, a gigante que tem sede em Araraquara suspendeu suas exportações de suco para os Estados Unidos.

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O aumento dos insumos agrícolas (defensivos, fertilizantes e sementes), que passou de 100% em alguns produtos, em meio a uma demanda crescente no mundo por esses produtos, se juntou aos aumentos de energia e frete no Brasil, impactando fortemente os custos de produção da lavoura. Houve inclusive desabastecimento do glifosato, usado nas culturas de soja. Os aumentos provocaram reclamações e pedidos de investigação de produtores e entidades do setor, inclusive nos Estados Unidos.

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Source: Rural

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