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Com cerca de 20% do volume exportado retido em armazéns, estoques e nos próprios portos devido a atrasos nas escalas de embarque, a indústria de carne tem sugerido ao governo que altere a legislação para permitir a transferência de carga entre navios estrangeiros na costa brasileira. A medida, segundo o coordenador do Grupo de Logística da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), José Perboyre, seria uma forma de mitigar os efeitos da crise logística internacional que afeta o setor.

Movimentação de contêiner no porto de Santos (SP) (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

 

“Um pleito é que os navios menores estrangeiros possam fazer transferência de produtos nos portos do Brasil, o que a lei não permite, enquanto a gente não tenha esses portos com capacidade para absorver esses navios”, destacou Perboyre, ao citar como uma mudança positiva a aprovação do projeto BR do Mar, de incentivo à navegação de cabotagem no Brasil. Aprovado pela Câmara Federal na última quarta-feira (15/12), o projeto prevê a flexibilização do afretamento de embarcações estrangeiras.

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“A aprovação da BR do Mar já é um bom sinal e há uma disposição do governo. Ainda tem questões de praticagem, mas o que conseguimos no momento é ser inseridos nesse processo de discussão e vamos trabalhar que isso ocorra”, completou o coordenador do Grupo de Logística da ABPA, durante apresentação da entidade sobre as perspectivas do setor para 2022.

Segundo ele, a falta de contêineres e de navios deve se repetir no próximo ano e exigirá investimentos em infraestrutura portuária para receber as novas embarcações que serão colocadas em circulação a partir de 2023. “Esses grandes navios vão permitir de 35% a 40% mais de carga a serem exportadas e a grande reclamação dos embarcadores é que eles não conseguem atracar”, destacou Perboyre, ao ressaltar que “a tendencia é não só no aumento de cargas, mas também na utilização de combustíveis mais limpos”. “O que acontece hoje? Falta espaço nos navios. Nós estivemos aqui em abril e faltava contêineres. Regularizou o frete e o contêiner apareceu e agora não temos navio”, completou o executivo.

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De acordo com o presidente da Praticagem do Brasil e vice-presidente da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), Ricardo Falcão, a saída proposta pela indústria é “tecnicamente impossível”. “O conceito está certo, mas existe um porto no meio. Principalmente porque os navios grandes não têm nenhum equipamento para movimentar os contêineres. Eles precisam de uma estrutura que o porto possui que chama portainer”, explica Falcão ao lembrar que essa operação é comum entre navios petroleiros.

“Um portainer faz 50 operações por hora. Chega um navio grande e com oito portaineres você tira 500 contêineres em uma hora. São números que não dá pra fazer por guindaste, tem que ter uma estrutura dessa e os navios não foram construídos pra isso”, completa Falcão.

Source: Rural

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