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De saída da presidência do Conselho da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito dá uma ideia da missão de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, que irá sucedê-lo no cargo em 2022: manter o diálogo entre produtores, compradores e sociedade civil, o que inclui as organizações não-governamentais. Nesta quinta-feira (16/12), ele participou da Semana do Agro, programação especial de lives em parceria da revista Globo Rural com o jornal Valor Econômico.

Brito contou ter realizado encontros setoriais com compradores estratégicos na China, Estados Unidos e países da União Europeia. Destacou, no entanto, que, nestas ocasiões, o trabalho de convencimento para melhorar a reputação do agro brasileiro foi maior do que  a discussão sobre abertura de mercados, em si.

Marcello Brito, presidente da Abag, participa da Semana do Agro, programação especial realizada pela Globo Rural e Valor Econômico (Foto: Reprodução/Youtube)

 

“Nesse momento de anúncio de boicotes nos mercados europeus, a Abag tem espaço para sentar e conversar [com players internacionais]. Enquanto não entendermos que o nosso principal concorrente é a disrupção de mercado e não determinado país, a gente vai continuar com isso [embate com compradores]”, afirmou. Para ele, é preciso compreender o comportamento do consumidor final, seja em São Paulo ou em Xangai, na China.

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Entre seus compromissos mais recentes, Marcello Brito acompanhou a Conferência do Clima (COP26), na Escócia. Segundo ele, o próximo passo, no que tange o mercado de carbono, amplamente discutido na COP26, é encaminhar a discussão dos mecanismos deste comércio.

No entanto, ele lembra que o Brasil perdeu protagonismo na agenda ambiental nos últimos anos e, como consequência, tende a não participar do processo de criação de normas de comercialização de carbono em âmbito global. “Os outros estão criando métricas que nós vamos ter que se seguir, sem a nossa opinião. É lamentável o Brasil não participar disso”, ele diz.

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Embora o País tenha o que mostrar de positivo, incluindo o próprio Código Florestal, se bem cumprido, os negócios internacionais não fluem como poderiam, avalia Brito. “O Brasil resolveu afrontar todo mundo, desleixou com as questões ambientais e não assinamos esse acordo. Estamos perdendo para nossa própria incompetência”, lamenta.

Estamos perdendo para nossa própria incompetência

Marcello Brito, presidente da Abag

Ele comentou que o grande problema na Amazônia segue sendo a criminalidade. Ocupação ilegal de terras para criação de pasto e grilagem, disse, é pano de fundo para lavagem de dinheiro. “A Amazônia passou a ser caminho para o narcotráfico”, aponta, ao dizer que monitoramento e punição sérios são necessários para que o Código Florestal passe a valer na íntegra, além de contribuir com a imagem do agronegócio legal. “Não falta dinheiro para isso, falta governança”, resume.

Em um contexto de mercado mais exigente por transparência nas cadeias produtivas, portanto, o Brasil pode discutir o que é legal ou ilegal internamente, mas a pressão por rastreabilidade e o risco de sanções comerciais devido à condução das pautas ambientais podem comprometer a economia do país. E, na lógica de que o cliente tem sempre razão, não funciona insistir em um discurso de soberania que tente calar o comprador em vez de dialogar com ele.

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“Soberania é a palavra final de quem não tem mais argumentos para discutir”, analisou. “Se você tem China, Estados Unidos e Europa indo nessa direção, nós vamos bater de frente? Até onde eu sei, comprador é cliente e cliente tem sempre razão", afirmou, acrescentando que menos exportações se traduzem em menos emprego e renda para a população, rural ou urbana.

Para assistir a live com Marcello Brito na íntegra, clique no player abaixo:

 
Source: Rural

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