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A COP-26, Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, realizada recentemente em Glasgow, na Escócia, representou mais uma oportunidade para que países do mundo inteiro encontrem mecanismos cada vez mais eficientes e efetivos no combate ao aquecimento global e em prol da preservação ambiental. Foi também uma oportunidade única para demonstrar que o Brasil é plenamente capaz de produzir com sustentabilidade, unindo equilíbrio ambiental, justiça social e viabilidade econômica.

Para nós, cooperativistas, a questão da sustentabilidade é algo natural, faz parte do nosso DNA. Independentemente do tamanho, área de atuação ou tipo de serviço prestado, nossas cooperativas já nascem com o compromisso de cuidar das comunidades onde atuam, transformando-as em um lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos.

 

Nesse sentido, a sustentabilidade para o cooperativismo não é uma utopia e, sim, uma prática comum e que gera resultados cada vez mais positivos e promissores. Exemplo disso é o caso da Cooperativa Agrícola Mista Camta, localizada em Tomé-Açu, no Pará, que pudemos apresentar durante a COP-26, inclusive com a presença do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.

Criada em 1931 por imigrantes japoneses, a Camta desenvolveu em meados da década de 1970 um sistema de produção agroflorestal que reúne, em um mesmo espaço, culturas como açaí, cacau, mandioca e pimenta do reino, além do extrativismo de óleos como o de andiroba.

Nesse processo, os cooperados da Camta aprenderam com os ribeirinhos, que vivem às margens dos rios da Amazônia, que as árvores não sobrevivem sozinhas na floresta. Elas precisam uma das outras e de outros tipos de plantas e vegetais para crescerem e se fortalecerem. E que, por isso, o ideal é diversificar a produção.

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Hoje são cinco mil hectares de área plantada nos quais as plantas de uma cultura servem de adubo para o crescimento e fortalecimento das outras. O sistema agroflorestal mantém o solo úmido e fértil, respeita o clima e a biodiversidade local. Imitando o ciclo natural da floresta, a produção da Camta não empobrece o solo, aumenta a produtividade e ajuda a recuperar áreas que haviam sido degradadas.

Além disso, a Camta reduziu em até cinco vezes a emissão dos gases de efeito estufa e transformou a região, gerando impactos positivos para mais de 10 mil pessoas, além de seus 800 associados. Sua produção é exportada para vários países. O cacau, inclusive, recebeu o selo de produto das Olimpíadas em Tóquio 2020.

O trabalho do cooperativismo brasileiro na produção de energia renovável é outro exemplo efetivo de desenvolvimento sustentável. Temos hoje mais de 540 empreendimentos com esse foco que geram mais de 316 megawatts de energia limpa em todo país. Somos capazes de transformar um passivo ambiental em ativo, por meio do correto manejo da biomassa.

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Uma iniciativa importante neste sentido é a de cinco cooperativas localizadas na região sul que conseguem, juntas, evitar a emissão de 40 milhões de metros cúbicos de gás metano por ano, e gerar energia renovável. Também podemos citar um projeto da unidade estadual da OCB em Minas Gerais, a Omceg, que inaugurou em novembro 30 usinas fotovoltaicas e pretende chegar a 100 em 2022 com o programa Minas Coop. Um ponto dessa iniciativa a ressaltar é que parte dessa energia limpa é doada para entidades filantrópicas da região, atendendo, inclusive, um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) propostos pela ONU.

Durante a COP-26, o Brasil assumiu metas ambiciosas como a neutralidade de carbono até 2050, o fim do desmatamento até 2028 e o compromisso de redução de 30% da emissão de metano até 2030. São metas defendidas pelo cooperativismo também e divulgadas em manifesto da OCB no início de novembro, bem como no site Cooperação Ambiental que apresenta outros casos de sucesso do setor, notícias e depoimentos sobre a importância da produção sustentável.

Os exemplos aqui descritos e muitas outras ações e iniciativas do cooperativismo mostram que as metas propostas podem ser atingidas. Para isso, no entanto, é fundamental que tenhamos recursos financeiros, capacitação, equipamentos e assistência técnica. O Brasil ainda tem muito a avançar, mas não podemos deixar de reconhecer as iniciativas de sucesso já implantadas.

Nesse sentido, o cooperativismo brasileiro é referência em sustentabilidade e um exemplo que deve ser reconhecido, valorizado e replicado. Nosso país pode ser protagonista na construção de uma economia de baixo carbono e contribuir, unindo esforços com outros países, para deter o avanço do aquecimento global. E o cooperativismo é, com certeza, a melhor forma de levar o conhecimento e as tecnologias necessárias para alcançarmos esse objetivo.

*Márcio Lopes de Freitas é presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

**as ideias e opiniões expresas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionameto editorial da Revista Globo Rural
Source: Rural

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