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As geadas do dia 20 de julho comprometeram a safra de café de 2022/23 ao atingir lavouras, principalmente no Sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro, São Paulo e Paraná. De acordo com mapeamento feito por satélite pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), só em Minas Gerais, o maior produtor de café do País, 127.338,2 hectares de cafezais foram atingidos, sendo que 449 produtores detêm 34,4% da área impactada pelas geadas. Foram 170 municípios e cerca de 10 mil propriedades rurais afetadas. Os impactos negativos levaram milhares de produtores rurais a uma situação de extrema dificuldade.

 

Por ser uma indústria a céu aberto, a cafeicultura está sujeita às mudanças climáticas. Porém, a cafeicultura conta com uma estrutura de representação que nenhuma outra cultura tem, além de contar com um banco privado de financiamento ao produtor (Funcafé). Em todos os momentos de crise, os produtores podem contar com o apoio do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), o qual é presidido pela Ministra da Agricultura Tereza Cristina; da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB); do Conselho Nacional do Café (CNC); do Conselho do Agro; da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e da Frente Parlamentar do Café.

O cafeicultor corre o risco de intempéries assolarem suas plantas, o que o deixa preocupado com as mudanças climáticas e sua renda. Por isso, o CNC sugere cautela para evitar impactos na renda. Uma forma de se prevenir é o acesso ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), que oferece ao agricultor a oportunidade de segurar sua produção com custo reduzido, por meio de auxílio financeiro do governo federal. A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa, física ou jurídica, que cultive ou produza espécies contempladas pelo Programa e permite ainda, a complementação dos valores por subvenções concedidas por estados e municípios.

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Pensando nisso, a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), o Ministério da Agricultura (MAPA), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater/MG) e o Conselho Nacional do Café (CNC) se uniram para lançar a Cartilha sobre Seguro Rural voltada aos produtores de café. O material foi produzido pelas equipes técnicas e de comunicação das instituições e foi criado para facilitar o produtor no passo a passo para a contratação do seguro, garantindo mais tranquilidade no seu dia a dia. Durante esses quatro meses, o CNC vem elaborando medidas para auxiliar os produtores atingidos pelas geadas.

Durante esse período, vimos muitas especulações na mídia com relação ao mercado de café e muitas regiões fizeram levantamento por conta própria do nível de atingimento da geada às lavouras. O CNC, desde o início, se preocupou em saber qual foi a real extensão das lavouras atingidas e onde houve maior impacto. Por isso, o Conselho priorizou o levantamento de dados por parte da Fundação Procafé para definir o nível de atingimento das lavouras, a classificação da área total atingida, e os critérios para a contratação do empréstimo junto aos agentes financeiros. Sem esse levantamento e a definição dos critérios seria impossível alcançar quem realmente precisa.

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Desde o dia 21 de julho temos nos dedicado quase que exclusivamente para que haja a liberação mais rapidamente possível desses recursos. Reiteramos os esforços de todos: membros do CDPC, técnicos e servidores do MAPA e do CMN, da OCB, da CONAB, dos parlamentares e, claro, da nossa Ministra Tereza Cristina. Os produtores sabem que há um esforço conjunto para minimizar os impactos desses eventos climáticos adversos. Com esse financiamento os produtores terão condições de dar continuidade às suas atividades de forma digna, sustentável e com renda próspera.

Nas últimas semanas, o preço do café bateu recorde histórico na ICE (bolsa de valores de Nova York), ficando acima dos US$ 2,00 por libra-peso. A limitação da oferta, somada à falta de informação sobre os estoques de passagem, atrelado aos últimos eventos climáticos, a instabilidade do câmbio, além do aumento do valor dos insumos, do custo dos fretes e da falta de contêineres, agravou ainda mais esse cenário. O Conselho Nacional do Café vem acompanhando diariamente as intercorrências climáticas e mercadológicas trabalhando para mostrar a todos o quanto o café brasileiro é sustentável. Lutamos por liberação de recursos para não haver concentração de oferta e também para que existam emendas parlamentares voltadas à pesquisa.

*Silas Brasileiro é presidente do Conselho Nacional do Café (CNC)

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

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