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O presidente da Cooperativa Central do Vale do Ribeira, Rafael Grothe de Oliveira, planta banana em Miracatu (SP). É uma tradição familiar. Seus pais e tios deram continuidade à lavoura do avô, que começou na década de 1930 com nove hectares, e hoje cultivam a fruta em 500 hectares de propriedades na região.

A Cooper Central VR reúne 1,5 mil agricultores familiares, com 80% da produção voltada para a bananicultura (oferta de até 300 toneladas por mês) e consiste na maior organização da base produtiva local, em oito municípios. Junto à base produtiva da região como um todo, composta por 22 municípios, pequenas propriedades e uma área plantada de 30 mil hectares, a organização está em busca de um selo de Indicação Geográfica (IG).

“A gente está pegando o exemplo de Santa Catarina, certificada como a banana mais doce do Brasil, para obter nosso próprio selo”, comenta Oliveira. “A nossa é mais doce”, ele afirma.

Vale do Ribeira, no interior paulista, é uma das principais regiões produtoras de banana no Brasil (Foto: Thinkstock)

 

O argumento é a tradição e história da cultura na região, localizada ao sul do Estado de São Paulo. Além de um apelo ambiental: a agricultura no Vale do Ribeira preserva 90% da área ocupada pelas fazendas, de acordo com Oliveira. “O selo vai ser muito importante para nós. Trabalhamos com a merenda escolar da cidade e Estado de São Paulo”, acrescenta o presidente da Associação de Bananas do Vale do Ribeira (Abavar), Jeferson Magaraio.

A certificação, de acordo com produtores, pode agregar valor ao produto. Além de ser uma garantia de qualidade. Entre uma banana comum e outra com indicação, o consumidor tende a dar preferência à segunda. “A IG é um sonho que há muitos anos tentamos conseguir”, observa Maragaio, segundo quem o dossiê está na terceira fase de elaboração

O projeto técnico envolve 12 etapas. A gestão está sendo feita pelo Instituto Federal de São Paulo (IFSP), sob encomenda do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), em nome da Abavar. “O dossiê é bastante extenso e complexo”, conta o professor Jurandir Domingues, do IFSP. “O Sebrae ficou responsável pela articulação junto aos produtores, associações e cooperativas e pela formação do comitê gestor”, detalha.

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A previsão inicial é apresentar até março de 2024 o pedido ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). o Inpi é o órgão responsável pela concessão dos selos de indicação. De acordo com o IFSP, o Sebrae é responsável pela estruturação da entidade representativa dos produtores, criação do signo distintivo da IG, elaboração do dossiê sobre a região, caracterização do produto e delimitação geográfica dos bananais.

Segundo a Superintendência Federal de Agricultura (SFA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os benefícios da IG vão além da valorização do produto na hora da venda. Em comunicado sobre o assunto divulgado recentemente pelo órgão, o fiscal federal agropecuário Francisco Mitidieri observa que “os produtores vão desenvolver uma cultura de associativismo, poderão fazer compras coletivas ganhando em escala e elevar o nível de boas práticas de produção. Além disso, terão um patrimônio protegido”.

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O Brasil é o quarto maior produtor mundial da fruta, atrás da Índia, China e Indonésia. São Paulo lidera a produção com um milhão de toneladas (15,3% da produção total), seguido pela Bahia (878,5 mil toneladas) e Minas Gerais (801,7 mil toneladas). O consumo brasileiro da fruta é 25 de quilos por pessoa ao ano. O Vale do Ribeira é o maior polo produtor de bananas do Estado de São Paulo. Nove municípios da região são os maiores produtores estaduais, com 492,8 toneladas (aproximadamente 75% do total paulista). Os ganhos ultrapassam R$ 282 milhões nessas cidades.
Source: Rural

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