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O agronegócio continua sendo o principal motor da economia nacional, responsável tanto pelo abastecimento interno como pela exportação de alimentos para o mundo todo. Independente dos desafios climáticos e fitossanitários enfrentados nos últimos anos, incluindo a pandemia da Covid-19, a vocação e eficiência da atividade no Brasil mostram que, para os produtores rurais, é fundamental continuar encontrando condições para investir e crescer.

Seguindo essa tendência, as cooperativas agro também têm consolidado sua relevância para a produção nacional. Seu modelo societário, voltado principalmente para o desenvolvimento coletivo, garante acesso a insumos tecnologicamente avançados, uma rede de assistência técnica eficiente e personalizada, além de caminhos para agregação de valor e escoamento da produção. Insumos esses a que, isoladamente, os produtores rurais, em especial os pequenos e médios, não teriam acesso, dificultando o ganho de escala e competitividade no mercado.

 

A comprovação da relevância que o modelo cooperativista conquistou no país pode ser observada facilmente nos números do setor. Atualmente, o Brasil conta com 1,2 mil cooperativas agropecuárias, com mais de 1 milhão de produtores rurais cooperados e 223 mil empregados de forma direta. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 53,2% da safra brasileira de grãos é proveniente de produtores rurais cooperados. Além disso, 71,2% desses produtores são da agricultura familiar.

Um dos pilares de sustentação da atividade é o crédito rural. Sem ele, os resultados do agronegócio brasileiro, com certeza, não seriam tão expressivos. A criação de uma política agrícola consistente, capaz de garantir um volume de recursos e taxas de juros compatíveis com o retorno das atividades rurais tem garantido acesso a insumos e outros condicionantes fundamentais para o bom desempenho junto ao mercado interno e internacional.

Reconhecemos, portanto, a importância e os esforços por parte do governo federal na busca de mecanismos que contribuem para viabilizar mais recursos ao setor, desburocratizar e garantir maior autonomia ao mercado. Assim, o Sistema Nacional de Crédito Rural e o adequado funcionamento da atual arquitetura da política agrícola voltada para o financiamento das atividades do produtor rural e das cooperativas agrícolas é fundamental para que o agronegócio brasileiro continue a ser um dos principais players do cenário mundial.

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Não se pode ignorar, no entanto, a também importância e necessidade da busca e debates contínuos sobre outras formas de financiamento que se agreguem ao Plano Safra, a exemplo da utilização dos títulos privados que podem e devem ser explorados e aprimorados. Um não exclui o outro. Ao contrário, são complementares. Sabemos que por melhor que seja a política desenvolvida pelo governo, ela não é capaz de financiar toda a produção e, portanto, outras formas de captação de recursos fazem parte natural desse processo.

E, nesse contexto, considerando sua atuação predominante junto aos pequenos e médios produtores, as cooperativas se mostram dispostas a também contribuir para uma maior adesão e utilização de títulos privados como alternativa complementar às fontes de financiamento do crédito rural no Brasil.

É importante destacar ainda que, historicamente, as cooperativas agropecuárias têm compartilhado do desenvolvimento do agronegócio brasileiro e participam como legítimas beneficiárias do crédito rural. Justamente por seu modelo societário, em que o cooperado é o favorecido final e, portanto, sua principal razão de existir, as cooperativas sempre estiveram plenamente amparadas no acesso às políticas públicas desenvolvidas para o setor.

Como exemplo da dinamização e capilaridade do crédito rural captado pelas cooperativas podemos citar os investimentos realizados nos últimos anos na ampliação e modernização de parques agroindustriais, bem como no aprimoramento da assistência técnica e extensão rural. Esses investimentos transformam e agregam valor na produção de uma ampla diversidade de pequenos e médios produtores associados, o que se converte também em renda para milhares de famílias e contribui para a promoção de mais justiça social e desenvolvimento econômico das comunidades onde estão localizadas.

*Márcio Lopes de Freitas é presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não refletem, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

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