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– publicado originalmente na edição 431 da revista Globo Rural (novembro/2021)

Um terço das florestas tropicais do mundo se concentra na Amazônia, o que ressalta sua importância como patrimônio ambiental do Brasil e do mundo. A preservação desse bioma deve ser uma prioridade para nossa nação. Certamente, sua relevância pode se tornar ainda maior, devido à sua biodiversidade, uma vez que há um potencial de desenvolvimento socioeconômico de toda a região. 

Ao construir e estruturar uma economia voltada à biodiversidade e com a aplicação dos  conceitos de circularidades, o Brasil tem uma oportunidade ímpar de fomentar a geração de emprego e renda para a população local, ao mesmo tempo que mantém conservadas as florestas, as bacias hidrográficas, a fauna e a flora, contribuindo para a mitigação dos impactos do aquecimento global. Com novas chances de trabalho, as regiões poderão crescerem educação, em ofertar melhor condições de vida, com mais igualdade social, diminuindo a pobreza, a miséria e a insegurança alimentar.

 

Para alcançar esse objetivo, é necessário um trabalho em conjunto de todos os atores envolvidos com nossa nação, ou seja, demanda um esforço e uma vontade dos políticos e do poder público, uma dedicação da sociedade, além de empenho e investimento do setor
privado e o estudo e pesquisas desenvolvidos pela academia, a fim de aprender cada vez mais com esse bioma fantástico, para então transformar visões e iniciativas em um plano estratégico que culmine em ações. 

Outro ponto fundamental será intensificar as ações contra a criminalidade na Amazônia, punindo com o rigor da lei aqueles que causam o desmatamento ilegal e as queimadas, destruindo esse patrimônio ambiental brasileiro. Além de prejudicar sobremaneira o meio ambiente e toda a sua biodiversidade, esses atos atrasam o desenvolvimento do mercado de bioeconomia, impedindo o crescimento socioeconômico regional.

Brasil mostrou que está seguindo nessa direção, ao reforçar seu comprometimento por uma economia mais verde e um desenvolvimento socioeconômico pautado na preservação ambiental durante a realização do Fórum Mundial de Bioeconomia, promovido em Belém, no Pará, entre os dias 18 e 20 de outubro.

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O Consórcio da Amazônia Legal, formado por nove Estados brasileiros que integram a região amazônica, firmaram o Acordo de Cooperação para estabelecer uma agenda e  compromissos para a implementação de um projeto prioritário para o fortalecimento das cadeias produtivas da bioeconomia. O governo do Pará ainda lançou o chamamento público para convidar interessados em assumir concessões florestais no Estado, voltadas à venda de crédito de carbono. 

Somados ao compromisso do poder público, são necessários investimentos para a estruturação do mercado de bioeconomia. Porém, a atratividade do bioma amazônico contribui para que investidores tenham a certeza do potencial desse setor, por atender aos critérios de governança ambiental, social e corporativa (ESG). Produtos como açaí, castanha-do-pará, tucumã, borracha, cumaru, entre outros, devem ser ainda mais valorizados, aumentando sua produção e a exportação, podendo alcançar, segundo informações do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), R$ 170 bilhões em 2040, somente no Pará.

Ao vincular a bioeconomia à ciência, à tecnologia e a práticas sustentáveis, lembrando que ela está relacionada com tudo o que vem da floresta, trabalhamos a ancestralidade da natureza para chegar a um futuro melhor, com o planeta preservado, mais qualidade de vida para as pessoas e uma economia pujante.

*Marcello Brito é presidente do conselho diretor da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio)

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural
Source: Rural

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