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Diante do cenário do impacto das mudanças climáticas, pesquisadores vêm buscando desenvolver plantas mais resistentes a condições adversas, como secas e altas temperaturas, e com absorção mais eficiente de nutrientes. Desde Organismos Geneticamente Modificados (OGM) até a utilização da técnica conhecida como edição gênica. Um artigo publicado recentemente por pesquisadores do Centro de Pesquisa em Genômica para Mudanças Climáticas (GCCRC), que toma por base a cadeia produtiva do milho, aborda as diversas técnicas e tendências para o desenvolvimento de novas variedades.

Assinado por dez autores entre pesquisadores da Embrapa e da Unicamp, o artigo sobre o assunto foi publicado na revista Frontiers in Plant Science e pode ser lido, na íntegra, online (Foto: Embrapa/Paula Drummond)

 

O trabalho “Transformação do milho: do material vegetal à liberação de variedades geneticamente modificadas e editadas” faz uma revisão desses avanços, desde a primeira geração de transgênicos à técnica de edição gênica CRISPR-Cas. Reúne também processos mais atuais, mapeando também as características de maior interesse dos pesquisadores em plantas geneticamente modificadas ou editadas. 

A publicação é uma iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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Em comunicado, a Embrapa destaca que os organismos transgênicos já são utilizados na agricultura há décadas.Adotadas em 29 países, abrangem 190 milhões de hectares. No caso do milho, estão em cerca de 30% das áreas cultivadas no mundo, de acordo com um relatório de 2019 do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês). 

A cultura do milho é uma das principais em que há utilização desse tipo de cultivar de modo mais amplo. Essa também é a cultura agrícola com mais eventos OGMs aprovados por órgãos regulatórios: são 148 em 35 países diferentes. No entanto, essas variedades estão voltadas, principalmente, para duas características: resistência a herbicidas e a insetos, caso das cultivares conhecidas como Bt, que contêm genes da bactéria Bacillus thuringiensis.

Os pesquisadores destacam  que os primeiros organismos genéticamente modificados. eram desenvolvidos usando a técnica de bombardeamento do DNA, cujo controle da transformação é mais impreciso. Hoje, prevalece o uso da bactéria Agrobacterium tumefaciens. A mudança, segundo eles, ajudou a simplificar os processos de regulamentação de transgênicos, reduzindo a incerteza.

Os autores da publicação ressaltam, conforme o comunicado da Embrapa, que a pesquisa relacionando novas cultivares com os efeitos do clim está ligada a fatores diferentes do que é feito de forma mais comum. Depende da interação entre diferentes genes e com o ambiente. Essa complexidade tem feito com que empresas e instituições de pesquisa invistam em novas técnicas, processos e programas em larga escala.

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Edição gênica

No caso da edição gênica, os pesquisadores ressaltam que, além de ser uma tecnologia mais barata a acessível, a tendência é de um processo mais simplificado de regulamentação, já que não envolve a implantação de genes de uma espécie em outras, como é o caso da transgenia.

“Cada país segue sua própria legislação com certas peculiaridades. Diferentemente da União Europeia, por exemplo, o Brasil tomou uma posição mais aberta em relação à edição genômica”, diz José Hernandes, pesquisador do GCCRC e um dos autores do artigo. Segundo ele, o maior desafio da regulamentação está nas chamadas mutações off-target, em que alterações não previstas podem ser realizadas em um genoma a partir da edição genômica. Entretanto tais mudanças são muito raras em plantas.

A edição gênica é considerada a grande promessa da biotecnologia de plantas, sobretudo para países em desenvolvimento, como é o Brasil. Consiste em, literalmente, editar a sequência de DNA, ou seja, inserir, deletar ou substituir nucleotídeos (as letras que compõem a sequência do material genético) para expressar a característica desejável, como a resistência à seca. A técnica foi divulgada em 2012 e rendeu o Prêmio Nobel de Química de 2020 às pesquisadoras Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna.

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Conforme o divulgado pela Embrapa, o desenvolvimento de um aplanta editada ainda depende da descoberta de uma estrutura de genes sobre a qual a técnica possa ser aplicada. Ainda assim, a tendência é de ampliação do acesso à tecnologia. Já existem produtos editados disponíveis comercialmente em alguns países ou em processo avançado de aprovação, entre variedades de milho, soja, camélia e citrus, que apresentam desde melhora nos nutrientes até resistência a doenças.

“A edição de genomas poderá contribuir para o aumento de laboratórios capazes de desenvolver e comercializar novas variedades. Por simular mudanças genéticas que também aparecem espontaneamente por meio de processos naturais, alguns países já consideram alguns casos como sendo plantas livres de transgenia”, complementa Viviane Heinzen, coautora da publicação.

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Source: Rural

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