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Uma pesquisa da Embrapa Meio Ambiente concluiu que o uso de inoculantes para fixação biológica de nitrogênio (FBN) em cana-de-açúcar reduz em até 16% a severidade das doenças foliares na cultura. O setor é o quarto mais importante na pauta de exportações brasileiras, com participação de 9,9% e uma receita de US$ 9,9 bilhões em 2020, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

De acordo com os pesquisadores, o resultado obtidos com o estudo podem beneficiar o manejo integrado de pragas emergentes e abre novos mercados para o uso de inoculantes no Brasil, prática que melhora a sustentabilidade. Os inoculantes já são usados com sucesso nas  lavouras de soja, abrangendo área superior a 33 milhões de hectares e rendendo uma economia anual de cerca de US$ 8 bilhões.Mas foi a primeira vez em que se comprovou sua eficiência também na cana-de-açúcar, informa a Embrapa, em comunicado.

Lavoura de cana-de-açúcar (Foto: REUTERS/Marcelo Texeira)

 

A Embrapa explica que a Fixação Biológica do Nitrogênio é um processo natural, que ocorre a partir da associaçaõ entre plantas e microrganismos. O nitrogênio, nutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento das plantas, é capturado no ar e fixado por bactérias, muitas delas, encontradas naturalmente no solo. Essas bactérias são específicas para cada espécie de planta. 

O inoculante é utilizado como um insumo biológico, promovendo a aplicaçaõ de bactérias dizotróficas capazes de suprir total ou parcialmente as necessidade da planta de cana-de-açúcar em relação ao nitrogênio. Katia Nechet, pesquisadora da unidade sediada em Jaguariúna (SP), disse, de acordo com o divulgado pela instituição, que a pesquisa avaliou os efeitos de práticas conservacionistas no controle de duas doenças foliares emergentes: a mancha anelar e a podridão vermelha, capazes de diminuir a biomassa seca da cana, o que prejudica a produção. Segundo ela, essas doenças foliares apareceram com mais frequência após a implementação dos sistemas mecanizados.

“O monitoramento da incidência e severidade das doenças pode ajudar a entender como as práticas conservacionistas em cana-de-açúcar podem alterar a importância dos patógenos foliares ao longo do tempo.” 

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Segundo a pesquisadora, a técnica da Fixação Biológica do Nitrogênico também mostrou resultados superiores aos gerados por fertilizantes nitrogenados no controle das doenças foliares. Os inoculantes foram usados no plantio dos toletes de cana e também pulverizados no início do desenvolvimento de cada soca.

Após a primeira e segunda soca (cortes da cana-de-açúcar), a severidade das doenças foliares foi maior quando o fertilizante nitrogenado aplicado foi nitrato de amônio. Na primeira soca, a média da severidade das doenças foi de 63% para nitrato de amônio e 49% para fixação biológica de nitrogênio. Na segunda soca, as severidades médias das doenças foram 72% e 56% para nitrato de amônio e para nitrogênio biológico, respectivamente.

Nechet ressalta que não houve diferenças significativas na severidade das doenças, mesmo quando o plantio da cana-de-açúcar é feito na estação seca ou na estação chuvosa. A profundidade da camada de palha também não impactou a severidade, que é influenciada apenas pela precipitação acumulada no mês.

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O também pesquisador da unidade da Embrapa Bernardo Halfeld disse que a severidade das duas doenças variou significativamente durante a estação de crescimento e alcançou seu ápice na primeira soca. Segundo ele, essas doenças emergentes podem vir a se tornar problemas mais sérios no futuro se forem negligenciadas.

Os pesquisadores conduziram dois experimentos na região de Guaíra-SP, um durante o ciclo da cana-planta (18 meses) e o outro entre a primeira e segunda soca (2 anos). As ocorrências simultâneas da mancha anelar e podridão vermelha, associadas à mancha foliar foram as únicas doenças observadas, independente das práticas conservacionistas usadas nos experimentos.

A mancha anelar é causada pela Leptosphaeria sacchari Breda de Haan e a infecção foliar da podridão vermelha, pela Colletotrichum falcatum Went. A cana tem outras três doenças importantes: ferrugem, mosaico e raquitismo da soqueira.

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e, na safra 2020/21, foi responsável pela produção de 654,5 milhões de toneladas que renderam 41,2 milhões de toneladas de açúcar e 29,7 bilhões de litros de etanol. O Estado de São Paulo lidera a produção no país, com 54,1% da quantidade produzida na safra 2020/21.
Source: Rural

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