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Há onze dias, a região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, assiste ao fogo incontrolável adentrando a floresta, propriedades rurais e, mais recentemente, o próprio Parque Nacional, de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.

O produtor Henrique Fiorese, que tem fazenda em Águas Frias de Goiás – a cerca de 70 quilômetros do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros -, relata que o fogo está se alastrando de forma generelizada, "com focos surgindo toda hora e em todos os lugares". 

"Perdemos a pastagem que estava formada para o gado, quatro cabeças de gado, cercas novas, palhada de milho formada, sem contar o prejuízo do solo para recuperar depois", ele diz em entrevista à Globo Rural. 

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Incêndios na Chapada dos Veadeiros atinge propriedades rurais e avançam até o Parque Nacional (Foto: Acervo pessoal/Ivan Anjo Diniz)

 

Ao G1, o produtor Cleoni Gomes contou que perdeu cerca de R$ 1,5 milhão, ao ter a lavoura de milho atingida pelo incêndio que se espalha na região. Foram devastados 300 hectares da plantação. 

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Ivan Anjo Diniz, guia de turismo e coordenador operacional da Rede Contra Fogo, é um dos brigadistas voluntários que atua na Chapada dos Veadeiros e revela que o sentimento é de frustração, por ter que apagar focos de incêndio no entorno anualmente.

Assista ao vídeo gravado por brigadistas na Serra do Segredo na última terça-feira (21/9).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Condições do Cerrado

Diniz lembra que a presença do fogo é algo que condiz com as condições naturais do Cerrado, mas desde que feita com técnica e na época certa. Nos últimos anos, no entanto, a seca tem ficado muito mais acentuada e "dramática", como ele se refere, inclusive nomeando atual de 30x30x30.

"A gente está convivendo com ventos de mais de 30 nós, umidade relativa do ar inferior a 30% e temperaturas superiores a 30°C, imagina combater incêndio numa situação dramática dessa", descreve.

Suprimir vegetação seca ou limpar pastagens para rebrote geralmente são atividades controladas pelo fogo, mas tem época certa, ou seja, mediante à queda das chuvas, até meados do mês de maio. "É o chamado manejo integrado do fogo, utilizando-o como elemento importante para os ciclos do Cerrado, mas com sabedoria e técnica", adiciona.

Ao se deparar com combate ao fogo anualmente, ele conta que a relação com produtores rurais melhora, à medida que a ação dos brigadistas consegue salvar a área das fazendas. "Aqueles que mais apoiam nosso trabalho são aqueles que tiveram suas terras salvas pelos nossos combates, mas a maioria não apoia", diz. 

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Força-tarefa contra fogo

 

Brigadistas voluntários de várias organizações da sociedade civil, como Rede Contra Fogo, Brigada Voluntária Ambiental de Cavalcante (Brivac), Fundação Grupo Boticário, entre outras, estão reunindo esforços para combater o fogo que já perdura quase duas semanas. 

Brigadistas da Rede Contra Fogo passam a noite tentando apagar as chamas na região da Chapada dos Veadeiros (Foto: Acervo pessoal/Ivan Anjo Diniz)

 

A Brivac, por exemplo, atua ao norte da Chapada dos Veadeiros, usando carros particulares dos brigadistas para chegar aos focos do incêndio, evidenciando a falta de infraestrutura do poder público para interromper o avanço do fogo.

Em setembro, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – que mantém em Cavalcante uma reserva natural desde 2007 – oficializou a doação de recursos para a compra de um veículo apropriado para o deslocamento dos brigadistas e seus equipamentos. 

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Source: Rural

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