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O fogo incontrolável que atinge a região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, já consumiu 23 mil hectares só até a última terça-feira (21), de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Destes, cinco mil hectares estavam no perímetro da unidade de conservação do Parque Nacional das Chapadas dos Veadeiros, explicou Paulo Russo, coordenador geral de gestão socioambiental do ICMBio, em entrevista à Globo Rural.

O número é verificado por imagens de satélite, segundo Russo, que estima que, somente nesta quarta-feira (22), mais cinco mil hectares tenham sido queimados dentro do parque, somando 10 mil hectares de Cerrado em 48 horas.

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Brigadistas da Rede Contra Fogo passam a noite tentando apagar as chamas na região da Chapada dos Veadeiros (Foto: Acervo pessoal/Ivan Anjo Diniz)

 

Apesar da situação preocupante, ele afirma que o ICMBio está com um contingente de quase 100 brigadistas, não só da região, mas vindos de Brasília, da Brigada Nacional Wellington Peres – nome que homenageia um funcionário que morreu combatendo o fogo no Pantanal. Além disso, há o apoio do Corpo de Bombeiros de Goiás, Distrito Federal e os voluntários. “O total é cerca de 200 colaboradores”, resume.

Russo diz que, por se tratar de um ano de La Niña, a diminuição de chuvas no Centro-Oeste já era esperada e por isso, os brigadistas do ICMBio já faziam ações de prevenção aos incêndios, usando exatamente o manejo integrado do fogo.

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“Temos 200 mil hectares de queima prescrita no Brasil, principalmente Cerrado e Pantanal, e o Ibama tem mais de 200 mil hectares, principalmente dentro das terras indígenas. No Parque, se nós olharmos o mapa com a propagação do incêndio, o fogo é interrompido exatamente onde foi feita essa queima prevista e o controle”, conta.

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Brigadas voluntárias

O servidor do ICMBio conta que voltou a tramitar no Congresso o projeto de lei 11276/18 para instituir a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Para ele, a aprovação é extrema importância, à medida que deve viabilizar ferramentas para que autoridades e sociedade civil interajam com o fogo na prática preventiva, considerando também a sabedoria dos povos tradicionais, que já fazem isso há anos.

“Como essas pessoas que na região, com treinamento básico e equipamentos básicos, elas conseguem ajudar num primeiro combate de forma emergencial. Por isso, o projeto de lei é importante, para participação social no ordenamento do fogo”, complementa.

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Independente do andamento do PL, a atuação organizada de grupos de voluntários tem sido fundamental no combate aos incêndios florestais, à medida que têm batido recordes no país e devastado grandes áreas dos principais biomas brasileiros.

São eles que, juntamente com brigadistas do ICMBio e do PrevFogo/Ibama, conseguem chegar mais rápido aos focos, especialmente em locais distantes dos grandes centros, executando rapidamente o primeiro combate. O trabalho exige grande esforço físico, como enfrentar sensações térmicas que ultrapassam 250°C e caminhar dezenas de quilômetros por dia em áreas de difícil acesso.

“Se uma equipe conseguir chegar em até três horas do início do fogo para um combate direto, duas pessoas conseguem apagar o foco inicial. Com uma demora maior, é provável que alguns focos evoluam, se transformando em grandes incêndios, queimando dezenas ou centenas de milhares de hectares de vegetação. O combate rápido é essencial para controlar e evitar a propagação”, explica Aryanne “Ária” Rodrigues, estudante de Geologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e líder da Brigada Voluntária de Colinas do Sul, na Chapada dos Veadeiros.

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Braulio Dias, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), comenta que o combate a incêndios florestais é de elevadíssimo risco e não pode ser feito sem treinamento prévio. “Essa é uma das questões pelas quais não se incentiva as pessoas comuns a fazerem o combate e sim a cuidarem para que não surjam novos focos. Temos que ter maior capacitação e priorizar a prevenção”, ressalta.

Promover seminários sobre manejo  integrado do fogo e a formação de novos de brigadistas é um dos caminhos para maior participação da sociedade civil, comenta André Zecchin, biólogo e coordenador da Reserva Natural Serra do Tombador, localizada em Cavalcante (GO) e mantida pela Fundação Grupo Boticário.

“Se todo mundo trabalhar junto, formando uma rede de apoio e com políticas públicas efetivas, é possível ajudar ainda mais na prevenção e no combate a esses grandes incêndios que impactam grande parte das nossas áreas naturais”, diz.

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Source: Rural

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