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A incidência do greening, considerado a doença mais destrutiva da critricultura, voltou a aumentar no cinturão de produção de São Paulo e Triângulo Mineiro. De acordo com o levantamento anual do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), 22,37% das plantas foram atingidas, o que, segundo os técnicos, reforça o alerta para maior rigor no controle.

Em relação ao ano passado, o aumento foi de 7,2%. Segundo o Fundecitrus, foi o quarto ano seguido de aumento e a maior incidência desde 2004, quando a doença foi identificada no Brasil. Em 2018, estava em 18,15%; em 2019, em 19,02%; e em 2020, em 20,87%. A proporção de árvores doentes equivale a mais de 43 milhões, de um total de 194 milhões.

No comunicado divulgado pela instituição, nesta segunda-feira (20/9), o gerente-geral, Juliano Ayres, reforça a urgência de ações de controle. Ele avalia que a situação está crítica e lembra que o greening não é um risco apenas para pomares de forma isolada, mas para regiões inteiras de produção.

"Considerando que o controle insuficiente em uma fazenda afeta todas as propriedades citrícolas do entorno, a situação exige a conscientização do setor e a adoção de ações rigorosas de manejo interno e externo”, afirma, no comunicado. “A velocidade com que a doença aumenta ou diminui é proporcional à adesão dos citricultores”, acrescenta.

Greening não tem cura e pode trazer perdas singificativas para os pomares, de acordo com o Fundecitrus (Foto: Reprodução/Programa Globo Rural)

 

No comunicado, o Fundecitrus chama a atenção para um aumento de 50% da doença em pomares mais jovens, de até cinco anos. A incidência é de 10,21% Outra informação destacada pela instituição foi o crescimento do greening em grandes propriedades, com pomares de mais de 100 mil plantas, que respondem por maios de 65% da produção na região analisada, que chegou a 15,4% no levantamento deste ano.

Entre as regiões do cinturão citrícola, as maiores proporções de pomares infectados foram registradas em Limeira (61,75%), Brotas (50,4%), Porto Ferreira (37,84%) e Avaré (29,41%). As menores estão em Votuporanga (0,05%) e Triângulo Mineiro (0,14%) e São José do Rio Preto (5,32%). Em Duartina, a incidência ficou estável (26,15%), de acordo com o Fundecitrus, mas ainda considerada alta pelos técnicos.

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A região de Matão foi o destaque positivo, de acordo com a instituição, com redução de 14,47% de incidência, em 2020, para 9,77% no levantamento atual. Na avaliação do Fundecitrus, é resultado de ação coletiva da maioria dos citricultores, com rigor na adoção de medidas de controle nos pomares.

“Nossos estudos mostram o impacto positivo da adoção das ações de controle externo, com potencial de reduzir de 2 a 3 pontos percentuais a incidência de greening em uma região, o que é extremamente significativo”, comenta o pesquisador Renato Bassanezi.

Clima e manejo

O greening é transmitido às plantas por um inseto conhecido como psilídeo. Segundo o Fundecitrus, em 2020, houve um aumento da população do inseto nas regiões produtoras, causado por alguns fatores, afirmam os técnicos, no comunicado.

O primeiro, foi a alta intensidade de brotações em períodos considerados atípicos (abril a junho), quando o controle do psilídeo costuma ser menos frequente.  E a estiagem ocorrida no cinturão citrícola no segundo semestre do ano passado também contribuiu, criando um ambiente propício para a reprodução e dispersão do inseto.

Outro motivo foi a não eliminação de plantas doentes de pomares adultos e um controle menos rigoroso dos insetos nessas plantações. O Fundecitrus explica que essas árvores são fontes de contaminação e erradicá-las impede que o inseto leve a bactéria causadora do greening para plantas sadias.

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No comunicado divulgado pela entidade, o pesquisador Renato Bassanezi destaca que, quando há aumento da população dos psilídeos, a incidência da doença cresce em um período de seis a dez meses depois.

“Falhas no controle do psilídeo dentro das propriedades agravam a situação, o que inclui a adoção de intervalos de aplicação muito longos, cobertura inadequada das plantas devido a equipamentos mal ajustados e falta de rotação de produtos, pontos que não combatem o inseto de forma efetiva e permitem que ele se prolifere nos pomares”, alerta.

 
Source: Rural

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