Skip to main content

Com mais de 99% das lavouras colhidas, a Companhia Nacional de Abastecimento estimou em 46,78 milhões de sacas de 60 quilos na colheita deste ano, uma redução de 25,7% em comparação com a colheita de 2020 (63,07 milhões de sacas), considerando as variedades arábica e conilon. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (21/9). A área em produção de café no Brasil neste ano é estimada em 1,8 milhão de hectares, uma redução de 4,4% em comparação com o número de 2020, de 1,88 milhão de hectares.

Moenos suscetível à bienalidade da produção e mais resistente ao clima, conilon deve ter produção recorde neste ano, de acordo com a Conab (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)

 

Na avaliação dos técnicos, além da bienalidade negativa, que influencia, principalmente a produção de café arábica, a produção de café no Brasil neste ano sofreu efeitos negativos do clima. Primeiro a seca sobre as lavouras e, posteriormente as geadas, que, na avaliação da Conab, teve alguma influência na produção, ainda que considerada menor.Com isso, a estimativa de produtividade média para as lavouras de café deste ano caiu 22,2% em comparação com o ano passado, de 33,5 para 26 sacas por hectares. 

"É um ano bastante desafiador. Seria, por si só, desafiador por conta da pandemia, mas o clima este ano trouxe bastante problema não só para o café, como para a maioria das culturas produzidas no país", resumiu Maurício Lopes, gerente de Avaliação de Safras da Conab, durante a apresentação.

Lopes reconheceu que, quando ocorrerram as geadas, a colheita ainda não tinha sido feita na maior parte das lavouras. No entanto, os frutos já estavam em estágio mais avançado de maturação e, nesta fase, os efeitos do evento climático, apesar de pesarem sobre as plantas, acabam não prejudicando tanto os frutos.

"A maior parte das lavouras, que não havia sido colhida, estava em estados avançados de maturação, e, nesta fase, ao evento de geada e seca, a cultura é pouco responsiva. Apesar de sabermos dos problemas que as geadas causam para as plantas, o fruto que ainda havia sido colhido estava em estado avançado de maturação e o evento prejucidou pouco", explicou.

Leia mais sobre café

A produção de café arábica, que responde por 68% do total no país, foi estimada em 30,73 milhões de sacas de 60 quilos, queda de 36,9% em comparação com o ano passado. Já a produção de café conilon cresceu 12,8% na mesma comparação e atingiu um novo recorde, chegando a 16,14 milhões de sacas de 60 quilos.

"Dois fatores contribuem para isso. O clima nos principais estados produtores foi regular ou bom e os efeitos da bienalidade foram menos pronunciados", destacou Lopes. "É uma especie que é mais resistente do ponto de vista climático em comparação com o café arábica", acrescentou.

saiba mais

Consumo de café solúvel no Brasil sobe 3,7% entre janeiro e agosto

 

Em relação aos estados, Minas Gerais, maior produtor nacional, tem produção estimada em 21,44 milhões de sacas, queda de 38,1% em comparação com o ano passado. No Espírito Santo, onde predomina a produção de café conilon, a colheita deve totalizar 14,12 milhões de sacas, alta de 1,2%

Em São Paulo, a produção de café deve ser 35,1% menor que a do ano passado, com uma colheita estimada em 4 milhões de sacas de 60 quilos. Já a Bahia deve colher 3,46 milhões de sacas, e, em Rondônia, o volume deve ser de 2,16 milhões de sacas.

Entre os estados com produção estimada menor do que um milhão de sacas, o Paraná deve colher 873,4 mil; o Rio de Janeiro, 236 mil; Goiás, 212 mil; Mato Grosso, 194 mil; e Amazonas, 75,2 mil sacas.

Mercado

No relatório, a Companhia Nacional de Abastecimento destaca que, apesar da estimativa de produção menor neste ano, o Brasil elevou as exportações de café. De janeiro a agosto, menciona o documento, foram embarcadas 28,4 milhões de sacas de 60 quilos em equivalente de café verde, um aumento de 8,7% em comparação com o mesmo período no ano passado, com uma receita de US$ 3,8 bilhões.

Os técnicos destacam que essas vendas externas tendem a ficar aquecidas. Primeiro pela valorização do produto no mercado internacional. Segundo a Conab, em agosto, o preço médio na Bolsa de Nova York foi de US$ 1,8250 por libra-peso. Outro fator de estímulo é a taxa de câmbio em patamares elevados.

saiba mais

Cerrado Mineiro aposta na fermentação para realçar sabores do café

Colheita da safra 2021 atinge 96,93% até 10 de setembro, diz Cooxupé

 

De outro lado, informa o documento divulgado pela Companhia, este cenário, aliado à queda na produção, afeta a disponibilidade interna do produto. Uma preocupação reforçada pela preocupação com a colheita de 2022, quando os efeitos das geadas deste ano devem ser mais sentidos.

"O cenário de incerteza quanto à oferta futura deixa muitos produtores retraídos e afastados do mercado, dosando a oferta de seus estoques diante da expectativa de preços mais atrativos no futuro. Além dos problemas climáticos sobre a produção, o patamar elevado das exportações acentua ainda mais a restrição da oferta interna e o aumento dos preços no mercado doméstico", diz o relatório.
Source: Rural

Leave a Reply