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Os ministros da Agricultura do G20 reiteraram o compromisso de garantir a segurança alimentar e nutricional com sustentabilidade para todo o mundo. E afirmaram que a garantia de sistemas alimentares sustentáveis inclui dar viabilidade econômica da agricultura. Ressaltaram também a importância de evitar perdas e desperdício de alimentos; da ciência e inovação; e de um sistema de comércio aberto e transparente. É o que consta no comunicado do encontro realizado entre os dias 17 e 18 de setembro, em Florença, na Itália.

Ministros do G20 Agrícola se reuniram em Florença, na Itália. O Brasil foi representado pela ministra Tereza Cristina (Foto: Governo da Itália)

 

"Reconhecemos que sistemas alimentares sustentáveis ​​e resilientes são fundamentais para a segurança alimentar e nutricional, contribuindo para dietas saudáveis ​​e balanceadas, erradicação da pobreza, gestão sustentável dos recursos naturais, conservação e proteção dos ecossistemas e mitigação e adaptação às mudanças climáticas", diz o comunicado.

No documento, os ministros destacaram que, nas últimas décadas, a agricultura global e os sistemas alimentares viabilizaram uma aumento de produção com o qual foi possível atender à demanda de uma população em crescimento. Apesar disso, o mundo ainda está longe de zerar a fome até 2030, um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Diante da situação, os ministros se comprometeram a trabalhar em conjunto pelo cumprimento das metas globais. Reconheceram que não existe solução única e afirmaram que os caminhos rumo a sistemas alimentares sustentáveis implicam identificar estruturas institucionais, colaborativas e financeiras adequadas, levando-se em conta também diferenças culturais e de sistemas de produção entre os países.

"A transição contínua para sistemas alimentares sustentáveis ​​é um processo que requer contribuições de todas as partes interessadas e um diálogo contínuo e inclusivo. Continuaremos trabalhando por cadeias produtivas agrícolas sustentáveis ​​e responsáveis", diz o comunicado.

Economia e renda

No documento, os ministros destacam ainda que o crescimento sustentável da agricultura está ligado também à sua viabilidade econômica e estabilidade de renda dos trabalhadores rurais, suas famílias e comunidades. A solução, de acordo com o G20 Agrícola, requer acesso mais fácil à educação, recursos financeiros, tecnologia e mercados, além de investimentos em áreas e infraestruturas rurais.

Os ministros reafirmam "a importância de promover investimentos responsáveis ​​em agricultura e sistemas alimentares, especialmente para agricultores familiares, startups e pequenas e médias empresas engajadas em tecnologias inovadoras que possam dar suporte à transição para sistemas alimentares sustentáveis ​​e resilientes".

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Na avaliação dos ministros, é preciso promover um ambiente político que promova empregos equitativos, para que os trabalhadores rurais possam ter rendimentos adequados. Segundo eles, a sustentabilidade social dos sistemas alimentares inclui atenção às pessoas que trabalham no campo, incluindo os migrantes sazonais.

Na visão do grupo, observar questões econômicas e sociais faz parte do que chamam de "abordagem holística" da relação entre a agricultura e o clima, a biodiversidade e o uso dos recursos naturais. Para os ministros, esses aspectos precisam ser considerados em conjunto com o atual cenário de degradação ambiental, com políticas inclusivas para jovens, mulheres, populações indígenas e comunidades locais.

Desperdício, sanidade e ciência

No comunicado, os ministros reconhecem ainda a urgência de combater o desperdício de alimentos no nível do varejo e do consumidor e evitar as perdas ao longo das cadeias de produção e abastecimento. Na avaliação G20 Agrícola, a ação deve ser coletiva.

Em relação à sanidade, o grupo destaca que a pandemia de Covid-19, outras doenças infecciosas e zoonoses e a resistência antimicrobiana (RAM) evidenciam a relação próxima entre a saúde humana, vegetal e animal. E defende o que classifica como abordagem multissetorial da questão para prevenir e reduzir ameaças biológicas e riscos para a agricultura e a segurança alimentar.

"Renovamos nosso compromisso de garantir a segurança alimentar nos sistemas alimentares. Acolhemos com satisfação o trabalho contínuo das Organizações Internacionais no fortalecimento das capacidades dos países para combater a RAM", diz o comunicado.

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O G20 Agrícola disse ainda estar comprometido com a promoção da pesquisa e da inovação para que os sistemas agrícolas e alimentares possam mitigar os efeitos e se adaptarem às mudanças climáticas e reverter a perda de biodiversidade. Destacou ainda a importância da conservação dos recursos genéticos, tanto na forma in-situ (em seu local de origem) quando na forma ex-situ (em local diferente do original).

"Reconhecemos que a pesquisa é fortalecida por meio de princípios compartilhados de abertura, transparência, reciprocidade e excelência. Trabalharemos para aprimorar a colaboração em pesquisa e melhorar a interface entre ciência e política", diz o documento.

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No comunicado, os ministros disseram também estar comprometidos com capacitação, treinamento e extensão para pequenos produtores e agricultores familiares abordarem os principais aspectos da sustentabilidade dos sistemas alimentares. Destacaram ainda a importância do que chamaram de transformação digital na agricultura, com proteção de dados e de propriedade intelectual e o investimento em pesquisa.

"Promoveremos práticas agrícolas e tecnologias que sejam produtivas e sustentáveis, baseadas em evidências científicas e baseadas em dados, informadas pelo contexto e circunstâncias locais, conservaremos os recursos naturais, a saúde do solo e a água, permitiremos o manejo sustentável da terra, interromper e reverter perda de biodiversidade e contribuir para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas", diz o documento.

Preços e Comério

Os ministros do G20 Agrícola destacaram ainda que situações como a atual, em meio à pandemia de covid-19 pode trazer escassez de alimentos e volatilidade de preços. A resposta para esses problemas deve ser coordenada e efetiva, diz o comunicado, ressaltando o comércio internacional de alimentos como importante para a segurança alimentar global.

Segundo os ministros, o sistema de comércio deve ser aberto, transparente e condizente com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Nós nos protegeremos contra quaisquer medidas restritivas injustificadas que possam levar à extrema volatilidade dos preços dos alimentos nos mercados internacionais e ameaçar a segurança alimentar e nutricional", diz o comunicado do G20 Agrícola.

O encontro do G20 Agrícola serviu para discutir as contribuições do grupo das 20 maiores economias do mundo para a próxima Cúpula dos Sistemas Alimentares, no dia 23 de setembro, em Nova York (EUA), e para a a Conferência do Clima (COP26), em novembro, na Escócia.
Source: Rural

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