Skip to main content

Cerca de 90% dos produtores de tilápia no Brasil fazem a vacinação dos peixes, segundo a  Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), mas o trabalho ainda é manual, com os indivíduos imunizados um a um. O crescimento do cultivo e comercialização da tilápia no País, no entanto, tem acelerado tecnologias para facilitar a vida do tilapicultor.

No mercado, a alta na criação foi de 12,5% em 2020, representando 60,6% de participação na produção nacional de pescados e totalizando 486.155 toneladas produzidas, também segundo a Peixe BR.

Máquina de vacinação de tilápias pode aquecer o setor, que já aumentou a produção em 12,5% em 2020 (Foto: Divulgação/MSD)

 

É a espécie mais importante para a piscicultura brasileira, segundo Francisco Medeiros, presidente executivo da entidade. E a chegada de uma nova máquina de vacinação automática pretende aquecer ainda mais este mercado.

saiba mais

Mais quatro países suspendem compras de carne do Brasil após caso de vaca louca

 

“A tilapicultura cresce dois dígitos ao ano. Nenhuma outra proteína animal cresce assim. E devemos nos manter assim nos próximos dez anos, inclusive com a chegada de máquinas que proporcionam rapidez e redução de custo, já que você diminui o gasto com possíveis doenças no futuro”, ele observa.

Assista o vídeo

O perfil dos peixes a serem vacinados na máquina é o mesmo do procedimento manual. As tilápias são capturadas jovens, entre 60 e 90 dias após o nascimento, com peso que varia 25g e 45g. Quem explica isso é Rodrigo Zanolo, diretor da unidade de Aquicultura da MSD Saúde Animal, empresa que deve lançar a nova máquina no mercado ainda no segundo semestre.

Os peixes são sedados para adormecer e colocados em uma plataforma de inox, ele descreve. Na forma manual, eles seriam vacinados com uma agulha que deve inserir uma gota dentro da cavidade abdominal. “Com a máquina, o funcionário só precisa colocar o peixe de cabeça para frente na esteira e esta aplicação é feita com mais agilidade e maior conforto ao animal”, conta Zanolo.

Esta não é a primeira máquina para vacinar peixes, mas Francisco Medeiros, da Peixe BR, pondera que o que já está no mercado foi pensado inicialmente para o salmão e adaptado à tilapicultura.

“É a primeira máquina para isso a nível mundial”, reforça Rodrigo Zanolo, diretor da MSD. Enquanto a capacidade manual era de 1.300 peixes vacinados por hora, com a máquina este número pode subir para cerca de 5 mil.

Potencial do setor

O investimento em vacinação na tilapicultura é reflexo de um setor que tem ficado cada vez mais atraente. Não por acaso, o peixe é a proteína que mais se consome no mundo, segundo Medeiros. “No Brasil, há as melhores condições de produção e com custo-benefício favorável. Você consegue transformar uma pequena quantidade de ração em agregação de valor. É praticamente um quilo de ração que vai se tornar um quilo de peixe”, ele afirma.

A grande disponibilidade de água doce e o clima são características favoráveis ao Brasil, que já é o quarto maior produtor de tilápias do mundo, com uma produção anual de cerca de 490 mil toneladas de tilápia, de acordo com a Peixe BR.

Segundo Renato Morandi, gerente executivo da Geneseas, empresa especializada em pescados, hoje já é possível ver a tilápia inserida em restaurantes de todo o País e “isso chamou a atenção dos investidores”. “Clima e potencial de recursos hídricos são muito favoráveis para Brasil ser o 2º maior produtor na próxima década”, completa confiante.

A Geneseas prevê investir cerca de R$ 100 milhões até 2024 e saltar dos R$ 400 milhões de faturamento previstos em 2021 – 30% a mais que em 2020 – para R$ 1 bilhão em 2025, com ampliação da capacidade de engorda e processamento de peixes e o crescimento de sua fábrica de ração. Morandi conta que 60% das vendas de tilápia da empresa são para a JBS. “Grandes frigoríficos entrando no mercado da tilápia facilitam o acesso para o consumidor final”, adiciona.

saiba mais

Após caso grave em Goiás, saiba os riscos de doença causada por toxina no peixe

 

Ele esclarece que, diferente da pesca industrial, a aquacultura segue um rigor, como a análise de água feita quatro vezes ao dia, a densidade desta água, a conferência da quantidade de plâncton e se está prejudicando ou não o ambiente. “Eu não consigo ver outra saída para nutrir o mundo do que alternativas que você consegue cultivar e com fontes renováveis”, comenta.

Danielle Damasceno, gerente técnica de Aquacultura da Zoetis, afirma que esta é uma proteína que entrou na rotina de muitas famílias, inclusive pela diversidade de pratos e cortes. “Com esse aumento de preço da carne bovina, se tornou uma opção”, comenta.

A empresa tem em seu portfólio uma máquina de vacinação, nos moldes provenientes da técnica pensado para o salmão, e também começou a fornecer vacinas à tilapicultura brasileira em maio de 2020.

Leia mais sobre proteína animal no site da Globo Rural

Danielle explica que a automação permite maior controle, vacinação precisa, e classificação, contagem, medição dos peixes, inclusive informando a variação por centímetro de cada lote que está indo para a engorda. “Quando você pensa numa produção destinada ao filé, quanto mais padronizado no tanque mais padronizado vai estar lá na frente para o cliente”, ela observa.

Já em relação à vacina em si, ela é categórica: “Se os peixes são acometidos pela doença (Streptococcus), isso pode causar mortalidade acima de 30% e acabar com todo o lucro daquele lote, então este cuidado prévio é uma prática comum do produtor brasileiro”.

saiba mais

Estudo pretende mapear população de botos na Amazônia

 
Source: Rural

Leave a Reply