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Bastante conhecido pelo seu uso na culinária, o açafrão pode também servir de matéria-prima para curativo. Pesquisadores desenvolveram um “curativo nanotecnológico” de múltipla função, feito à base de curcumina, substância retirada da planta.

O trabalho foi feito pelo pesquisador Paulo Augusto Marques Chagas para a obtenção do título de doutor através do Programa de Biotecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A orientação foi do pesquisador da Embrapa Instrumentação (SP) Daniel Souza Corrêa, no âmbito da Rede Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (Rede AgroNano).

Desenvolvido a partir de polímeros e com o uso da curcumina, curativo pode ter forte ação antibacteriana (Foto: Paulo Augusto Marques Chagas/UFSCar)

 

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, o produto é multifuncional, de ação lenta. Em ensaios de laboratório, evitou a penetração de bactérias na pele por um período de dez dias. Além de demonstrar forte ação antibacteriana, por exemplo, contra o Staphylococos aureus, associado a infecções de pele.

“O curativo pode ser disponibilizado como mantas de nanofibras, em diversos formatos, apropriado à aplicação em ferimentos cutâneos. Ao mesmo tempo em que protege as lesões de ações externas, como exposição à luz solar e contaminação, o curativo também diminui a infecção por bactérias”, diz o comunicado da Embrapa Instrumentação.

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Segundo os pesquisadores, o curativo ajuda a driblar limitações da curcumina. A Embrapa ressalta que a substância tem diversas propriedades medicinais. Além de bactericida, pode atuar como antioxidante e anti-inflamatório. No entanto, é de difícil aplicação, por sua baixa solubilidade e fácil degradação quando exposta à luz.

“O resultado abre caminho para ampliar a aplicação de curativos multifuncionais de liberação lenta de compostos bioativos para tratamento de ferimentos como úlceras e queimaduras”, informa a Embrapa.

O curativo foi desenvolvido a partir da criação de mantas de fibras utilizando diferentes tipos de polímeros, unindo conhecimentos em nanotecnologia, materiais e biotecnologia. A partir do conhecimento e controle sobre essas matérias-primas, chegou-se ao resultado final.

A fibra possui duas membranas com funções distintas. Na camada inferior, explicam os pesquisadores, está a curcumina, o princípio-ativo. A superior, além de fazer a proteção da substância, tem a finalidade de evitar a degradação causada pela luminosidade e evitar a penetração de bactérias na área de aplicação.

Na culinária e na medicina. Açafrão-da-terra serve de matéria-prima para novo curativo desenvolvido por pesquisadores  (Foto: Paulo Augusto Marques Chagas/UFSCar)

 

A eficiência antibacteriana do curativo foi testada em peles de suínos. Os pesquisadores recorreram também a experimentos in vitro para avaliar a liberação da curcumina. A próxima etapa do trabalho, por meio de parcerias científicas, avançar nos estudos para comprovar a ação do medicamento in vivo.

No comunicado divulgado pela Embrapa, o pesquisador Daniel Correa destaca que, mesmo com os grandes avanços da ciência nos últimos anos, o desenvolvimento de curativos multifuncionais ainda apresenta desafios. E, segundo ele, produtores que usam elementos naturais devem funcionar não apenas como uma barreira física.

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“Também têm a função de prevenir a infecção da ferida, manter um ambiente úmido adequado, permitir a troca gasosa e o transporte de nutrientes, minimizar a dor sofrida pelo paciente, bem como estimular o processo de cicatrização”, detalha.

Segundo a Embrapa, o pedido de patente da nova tecnologia já foi depositado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). De acordo com a Embrapa, o próximo passo é a procura de parceiros interessado em desenvolver testes em maior escala, com a intenção de colocar o novo curativo no mercado.
Source: Rural

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