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Olhar para trás e enxergar, como se fosse um leitor diante de um livro de contos, toda a sua trajetória, não é uma tarefa simples. Tampouco sobra tempo para essa prática no dia-a-dia, mas aconteceu com pelo menos duas das campeãs do Prêmio Mulheres do Agro 2020. As paranaenses Simoni Tessaro Niehues e Clarissa Weber Volski, hoje, lembram sorrindo a emoção de terem contado suas histórias de lutas no agronegócio e, com elas, vencido a principal premiação do setor voltada exclusivamente para o público feminino. “Todas nós, mulheres agropecuaristas, temos uma trajetória muito bonita no agronegócio e ela deve ser contada com muito orgulho”, diz Simoni.

Simoni Nihues: "Todas nós, mulheres agropecuaristas, temos uma trajetória muito bonita no agronegócio e ela deve ser contada com muito orgulho" (Foto: Divulgação/Bayer)

 

Simoni e Clarisse foram vencedoras no ano passado nas categorias média e pequena propriedade, depois de muita persistência. Ambas se inscreveram pela primeira vez em 2019, mas por imaginarem, naquela época, que pequenos detalhes de suas trajetórias não contariam pontos, não ganharam. “No ano seguinte, eu coloquei os mínimos detalhes: tudo o que eu lembrava da nossa história, as mudanças feitas na propriedade, os aprendizados e os erros. Tudo”, lembra Simoni, que mora em uma pequena cidade do interior do Paraná, chamada Serranópolis do Iguaçu. “Eu até cheguei a pensar que uma agricultora, moradora de uma cidade pequena, nem ia ter chances”.

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Essa incerteza também bateu em Clarisse, de Pitanga, município próximo a Guarapuava, também no Paraná. “Na hora [de preencher o formulário do prêmio], você pensa que as pequenas memórias pouco importam, mas elas foram fundamentais, assim como os dados técnicos, para que eu conseguisse contar a minha história e fosse vencedora no ano seguinte”, conta. “É como dizem aqui no interior: quando a galinha bota ovo, ela tem que cacarejar”, ri. “Nós temos que mostrar o nosso trabalho”.

Incentivo à participação feminina

Simoni e Clarisse conversaram com a reportagem de Globo Rural nesta semana, para contar como foram incentivadas a participar do prêmio e incentivar que mais mulheres participem da iniciativa. “A gente vive dias de valorização do trabalho feminino no agronegócio. Provamos que somos ótimas gestoras no campo e muito mais”, diz Clarisse, que também é pedagoga. “Obter este reconhecimento do prêmio me fez ver que eu estou na direção certa e trouxe um gás a mais para que eu continue inovando em minha propriedade”, completa Simoni.

Clarisse Liana Weber: "A gente vive dias de valorização do trabalho feminino no agronegócio. Provamos que somos ótimas gestoras no campo e muito mais" (Foto: Divulgação/Bayer)

As inscrições para o Prêmio Mulheres do Agro 2020 terminam no próximo dia 20 de agosto. A premiação será durante o 6º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (neste ano, mais uma vez, o evento será virtual), entre os dias 25 e 27 de outubro.

O prêmio foi idealizado, em pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e pela multinacional Bayer, para valorizar a importância do trabalho realizado pelas produtoras rurais, incentivando a gestão feminina no segmento. Neste ano, tem como tema “Gestão Inovadora” e reconhece empreendedoras rurais de pequenas, médias e grandes propriedades que seguem boas práticas agropecuárias e gestão sustentável com foco nos pilares econômico, social e ambiental.

Como dica para as candidatas interessadas em participar, as duas vencedoras do ano passado afirmam: “não tenham pressa em finalizar o formulário”. Simoni conta que iniciou a sua inscrição logo no primeiro dia, mas só terminou de preencher o formulário no último dia do prazo. “Eu ia lembrando dos acontecimentos da vida toda, entrava no sistema, atualizava, salvava e nos outros dias, a mesma coisa”, lembra. “O formulário é simples de preencher até para uma pessoa que não tem tanta intimidade com as tecnologias”, diz Clarisse.

Lugar e voz às mulheres

As mulheres estão cada vez mais tomando frente dos empreendimentos rurais no Brasil. O 6º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio traz como tema o “Digital e a Agregação de Valor – a Nova Liderança do Agro”. As discussões programadas para os três dias de evento vão evidenciar o processo de digitalização como um fator fundamental para a inovação em toda a cadeia produtiva. Segundo a organização, o evento também vai evidenciar a agregação, visando criar novos paradigmas e percepções de valor para os mercados e a sociedade.

“Para a Abag é uma honra fazer parte do Prêmio Mulheres do Agro, que se encontra em sua 4ª edição”, declara Gislaine Balbinot, gerente de comunicação da entidade. “São tantas histórias de mulheres incríveis que nos inspiram e nos motivam a continuar”. Para ela, a grande vocação do prêmio é, justamente, revelar histórias de luta, superação e de muito trabalho, como as de Simoni e Clarisse. “Em breve teremos mais nove ganhadoras nas categorias pequena, média e grande propriedade e com certeza lindas histórias virão junto com essa premiação”.

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Daniela Barros, diretora de Comunicação Corporativa da Bayer para a divisão Crop Science Brasil, destaca a diversidade. “O prêmio contribui para que a atuação feminina na liderança do setor seja percebida com mais força, como exemplo do trabalho que realizam na gestão de suas propriedades”, diz. “Na Bayer, acreditamos na diversidade. Temos uma missão coletiva de promover uma agricultura inclusa e diversa. Por isso, estimulamos mulheres a ocuparem mais espaços neste mercado e a serem presentes e vocais”.

Segundo a executiva, a importância do Prêmio Mulheres do Agro está em reconhecer e amplificar o trabalho liderado pelas produtoras rurais. “Há quatro anos, histórias de impacto e força, com foco em sustentabilidade e inovação, tomaram conta do meio rural e deram voz ao papel feminino no agro”, afirma. Daniela ainda lembra que mais de 550 produtoras já contaram suas histórias por meio da iniciativa. “É gratificante fazer parte deste movimento, absolutamente conectado com nossas próprias metas de engajamento feminino na liderança. Que mais histórias possam inspirar uma cadeia de valores que faz do agronegócio brasileiro uma referência em boas práticas e sustentabilidade”.
Source: Rural

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