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Engenheiro civil, Gabriel Braga entrou no ramo do café por acaso, depois de amigos agrônomos e o próprio pai, Carlos Braga, incentivá-lo a investir na cultura ao longo de 35 hectares no município de Medeiros Neto, na Bahia. Ali começava o Café Dom Carlito, mas Gabriel mal sabia que os grãos seriam carregados de história para contar.

Foi em 2018 que o cafezal de conilon começou a ganhar forma, após Gabriel estudar muito a cultura e pesquisar como fazer desta variedade uma bebida superior. De lá para cá, pai e filho vinham se dedicando à lavoura, até chegar a pandemia de Covid-19.

O pai, Carlos, que concedeu os hectares, engajou o filho à cafeicultura e viu as primeiras colheitas em 2020, não pôde beber o café depois de pronto. A colheita terminou em agosto e em setembro ele faleceu por conta do coronavírus, depois de ficar 20 dias internado.e

Gabriel Braga, produtor do Café Dom Carlito, homenageou o pai após falecimento em decorrência da Covid-19 (Foto: Acervo pessoal)

 

“Eu estava há algum tempo sem ir à fazenda. No dia em que fui, foi o dia que ele partiu. Foi a florada mais bonita que eu já vi na vida, e às oito da noite ele morreu”, conta Gabriel emocionado. Carlos não soube, mas o café agradou o paladar de muita gente e foi eleito vencedor do Concurso Regional Conilon, em 2020, na categoria microlote.

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De acordo com o cafeicultor, mesmo com a perda do pai, ele decidiu continuar se dedicando ao negócio e, em outubro, participou da premiação para saber se estava no caminho certo.

“Antes de iniciar no café, eu tinha impressão de que bom era o arábico e esse preconceito foi acabando. a gente vê cafés especiais 100% conilon que são tão bons quanto arábica. isso mostra que a indústria pode ter cafés bons com preços muito mais acessível”, afirma.

O Café Dom Carlito é resultado de apenas 4% de toda a área, aproximadamente, e o restante ainda é direcionado como commodity. Mas Gabriel quer mudar este cenário, tanto em expansão do cafezal, como agregação de valor no conilon. “Sendo possível, quero profissionalizar mais os microlotes e ampliar a qualidade. A ideia é colocar equipamentos para selecionar melhor os grãos, é o projeto para 2022”, projeta o produtor.

Eu tenho só uma embalagem guardada, que vou guardar enquanto eu estiver vivo

Gabriel Braga, produtor do café Dom Carlito

Com a ajuda da irmã na administração das redes sociais e cinco funcionários, além dos safristas, outro plano é vender o café no e-commerce a fim de “divulgar o conilon de qualidade”, segundo ele. Para isso, o produto precisa ganhar escala e participar novamente do concurso é certeza.

O Concurso Regional Conilon está na 5ª edição e é uma iniciativa que busca reconhecer e incentivar os produtores do conilon de 21 municípios do Extremo Sul baiano. Qualquer produtor maior de 18 anos pode se inscrever até o dia 13 de agosto, desde que sua produção atenda às especificações do regulamento.

“Esse microlote foi separado da commodity, está passando por um processo de fermentação controlada em cada lote, depois disso vai beneficiar. Uma parte vai para o concurso e a outra vou já vai para a torra e moagem e se transformar no Dom Carlito”, conta Gabriel ao dizer que ano passada nenhuma embalagem foi comercializada.

“Todo o café do ano passado, eu fiz questão de doar para amigos do pai, familiares, pessoas próximas a ela. Eu tenho só uma embalagem guardada, que vou guardar enquanto eu estiver vivo”, conta.

O café Dom Carlito, plantado em Medeiros Neto (BA), foi eleito vencedor do Concurso Regional Conilon, em 2020, na categoria microlote (Foto: Acervo pessoal)

 
Source: Rural

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