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Cada vez mais, o mercado de créditos de carbono tem despertado a atenção do agronegócio. E, diante da busca crescente no setor em compensar as emissões de gases de efeito estufa, novas plataformas têm oferecido alternativas aos produtores rurais.

Uma delas é a MOSS, que atua na compra e venda de crédito de carbono e faz a conexão entre quem quer compensar as emissões de atividades produtivas e projetos de preservação na Amazônia.

Fazenda Ituxi, no sul do Amazonas, é uma que já aderiu ao mercado de carbono (Foto: Divulgação)

 

Fernanda Castilho, general manager da MOSS, explica que a negociação dos créditos tem efeito direto na manutenção de áreas de manejo sustentável na Amazônia e, consequentemente, na preservação da floresta.

Segundo ela, a geração de créditos é um processo complexo e exige que a propriedade tenha uma série de procedimentos, como manejo florestal sustentável, georreferenciamento e grandes áreas de florestas, em geral propriedades acima de 10 mil hectares.

“Para a produção de créditos, é preciso que um projeto seja elaborado por uma consultoria, auditorias sejam realizadas, para, então, as certificações internacionais serem obtidas. Os projetos certificados, que oferecem os créditos em nossa plataforma, se enquadram nos padrões mais aceitos e confiáveis no mercado de carbono”, diz Fernanda.

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O projeto Fazenda Ituxi é um dos exemplos de como ocorre essa geração de créditos. Criada em 2013 em uma área de aproximadamente 50 mil hectares de floresta de manejo sustentável, a iniciativa tem uma área de conservação de cerca de 150 mil hectares no município de Lábrea, no sul do Amazonas.

Em 2020, a MOSS usou a tecnologia blockchain para criar o MCO2, o primeiro token lastreado em crédito de carbono. A novidade passou a permitir que o certificado digital possa ser transacionado na rede blockchain por empresas comprometidas com o meio ambiente, e, também, por pessoas físicas, uma novidade nesse segmento.

A general manager explica que o MCO2 Token é um ativo digital que representa um crédito de carbono, que por sua vez, representa uma tonelada de carbono capturado ou não emitido. “Usamos blockchain para criar uma versão digital de um ativo real, o carbono. Essa tecnologia permite rastrear qual projeto gerou o crédito e desde quando está compensando. Isso dá segurança para quem compra, pois permite acompanhar como o valor investido ajuda a financiar os projetos de preservação”, explica.

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O proprietário, Ricardo Stoppe, conta que vendeu todo o acumulado dos créditos gerados em sua propriedade em 2020 e conseguiu aumentar as áreas emissoras de créditos de carbono, agora na cidade de Apuí (AM). Em uma área recém comprada, que corria o risco de virar pastagem, Stoppe está criando projetos de conservação e carbono.

“São pecuaristas que se convenceram do potencial do crédito para ter renda. Todos que estão no projeto assumem o compromisso de usar o carbono para a proteção da floresta”, diz ele.

Atualmente, a Fazenda Ituxi emprega, diretamente, 30 moradores da região e em período de safra esse número passa de 150 para execução de atividades de manejo sustentável da floresta. Além disso, a área gera cerca de 1 mil empregos indiretos em comunidades ribeirinhas na região de Vista Alegre do Abunã, Extrema, Nova Califórnia e vizinhança, em atividades de extrativismo sustentável como produção  de castanha, de óleo de copaíba e óleo de babaçu.

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Tecnologia e certificação

A MOSS destaca que o pequeno produtor é um dos seus focos. “Hoje, ele tem a possibilidade de acessar a plataforma e fazer a compra. Antes de 2020, uma grande  empresa que quisesse adquirir os créditos precisava acionar um corretor, para que ele verificasse o preço praticado pelo projeto certificado”, explica Fernanda.

O valor médio do crédito de carbono está em US$ 10. Esse preço é determinado de forma independente pelo mercado em função da oferta e da demanda por esse produto, na relação de compra e venda entre os próprios clientes.

“A MOSS  usa informações de plataformas como a CoinGecko, que é uma das mais antigas a disponibilizar dados do mercado de criptomoedas, e segue o preço médio praticado. A entrada do varejo, e nesse caso dos pequenos produtores, é muito positiva para o mercado, pois faz aumentar o volume de transações e, desta forma, fomenta o mercado de carbono, seus players e contribui com o meio ambiente”.

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Eduardo Bastos, diretor de sustentabilidade da Bayer, afirma que o principal desafio atual do agronegócio é medir o quanto o setor é capaz de capturar em créditos de carbono. "No agro, não é tão fácil contabilizar essa conversão. É difícil mensurar quanto cada hectare de plantio direto deixa de emitir em toneladas. Justamente por isso, as empresas estão buscando essa conta", explica.

A tendência é de que governos e empresas passem a olhar cada vez mais para o agro, na medida em que outros setores emissores, como energia e transporte, apresentem déficit de carbono, explica Bastos. “Existe uma lógica: planta faz fotossíntese e fotossíntese captura carbono. A questão é como se mede essa captura dentro do agro e provar esse custo baixo."

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Source: Rural

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