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Com cerca de oito mil quilômetros quadrados de vegetação nativa na zona costeira do Pará, Maranhão e Amapá, os manguezais da Amazônia representam a maior faixa contínua desse ecossistema em todo o mundo.

É o que conta Ádria Carvalho, doutora em biodiversidade aquática e pesquisadora socioambiental do Projeto Mangues da Amazônia. Segundo ela, a perda dos manguezais tem sido enorme, principalmente devido à concessão de portos, à extração de madeira e construções de estradas, entre outros motivos.

Dados Atlas dos Manguezais, feito pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em 2018, apontam que 40% deles foram extinguidos no século 20, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste.

Manguezais da Amazônia representam a maior faixa contínua desse ecossistema em todo o mundo (Foto: Rafael Araújo Curuçá/Instituto Peabirus)

 

A boa notícia, segundo Ádria, é que 80% do ecossistema está na Amazônia, bioma que engloba muitas áreas de proteção, inclusive no meio aquático. São 1.211.444 hectares, ou 87% de todo o mangue do território nacional, inseridos em 120 unidades de conservação, ainda com base no Atlas dos Manguezais.

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Discussões como a Década da Restauração dos Ecossistemas, lançada pela ONU, além da necessidade de frear o aquecimento global e diminuir as emissões de gases de efeito estufa chamam a atenção para a preservação dos manguezais.

Eles têm papel fundamental na retenção de carbono no solo

Ádria Carvalho, doutora em biodiversidade aquática

“Eles têm papel fundamental na retenção de carbono no solo, além de contribuírem para a reprodução de peixes e diminuírem o impacto das marés nas zonas costeiras”, observa a pesquisadora ao citar que outra função é reduzir a vulnerabilidade da zona costeira à ocorrência de tempestades e eventos extremos e a inundações.

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“Quando é considerado o estoque total de carbono no sistema, incluindo a biomassa subterrânea e estoque no solo, o estoque de carbono em manguezais tropicais por unidade de área é significativamente maior que o observado em quaisquer florestas terrestres, incluindo as florestas tropicais úmidas, como a Amazônia”, aponta trecho do Atlas dos Manguezais.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), quase todas as florestas de mangue do mundo estão entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, cujas regiões concentram mais da metade dos recursos hídricos renováveis do planeta.

Isso significa que a agricultura também se beneficia dos manguezais por constituir  “eficazes sistemas de filtragem que evitam o influxo de água salina que torna o solo inadequado para a agricultura”, aponta o PNUMA em nota.

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Mulheres que participam do Projeto Mangues da Amazônia (Foto: San Marcelo)

 

Realizado pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), o Projeto Mangues da Amazônia prevê a recuperação de 12 hectares já impactados, beneficiando diretamente em torno de 1,6 mil pessoas, entre os 6 mil comunitários mobilizados em três reservas extrativistas dos municípios de Augusto Corrêa, Bragança e Tracuateua, no Pará.

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Para isso, ela diz que o plano é realizar, dentro de dois anos, o plantio de 60 mil mudas das três espécies de árvores de mangue dominantes na região, com construção de viveiro e monitoramento. E ressalta a importância da participação comunitária, pescadores, caranguejeiros, marisqueiras e famílias que utilizam os recursos dos manguezais para o sustento.

“A gente fala em cooperação e educação, de crianças a adultos. São famílias que utilizam os recursos naturais e dali tiram o sustento, então além de conservação da biodiversidade, estamos querendo garantir a renda e a segurança alimentar com desenvolvimento sustentável”, comenta Ádria.

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Source: Rural

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