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Cerca de 700 mil quilômetros de estradas vicinais do Brasil precisam de manutenção e 85 mil de ampliação para escoar a produção agropecuária, levar os insumos às fazendas e garantir à população rural mobilidade e acesso a serviços básicos, como educação, saúde e consumo. As vicinais, também chamadas de agrovilas ou estradas municipais, representam 68,1% do total da malha viária brasileira, atingindo média de 83,3% na Região Norte e de 77,1% no Centro-Oeste.

Estudo feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil mostra ainda que 85 mil quilômetros de vicinais precisam de manutenção (Foto: André Schaun)

 

Esses dados fazem parte do estudo Estradas Vicinais x Escoamento da Produção Agropecuária do Brasil, feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentado com exclusividade, nesta sexta-feira (23/7), por Elisângela Lopes, assessora técnica de logística e infraestrutura da CNA, na terceira live da 9ª edição do Caminhos da Safra da Globo Rural (íntegra abaixo).

Elisângela lembrou que 60% da produção agropecuária brasileira escoa por rodovias, sendo 80% quando se considera a produção de grãos. “Os produtores são muito competitivos dentro da porteira, mas os problemas de logística e armazenamento fora da porteira impõem grandes desafios.”

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Segundo a assessora, as vicinais sem manutenção formam atoleiros, levantam muito pó – o que derruba a visibilidade dos veículos e pode causar acidentes – e são recheadas de buracos, que atrasam as viagens. Ela ressaltou que a manutenção não significa necessariamente asfaltar a via, mas deixá-la em boas condições de tráfego.

“A manutenção das vicinais raramente é lembrada nos investimentos públicos, o que provoca impactos econômicos no escoamento da produção, no abastecimento das zonas rurais e no recebimento de insumos. Essa falta de cuidado das vias também gera impactos sociais, como a dificuldade de acessos aos serviços essenciais, além de impactos ambientais no controle da erosão e na diminuição do assoreamento de córregos e rios.”

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Por meio do cruzamento de dados da extensão das rodovias e das vicinais com os níveis de precipitação e produção agropecuária das microrregiões, o levantamento da CNA também identificou as áreas que têm maior vulnerabilidade de transporte. Santarém, no Pará, lidera o ranking nas microrregiões com alta produção, seguida por quatro cidades do Mato Grosso, o maior produtor de grãos do país.

Fernanda Rezende, gerente executiva de gestão e projetos da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), participou da live e disse que a falta de manutenção afeta também as rodovias estaduais e federais. A entidade faz uma pesquisa desde 1995 sobre a condição das principais rodovias do país, mapeando 1,72 milhão de quilômetros. “Desse total, só 12,5% são pavimentadas e o pavimento de mais da metade, 59%, está em estado regular, péssimo ou ruim.”

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As especialistas concordam que as condições ruins das rodovias brasileiras aumentam o custo operacional do transporte e, por consequência, o custo final para o consumidor, reduzindo também a competitividade dos produtos. Segundo a gerente da CNT, em média, as empresas de transporte têm um custo operacional acrescido de 28% quando circulam em estradas com más condições.

“Se o pavimento fosse ótimo, geraria uma economia anual de R$ 931,8 milhões só em óleo diesel e os veículos deixariam de emitir 2,46 milhões de toneladas de CO2 equivalente, cuja compensação exigiria o plantio de 15 milhões de árvores que levariam 20 anos para equilibrar a emissão causada pelo diesel”, disse. Não há levantamento desses dados em estradas não pavimentadas, como a maioria das vicinais.

Nas rodovias principais, segundo Fernanda, a solução é passar a gestão para a iniciativa privada. “As outras rodovias, como as vicinais, que têm circulação menor e não são atrativas para exploração das empresas, ficam reféns dos investimentos públicos, que estão cada vez menores.”

Assista à íntegra da live do Caminhos da Safra

Source: Rural

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