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Árvores e plantas em florestas afetadas pelo fenômeno climático El Niño e pelas queimadas induzidas pelo ser humano continuam morrendo a uma taxa acima do normal por até três anos, liberando mais carbono na atmosfera. Foi o que aconteceu na Amazônia, segundo o artigo ‘Rastreando os impactos da seca pelo El Niño e do fogo nas florestas amazônicas modificadas antropicamente’, publicado pela PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences dos Estados Unidos da América), nesta semana.

Conduzido por uma equipe internacional de cientistas no âmbito da Rede Amazônia Sustentável (RAS) e projetos parceiros, o estudo foi realizado antes, durante e depois da seca do El Niño de 2015/2016. A partir dos dados coletados, foi possível ver que 495 milhões de toneladas de carbono foram emitidas à atmosfera. 

Erika Berenguer, autora do artigo, medindo árvores na floresta amazônica que queimaram durante El Niño de 2015 (Foto: Marizilda Cruppe/Rede Amazônia Sustentável)

 

A pesquisa também indica que a seca extrema causou a morte de 447 milhões de árvores grandes – com mais de 10 cm de diâmetro na altura do peito (próximo da copa das árvores) – e cerca de 2,5 bilhões de árvores menores na região do Baixo Tapajós.

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“A combinação de seca e fogo foi significativamente maior nas florestas modificadas por ações humanas. As emissões de carbono dessas florestas queimadas por incêndios florestais foram quase seis vezes maiores do que as florestas afetadas apenas pela seca”, afirma o professor Jos Barlow, da Universidade de Lancaster.

Em condições normais, por causa dos altos níveis de umidade, a floresta amazônica não queima. No entanto, a seca extrema torna a floresta temporariamente inflamável. É o que também tem sido visto no Pantanal, que, apesar de ter características de paisagem seca, tem passado por uma estiagem ainda mais severa e por irregularidade nas chuvas.

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A pesquisadora Erika Berenguer, da Universidade de Lancaster e Universidade de Oxford (Reino Unido), e principal autora do estudo, afirma que o trabalho tem implicações significativas frente aos esforços globais para controlar o balanço de carbono atmosférico.

“Nossos resultados destacam os efeitos enormemente prejudiciais e de longa duração que os incêndios associados a eventos climáticos podem causar nas florestas amazônicas, um ecossistema que não co-evoluiu com a pressão do fogo e da degradação”, explica.

Três anos depois da seca e com as queimadas na região, apenas cerca de um terço (37%) das emissões de carbono foram reabsorvidas pelo crescimento das plantas na floresta. Além disso, as emissões totais apenas no entorno do Baixo Tapajós foram maiores do que o desmatamento de um ano inteiro em toda a Amazônia. A área representa 1,2% da porção brasileira do bioma.

“É possível elaborar mapas de riscos de incêndios com base nas condições meteorológicas e em vários dados por sensoriamento remoto, como densidade de pessoas, número de áreas agrícolas, tamanho de áreas desmatadas e outros”, afirma a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa, também autora do artigo. 

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Source: Rural

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