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Os produtores e exportadores brasileiros de manga e limão trocaram os adjuvantes da cera de carnaúba usada para prolongar a vida das frutas e voltaram a enviar suas cargas para o Porto de Algeciras, na Espanha, sem restrições. A informação foi dada à Globo Rural por Jorge Luis de Souza, gerente de projetos da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas).

Manga é a fruta mais exportada pelo Brasil. No primeiro semestre deste ano, foram mais de 79 mil toneladas (Foto: Pexels/Creative Commons)

 

A entidade estava em silêncio desde a segunda quinzena de junho, quando as autoridades de Algeciras, principal porto do Mediterrâneo, impediram a entrada de centenas de contêineres de frutas do Brasil e de outros países, como Costa Rica, Chile, Colômbia e Vietnã, alegando uso de aditivos não autorizados na cera de recobrimento. Parte das cargas foi desviada para outros portos como Roterdã, na Holanda, e parte foi incinerada por ter perdido a qualidade enquanto se discutia uma solução.

“Fomos pegos de surpresa. Foram dias de muita confusão no porto. Foi uma interpretação estranha das autoridades sanitárias espanholas com base no regulamento da União Europeia, que não foi seguida por nenhum outro país. Nem os importadores sabiam o que estava acontecendo. Questionamos os motivos, mas não obtivemos nenhuma resposta. Então, substituímos a cera, que é um produto barato – R$ 10 bastam para recobrir uma tonelada de frutas – e acabou o problema”, disse Souza. Segundo ele, a entidade só recebeu comunicado oficial dos espanhóis sobre o veto aos aditivos na última segunda-feira.

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Souza disse que não foi feita nenhuma análise laboratorial das frutas na Espanha para justificar a proibição. Foram os próprios exportadores que passaram a informar na ficha técnica das frutas a composição da cera, atendendo a uma diretiva do porto do final de 2020. No caso das mangas, os aditivos não autorizados eram álcool etoxilado e formaldeído.

As ceras de recobrimento são usadas para regular a troca de água e gases (oxigênio e dióxido de carbono) da fruta. Isso permite diminuir a perda de peso durante o armazenamento e, em alguns casos, evitar distúrbios fisiológicos pós-colheita, como danos por frio ou rachadura da casca, além de fornecer brilho para melhorar a aparência externa.

“Já temos várias opções de ceras sem os aditivos que criaram problemas na Espanha e estamos reavaliando esse assunto cera”, disse Paulo Dantas, proprietário da Agrodan, a maior produtora e exportadora de manga do país, que teve 92 toneladas de frutas barradas no porto em 18 de junho. Ele diz que só usa a cera de carnaúba nas frutas que são exportadas. “A cera é aplicada para prolongar a vida útil da fruta para longas distâncias, o que não é o caso do mercado interno.”

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O gerente da Abrafrutas diz que nenhum dos associados informou o tamanho do prejuízo com a proibição e o desvio de cargas e a entidade também não tem dados sobre o volume de frutas brasileiras que desembarca em Algeciras a cada ano.

Ele ressaltou, no entanto, que o bloqueio em junho não impactou as exportações brasileiras de frutas no primeiro semestre, que fecharam com aumento de 29% em volume comparados ao mesmo período de 2020. Foram embarcadas mais de 515 mil toneladas de frutas de janeiro a junho de 2021, o que permitiu um faturamento de U$ 440,1 milhões, 40% a mais que no ano passado. A fruta mais exportada continua sendo a manga, com mais de 79 mil toneladas e faturamento de US$ 79 milhões.
Source: Rural

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