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Se o mercado de carbono é uma tendência global, o Brasil se prepara para liderar o movimento que pode revolucionar a economia mundial. No entanto, ainda não há uma regulamentação que organize este mercado.

A avaliação é de Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que se mostra ansioso pelos debates da COP26, em setembro.

Será em Glasgow, na Escócia, que a Conferência do Clima deve finalmente discutir a descarbonização do mundo, mencionada no Artigo 6 do Acordo de Paris. Entre outras atribuições, o foco é de que os países cooperem para reduzir emissões de gases de efeito estufa de maneira coletiva, por meio de dois instrumentos de mercado, regulado e voluntário.

“A maioria dos países quer fechar um acordo, poucos são os bloqueadores", comentou Brito, durante entrevista à imprensa nesta quarta-feira (21/7).

Área de eucalipto em integração com pecuária é um dos exemplos de atividade para neutralizar as emissões de metano do gado (Foto: Ilustração: Guilherme Henrique)

 

Ele observa que alguns países já têm os respectivos mercados consolidados, mas de forma individual, não havendo um consenso mundial a respeito. No Brasil, ele cita como exemplo os CBios – créditos de descarbonização para substituir energias fósseis por renováveis -, que operam tanto na forma regulada, quanto voluntária, mas ainda não têm a proporção de uma legislação ou abrangência para outros setores da agropecuária.

Questionado sobre qual a certeza de que os créditos emitidos estão sendo, de fato, reinvestidos em iniciativas de carbono zero, Brito admite que este é um dos aspectos que precisa passar por regulamentação, a fim de proporcionar mais transparência.

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“Pelo que conheço do mercado, geralmente esse dinheiro está sendo investido em pesquisa e desenvolvimento, melhorias de produção local. Então, não acredito no regresso da descarbonização, de voltar para o combustível fóssil, por exemplo”, afirma.

Se há evolução nos créditos de descarbonização, muito se deve à iniciativa privada, segundo Brito. Ao se referir ao fato de que apenas 2% do Plano Safra é destinado ao Programa ABC, ele comenta que “o governo é um direcionador de tendências, mas não necessariamente o financiador” do mercado.

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“O programa representa somente 25% do financiamento desse quase R$ 1 trilhão para uma safra inteira. Os outros 75% vêm via setor privado. Não estão nesses 2%, por exemplo, o mercado de papel e celulose, milhares de hectares de lavouras de soja não estão computados aí dentro. Empresas de carbono positivo têm importância na mitigação e não dependem do financiamento público”, explica.

Esta e outras discussões sobre o mercado de carbono são o tema central da 20ª edição do Congresso Nacional do Agronegócio, realizado pela Abag e B3. O evento será online no dia 2 de agosto e as inscrições podem ser feitas on-line.
Source: Rural

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