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A recuperação dos 12 milhões de hectares de pastagens degradadas declaradas pelos produtores brasileiros no último Censo Agropecuário permitira ao Brasil elevar o seu rebanho bovino em 17,7 milhões de cabeças de gado – volume equivalente a 1,5 vez o rebanho do Uruguai. Foi o que concluíram pesquisadores brasileiros em estudo publicado na terça-feira (7/7) na revista científica Royal Society Open Science.

Tourada sindi em pastagem na Fazenda Bom Jesus, em Veríssimo (MG) (Foto: Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores usaram um modelo matemático. Aplicaram a produtividade média de rebanhos lotados em pastagens consideradas em boas condições e simularam os resultados que seriam obtidos caso os mesmos números fossem registrados nas áreas já degradadas.

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Num segundo cenário, o estudo avaliou os resultados caso parte das pastagens degradadas fossem destinadas para cobrir o déficit de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), cumprindo o que determina o Código Florestal. Nesse caso, seria possível adicionar uma capacidade suporte de 9 milhões de cabeças (ou 4,9% do rebanho bovino atual ou 70% do rebanho urugauio) e ainda garantir 12,7 milhões de hectares para restauração.

"A gente consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo apenas usando essas técnicas de alocação de pastagens apra cumpriemnto do Código Florestal e para a produção", observa Rafael Barbieri, Economista Sênior do WRI Brasil e co-autor do estudo junto com José Gustavo Feres, coordenador-geral de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura do IPEA. 

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Segundo os pesquisadores, seria mais do que suficiente para cobrir as metas brasileiras de restauração assumidas no Acordo de Paris. "Isso mostra que os produtores e o setor teriam um grande salto de produção e de comprometimento ambiental a partir de ações conhecidas, portanto factíveis no curto prazo, sem necessidade de aportes muito maiores de recursos financeiros", afirma o artigo.

Na avaliação de Barbieri, a projeção apontada é conservadora diante da real condição das pastagens brasileiras, com mais de 42 milhões de hectares com algum grau de degradação indeitificados em levantamento feito via satélite pela Universidade Federal de Goiás. "Se fosse uma projeção linear, poderíamos aumentar em 20% o rebanho brasileiro, o que seria uma resultado muito mais expressivo", destaca o pesquisador.

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O estudo tambéma avaliou a aplicação do crédito rural em pastagens entre janeiro de 2013 e abril deste ano, quando US$ 5,96 bilhões foram oferecidos em financiamento para o setor. Desse montante, contudo, pouco mais de 31% foram provenientes do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), onde esses recursos são obrigatoriamente destinados à recuperação de áreas já abertas.

"Se a gente quisessse otimizar esse ganho de produção seria redirecionando recursos para o Plano ABC e ter programas específicos para as regiões de alta concentração de pastagens degradas, especialmente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Bahia e Minas Gerais", observa Barbieri ao destacar também a desigualdade na distribuição do crédito no país. 

"A recuperação e restauração de pastagens degradadas é uma estratégia ganha-ganha que pode impulsionar a pecuária e evitar o desmatamento no Brasil, e tem que ser a prioridade estratégica do setor de agronegócio.", completam os pesquisadores.

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Source: Rural

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