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Após a atingir a máxima de R$ 321,90 no final de junho, o preço do boi gordo deve manter a trajetória ascendente observada nos últimos seis meses. Sustentado pelas exportações brasileiras de carne para China num cenário de escassez de animais prontos para abate, o mercado entra em sua “entressafra” nos próximos meses – quando, sazonalmente, ocorre diminuição da oferta de animais terminados a pasto e alta nas cotações – com motivos de sobra para subir ainda mais, porém com um mercado interno fraco para reações exageradas.

Aumento nos custos de produção desestimula confinamento em ano de seca e menor oferta de animais terminados a pasto (Foto: Editora Globo)

 

“Ao menos no curto prazo, os preços devem se manter em patamares bastante acentuados para a pecuária de corte e não só no boi gordo que vai para abate. O mercado de reposição também está no teto histórico, com negócios de bezerro a R$ 3,5 mil no Mato Grosso do Sul, boi magro em patamares recordes, todas as categorias estão bastante inflacionadas”, observa o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias. 

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Segundo ele, os animais “padrão China” (até 30 meses de idade) já são negociados por valores de até R$ 325 a arroba em São Paulo. “Já trabalhamos nesse patamar faz uns dez dias. Mas para o curto prazo, efetivamente, não tem tanto espaço para alta mais agressivas no curto prazo. Podemos ver alguma alta pontual em função da entrada dos salários na economia, o que motiva a reposição no atacado e no varejo, mas de qualquer maneira a gente vê um ponto de acomodação para a arroba neste início de semestre”, avalia.

Ele ressalta que o mercado interno encontra-se sem condições para absorver novas altas. “A gente já vê um processo de migração ampla para a carne de frango. Está acontecendo de forma rotineira e isso acontece porque o consumidor brasileiro simplesmente não consegue manter seu padrão de consumo com os preços da carne bovina que a gente tem hoje, combinado à situação econômica. Então se a carne bovina apresentar altas mais agressivas, vai acontecer uma ampliação desse movimento”, aponta Iglesias.

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Na avaliação do analista da Agrifatto Consultoria, Yago Travagini Ferreira, o cenário indica que o Brasil terá uma nova queda no volume de abates em 2021, “provavelmente o menor dos últimos 12 anos”. “Como a gente tem um ciclo de retenção de fêmeas, um confinamento desestimulado e essa questão da seca mais forte, isso tudo já trazia uma perspectiva de que a gente teria uma oferta mais restrita, mas este frio e essa seca mais intensos trazem essa perspectiva um pouco mais cedo”, afirma Ferreira.

Com isso, a análise feita pela consultoria é de que os preços da arroba bovina voltem a apresentar valorizações mais expressivas a partir de agosto e setembro. A oferta de animais terminados se tornará crítica e o avanço da vacinação poderá trazer alguma recuperação da atividade econômica no país.

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“A gente já vê o número de mortes do Brasil diminuindo e consequentemente já se cogita a possibilidade de reabertura econômica total no final do ano e isso poderia melhorar a demanda interna e consequentemente trazer melhores preços para a carne bovina no mercado interno, que é o que está travando o boi gordo”, aponta o analista.
Source: Rural

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