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A falta de chuvas na região do Pantanal pode resultar em queimadas piores que as vistas em 2020 no bioma. O alerta é de José Marengo, climatologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em entrevista à Globo Rural. Ele explica que a seca dos últimos anos no Pantanal é causada por um fenômeno chamado de bloqueio meteorológico.

José Marengo, climatologista do Cemaden, na sala de monitoramento de desastres (Foto: Leo Ramos Chaves/Revista Pesquisa Fapesp)

De acordo com o climatologista, tem chovido “entre 50% a 60% menos que o normal” para o bioma e isso acontece devido ao surgimento de uma área de alta pressão que impediu a formação de chuvas no Centro-Oeste da América do Sul. Com isso, a temperatura ficou alta e a umidade relativa baixa. “Estamos experimentando uma situação desfavorável, mas para que essa seca aumente o risco de fogo e ele se propague, aí há uma ação humana”, diz ele.

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Sem chuvas regulares e equilibradas, principalmente entre novembro e fevereiro, Marengo observa que já era possível prever a seca intensa e, com isso, medidas preventivas poderiam estar em curso. “2020 é uma amostra do que poderemos ver nos próximos meses”, alerta.

Monitorar a situação da seca e os focos de fogo anualmente são estratégias mais eficazes do que confiar apenas na previsão do clima com três meses de antecedência, pois há muita incerteza, segundo o climatologista. É também este monitoramento que possibilita o planejamento prévio.

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“É possível e preciso ver a situação antes. Preparar o Corpo de Bombeiros antes, porque você pode até colocar pessoas de boa vontade como voluntários [para apagar o fogo], mas elas não têm expertise”, diz.

Marengo também menciona que as queimadas no bioma ainda não começaram, mas é possível ter noção da gravidade futura com base nos anúncios de deficiência hídrica que começam a preocupar o País.

Com isso, ele chama a atenção para outras inseguranças, além da hídrica, como a alimentar, energética e de biodiversidade. “Com o clima mudando, a soja vai sofrer os impactos”, comenta, ao dizer que o problema também passa a ser logístico.

“O nível do Rio Paraguai tem caído muito, de onde sai muita produção de soja e minério. Se você não tem água para hidrovias e as rodovias têm alto custo, todo mundo paga as consequências”, conclui.

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De acordo com ele, é um fenômeno que está gradativamente acontecendo por conta das mudanças climáticas e o “combustível fóssil tem intensificado estas mudanças”. “Esse gerenciamento tem que ser responsabilidade das agências como ANA e Sabesp, mas também a população deve se responsabilidade e poupar água. À beira de uma crise e você não vê as pessoas poupando”, conclui.

Source: Rural

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