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Mesmo se todos os R$ 4,2 bilhões da linha de crédito do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) do Plano Safra anunciado nesta terça-feira (22/6) forem captados, o Brasil só terá a capacidade de armazenar 61% de sua produção de grãos.

A estimativa é da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócios. “Embora seja um aumento expressivo, o valor ainda é insuficiente para resolver o problema do déficit de armazenagem no país. Com o uso de todos os recursos, a capacidade estática subiria das atuais 176,4 milhões de toneladas para 181,4 milhões em 2022, diante de uma produção de grãos estimada de 294,6 milhões de toneladas”, disse Carlos Cogo.

Silos usados para armazenar grãos (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

O valor anunciado no plano, que entra em vigor em 1º de julho, representa um aumento de 84% em relação ao do ciclo 2020/21, quando foram ofertados R$ 2,23 bilhões. Para financiamentos de armazéns com até 6 mil toneladas nas fazendas, a taxa de juros subiu de 5% para 5,5%. Aos demais, aumentou de 6% para 7%. A carência é de três anos e o prazo máximo, que era de 13 anos, diminui para 12 anos.

Pelos cálculos do Ministério da Agricultura (Mapa), os R$ 4,2 bilhões são suficientes para aumentar em até 5 milhões de toneladas a capacidade instalada no país, com a implantação de 500 novas unidades de armazenagem.

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A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT), maior produtor de grãos do país, elogiou o esforço do governo em aumentar o volume de recursos, mas disse que os R$ 4,2 bilhões não são suficientes nem para resolver a questão do déficit de armazenagem no Estado.

“Embora seja um aumento expressivo, a Aprosoja-MT ainda enxerga como um volume pequeno, tendo em vista o déficit atual de capacidade estática no Brasil e especialmente em Mato Grosso", disse Wellington Andrade, diretor-executivo da entidade.

Segundo ele, o Estado, que é o maior produtor de grãos do país, tem um déficit de armazenagem estática para milho e soja em torno de 38 milhões de toneladas. No país, o déficit atual, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 122 milhões de toneladas.

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Neste mês, a Aprosoja MT lançou a campanha Armazém para Todos para incentivar pequenos e médios agricultores a investirem em estruturas de armazenagem em suas propriedades. A associação diz que vai buscar alternativas de linhas de crédito em bancos privados para financiar a construção de silos e desburocratizar o acesso ao crédito.

"Nós precisamos de grandes volumes de crédito para construção de armazéns no Brasil para mitigar o atual déficit, que é muito grande, mas precisamos também de juros acessíveis e principalmente de desburocratização do acesso ao crédito, especialmente com relação às garantias", ressaltou Andrade.

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Fernando Cadore, presidente da Aprosoja MT, diz que a armazenagem é uma questão de segurança alimentar porque o agricultor ganha por ter onde guardar a sua produção, sem ter que vender de forma tão antecipada, e a sociedade tem alimento disponível sem oscilações de preços nas prateleiras dos mercados.

Uma das críticas de Cadore é que o Moderfrota, programa para aquisição de máquinas e implementos agrícolas, que prevê agora R$ 7,53 bilhões, tinha um volume de recursos muito maior que a linha PCA.

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Já a Aprosoja Brasil, que reivindicava um volume de R$ 3 bilhões para armazenagem a taxas de 5%, aplaudiu o valor do PCA.

“Os recursos permitirão que o produtor rural tenha um acesso mais tranquilo a este tipo de investimento e não tenha tanta restrição para poder fazer seu armazém na propriedade. Temos que agradecer, pois sabemos a necessidade que o governo vem passando neste momento de crise por causa da pandemia”, afirmou o presidente da entidade nacional, Antonio Galvan, que esteve na cerimônia de lançamento do plano, em Brasília.

Para Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o volume de recursos também foi satisfatório. “Veio até mais do que o setor esperava.” A prioridade nos investimentos para a construção de armazéns estava entre as reivindicações da entidade ao Mapa.

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Source: Rural

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