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Um produto biológico que tem em sua composição um vírus que infecta e causa a morte da principal praga de muitas culturas agrícolas – a Spodoptera frugiperda ou lagarta-do-cartucho – e não apresenta riscos para a saúde humana ou para o meio ambiente está sendo lançado pela Embrapa e pela empresa suíça Andermatt Biocontrol, grupo presente em mais de 60 países.

Lagarta-do-cartucho (Foto: Reprodução/Embrapa)

 

O produto biológico é à base de baculovirus, um tipo de vírus específico que causa a morte somente de insetos e não causa danos em microrganismos, plantas, mamíferos e vertebrados. De acordo com as empresas, a eficácia do produto na mortalidade das lagartas chega a 100%, se corretamente utilizado e posicionado conforme experimentos conduzidos.

Este será o primeiro lançamento global de um produto biológico com tecnologia Embrapa desenvolvido em parceria com uma empresa privada, com origem na Suíça, e com uma rede de atuação em diversos países. No Brasil, a Andermatt Biocontrol tem sede em Curitiba (PR).

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O produto foi registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle da lagarta-do-cartucho, principal praga do milho, capaz de reduzir a produção dessa cultura em mais de 50%, e pode ser usado em diversos cultivos, tais como soja, sorgo, algodão, arroz, pastagens e hortaliças.

O pesquisador Fernando Hercos Valicente é o desenvolvedor e responsável pela tecnologia na Embrapa Milho e Sorgo. Segundo ele, a grande vantagem é que o produto não afeta o meio ambiente e não intoxica aplicadores, entre outras vantagens.

"Não mata os inimigos naturais das pragas (insetos benéficos), não polui rios e nascentes e não deixa resíduos nos alimentos a serem vendidos nos supermercados, contribuindo para uma melhor sustentabilidade e melhor qualidade do produto a ser disponibilizado para os consumidores”, destaca.

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Dicas para eficácia

Os biodefensivos à base de baculovírus têm melhor ação quando as lagartas são pequenas, desde recém-nascidas até no máximo quanto atingem, em média, um centímetro de comprimento (para a lagarta-do-cartucho).

“O posicionamento no campo é essencial para causar a mortalidade desejada e é dependente da região e do início de ataque da lagarta-do-cartucho”, pondera.

Valicente destaca que o produto deve ser ingerido pelos insetos para fazer efeito, por via oral, causando a mortalidade. “Dessa forma, a pulverização deve respeitar esse fator de ingestão por parte do inseto e a operação precisa ser bem feita. Os baculovírus não possuem ação de contato. Podem ser feitas aplicações a UBV (Ultrabaixo Volume) desde que com os equipamentos adequados. Serão iniciados testes para a pulverização com drones em soja e algodão”, adianta.

O produto deve ser aplicado, quando possível, após às 16h por causa da incidência dos raios ultravioletas (UV), que são os principais agentes que desativam as partículas virais no campo. “Essa aplicação deve ser adequada com a necessidade e tamanho da cultura e de acordo com a logística da propriedade.

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Outro motivo é que a lagarta-do-cartucho possui hábito noturno, iniciando sua alimentação no início da noite. Se a pulverização for feita no início da tarde não haverá desativação das partículas virais (não há radiação UV) e haverá o consumo do baculovírus que foi pulverizado sobre as folhas, pela raspagem das folhas pelas lagartas”, explica o pesquisador.

Custo

Resultado de uma parceria firmada em 2015 entre a Embrapa e o Grupo Andermatt, as empresas indicam que o custo do produto por hectare é inferior a 50% do valor da saca de soja.

A engenheira agrônoma Viviane Dutra, responsável pela gerência da Andermatt Brasil, adianta que o custo de uma aplicação do produto por hectare seria de aproximadamente 0,75 saca de milho (considerando o preço da saca do cereal no último dia 10 de junho a R$ 96,57, o produtor de milho gastaria R$ 72,42 por hectare) e de 0,45 saca de soja (com preço de R$ 167,62; dados do mesmo dia – dessa forma, o sojicultor gastaria R$ 75,42 por hectare para aplicar o produto).

A gerente explica que o processo de produção ocorre em sua totalidade na Andermatt Canadá, uma das unidades da empresa especializadas na produção e formulação de baculovírus. “Nosso processo de produção e de multiplicação do vírus é muito criterioso. A equipe tem grande expertise com esse tipo de microrganismo, o que nos proporciona alta qualidade”, destaca.

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Sobre a formulação do biológico, a gerente diz que a empresa entregará ao mercado um produto com alta solubilidade, que não forma sedimentos e é de fácil mistura.

“Em todos os testes realizados, obteve-se performance igual ou superior aos produtos já utilizados para o controle da praga. Acreditamos que teremos uma excelente aceitação por parte dos agricultores, uma vez que o produto tem alta eficácia e o produtor brasileiro já está habituado ao uso de produtos biológicos”, aposta Viviane.

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Markus Ritter, CEO da Andermatt Biocontrol Brasil, afirma que a expectativa da empresa é que a comercialização já atenda a demanda dos produtores para os primeiros plantios da safra de milho.

“Nosso objetivo é levar soluções aos diversos perfis de produtores, independente do tamanho de sua propriedade ou da escolha no manejo da sua lavoura. Portanto, estamos prontos para atender todos os públicos, desde pequenos agricultores familiares até os grandes grupos empresariais”, adianta.

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Source: Rural

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