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O consumo de vinho rosé aumentou 35% no Brasil em 2020, de acordo com a Ideal Consulting, empresa de inteligência de mercado. O isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 foi um dos fatores decisivos, por disseminar o costume de beber em casa entre as pessoas.

E, na indústria, a avaliação é de que essa tendência veio para ficar. A Cooperativa Garibaldi, por exemplo, projeta crescimento contínuo, em especial no consumo de vinho leves e com menor teor alcoólico – categoria que tem tudo a ver com brancos e rosés.

Vinho rosé sendo servido na taça (Foto: Wine/Reprodução)

 

“Foi um crescimento já desenhado, porque os rosés vinham de uma performance ótima. Com o crescimento da imagem do vinho nacional como um todo diante da pandemia, isso ficou ainda mais evidente, uma vez que o estilo rosé tem uma ligação muito forte com tropicalidade e descontração”, afirma Maiquel Vignatti, gerente de marketing e turismo da Cooperativa Vinícola Garibaldi.

Dá para afirmar que o vinho foi a bebida escolhida pelo brasileiro para atravessar a pandemia

Maiquel Vignatti, gerente de marketing e turismo da Cooperativa Vinícola Garibaldi

Para Vignatti, a associação entre família, gastronomia e o conforto de casa fez a imagem e o consumo do vinho aumentar significativamente. "Dá para afirmar que o vinho foi a bebida escolhida pelo brasileiro para atravessar a pandemia. Outra justificativa também é a conveniência de beber em casa, porque ao sair para um restaurante, por exemplo, o consumidor dificilmente bebia, pelo fato de ter que dirigir depois”, avalia.

Ele observa que, hoje, o vinho rosé representa 60% das vendas da categoria de vinhos da linha “Relax” produzidos pela Coopertiva Garibaldi. “Os rosés chamam atenção do consumidor pela embalagem e cor, seguidas da facilidade no consumo da bebida. Geralmente, são leves e fáceis de beber. É um vinho disruptivo e tropical”, analisa.

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O sommelier José Vinícius Chupil conta que é notório o crescimento da procura pelos vinhos rosés no último ano. "Inclusive, coloquei na carta do restaurante alguns vinhos rosés e a demanda está em alta", revela.

Chupil diz que essa é uma tendência não somente no Brasil. "Houve uma mudança no comportamento do consumidor em caráter mundial. Lá fora, o rosé vem desfrutando de um maior consumo, principalmente na Europa. Aqui no Brasil, tem tudo a ver com o clima, que é extremamente favorável."

Ele destaca também a versatilidade do rosé. "O ideal é que ele seja consumido mais fresco, em uma temperatura entre 6ºC e 10ºC. Os mesmos pratos que harmonizam com vinho branco também funcionam com o rosé, só que você ganha um pouquinho mais de fruta e floral. Combina com comidas orientais, como as japonesas ou indianas, e também algumas carnes magras como o peito de frango", ressalta.

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Produção e qualidade

O enófilo Elídio Lopes trabalha há mais de 40 anos no mercado de vinhos e afirma que os melhores rosés do mundo são feitos no sul da França, em Provence. “Essa é a melhor região onde nascem uvas de casca rosadas ou, então, são misturadas com vinhos tintos para pegar a cor. Dentro da uva, todas são brancas, a casca é que faz a cor. Então, se espreme a casca de uvas rosadas e faz-se o vinho rosé natural", explica.

Segundo o especialista, os grandes produtores europeus buscam acrescentar o mínimo possível de aditivos no vinho e, entre os mais renomados vinhedos, a maioria é 100% natural. “No Brasil, coloca-se o máximo ou até mais que o possível para o vinho sobreviver e poder vender mais. Isso chama-se chaptalização: colocam açúcar de beterraba, cana-de-açúcar, melaço, e vale ressaltar que é legal, dentro da lei. É o processo de adição de açúcar para ajudar a fermentar os vinhos. Mesmo na Europa, é legalizado, mas em quantidades menores".

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Em contrapartida, na França é proibido adicionar tinturas. “Se você pega os vinhos do Brasil, Chile,  Argentina e, em alguns casos, até de Portugal, existe um ‘jeitinho’ de deixar o vinho rosado através de tecnologias. O que não deveria existir, porque o vinho é um produto natural que deve se expressar somente da uva, e o homem interferir o mínimo possível", destaca.

Lopes também destaca a chegada do inverno, que é a melhor estação para o vinho, pois faz a terra descansar e marca a poda da planta onde o galho fica seco. "Por isso, os países que têm os melhores vinhos do mundo são onde tem neve, geada e um inverno rigoroso. Isso beneficia o descanso e a nutrição da terra e também a demarcação das plantas", ressalta.

Outro ponto positivo do frio é a economia com refrigeração. “Tem muita coisa que a própria natureza economiza na produção de um bom vinho", observa.

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Source: Rural

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