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A tecnologia chegou para revolucionar a mecanização agrícola e os protocolos tradicionais na pecuária. As máquinas substituíram os homens e, agora, a digitalização integra-se às máquinas.

Algumas áreas do agronegócio, porém, demandam o olhar clínico de um profissional, especialista, treinado anos a fio para desempenhar funções específicas, e a lista de atividades é imensa, com algumas profissões até desconhecidas. São trabalhadores com conhecimentos técnicos tão apurados que tecnologia nenhuma poderá substituir.

Sexador experiente consegue separar por sexo até 10 mil aves por dia (Foto: Getty Images)

 

Algumas dessas funções exigem formação de nível superior e especialização, mas, para exercer boa parte delas, é preciso ter curso técnico e muito treinamento. Entre as profissões estão degustadores profissionais, encantadores de cavalos, ferrageadores, coletores e inseminadores de material genético em bovinos e até sexadores de pintinhos.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esses profissionais podem ter salários que vão de R$ 1 mil até R$ 20 mil por mês. Para alguns, é o emprego dos sonhos, mas ser degustador exige estudo e experiência.

Café, vinho, cachaça, cerveja e até água, antes de chegarem às redes de varejo, passam por etapas que vão de avaliação do grão ou fruta a testes sensoriais que indicam a qualidade do produto. Felipe Henrique Alípio Ernesto, classificador e degustador de cafés da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), faz um alerta. “Todo o processo demanda muita experiência”, afirma ele, que degusta 20 xícaras da bebida a cada prova.

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O profissional avalia os lotes enviados pelos  cafeicultores e faz a análise física do grão, considerando cheiro, cor, procedência, casca, umidade e defeitos. “Estabelecemos um padrão inicial a ser confirmado na degustação, que pode apontar uma fermentação que acaba por deteriorar o sabor”, explicou. Nesse processo, ele segue a tabela oficial brasileira de classificação. “O profissional recebe tantas informações, como se fosse uma biblioteca, que só a expertise dele vai fazer a diferença.”

Ernesto aprendeu a profissão no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). “Não dá para fazer um curso de 15 dias e achar que tem base suficiente para identificar padrões de cafés.” A atualização tem de ser constante e quem entra para o ramo pode ter rendimentos mensais que variam de R$ 1.100 a R$ 6 mil, com média salarial de R$ 2 mil.

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Vinho, cachaça e cerveja também exigem profissionais treinados. Os sommeliers são os responsáveis pelas bebidas em restaurantes, bares e lojas especializadas. De acordo com a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), é uma profissão que está em franca expansão em metrópoles, cidades turísticas e no litoral. “No interior do país, ainda é uma atividade mais restrita”, explicou Gustavo Andrade de Paulo, diretor da entidade. “As pessoas estão produzindo suas cervejas em casa, querem se aperfeiçoar.”

Segundo a ABS, o sommelier pode se adequar ao regime CLT ou ser autônomo e os salários variam entre R$ 1.300 e R$ 5 mil por mês, em média. “Mas há sommeliers tão graduados e especializados que podem ter rendimentos muito superiores.”

Para seguir na profissão, Paulo cita que é preciso gostar de lidar com o público, ser apaixonado pela bebida em que decidir se especializar e não parar de aprender, nunca. “Os melhores cursos do setor são normalmente oferecidos por institutos ou associações.”

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A tecnologia genética avançada é a responsável pelo melhoramento genético bovino. Nesse cenário, entram especialistas treinados para funções que, para o grande público, podem parecer estranhas, como coletores de óvulos, produtores de embriões e inseminadores. “Temos um aparato tecnológico que nos possibilita inovar, mas o trabalho exige mão de obra muito especializada”, diz o médico-veterinário José Rodolfo Sabadin, gerente de produtos de embriões da Alta Genetics, de Uberaba (MG).

O trabalho na fazenda começa com um veterinário especializado em reprodução coletando o material genético. “Ele realiza a aspiração folicular (oócitos) e leva o material para o laboratório”, explicou. “Essa função exige uma especialização que varia de dois a três anos de estudo.”

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No laboratório, outros profissionais, que podem ser de várias áreas, mas treinados para a função, realizam a fertilização in vitro (FIV), produzindo embriões com o material de machos selecionados. “Eles avaliam a qualidade dos espermatozoides, dos oócitos e do embrião e alimentam o embrião.”

Na Inglaterra, este já foi chamado de “o trabalho mais difícil do mundo” e, por isso, uma granja chegou a oferecer um salário de 40 mil libras por ano (R$ 25 mil por mês) para quem aceitasse o cargo.

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A vaga era para preencher a função de sexador de pintinhos de um dia, uma profissão que, no Brasil, oferece rendimentos iniciais a partir de R$ 6 mil e que podem chegar aos R$ 20 mil, de acordo com a Associação Brasileira de Sexadores de Aves de Um Dia.

O sexador de aves é o profissional que usa visão, tato, coordenação motora e concentração para separar fêmeas de machos, analisando suas cloacas, a partir de dez horas até 24 horas após o nascimento. Os machos têm saliências na cloaca, e as fêmeas, não.

O profissional recebe tantas informações, como se fosse uma biblioteca, que só a expertise dele vai fazer a diferença

Felipe Henrique Alípio Ernesto, Classificador e degustador de cafés da Cooxupé

Para conseguir uma taxa assertiva alta, acima de 95%, os sexadores de aves precisam de treinamento de, no mínimo, três anos. E a rotina é puxada também: eles trabalham, em média,12 horas por dia para dar conta da demanda, em salas com iluminação baixa e direcionada à mesa de trabalho.

De acordo com a associação, o profissional recebe lotes
de 100 aves em caixas para iniciar a atividade e, conforme sua velocidade e prática, vai recebendo mais caixas. A exigência mínima é de uma taxa de 95% de acertos para até 8 mil pintinhos para iniciantes. Experientes conseguem separar até 10 mil aves por dia.

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Source: Rural

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