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Após os incêndios que devastaram o Pantanal, o retorno de um casal de tuiuiús tem trazido esperança a moradores da região e pesquisadores na quanto à recuperação do bioma.

Como o ninho original dos animais foi destruído pelas queimadas, um artificial foi construído às margens da BR-262, em Corumbá (MS). E, agora, os tuiuiús não só voltaram à região como já estão trazendo material para "melhorar" o novo ninho, como galhos e fibras vegetais mais finas.

No Pantanal, casal de tuiuiús voltou a encantar quem passa pelas margens da BR-262, em Corumbá (MS) (Foto: Walfrido Tomás/Embrapa/Divulgação)

 

Segundo a Embrapa, o ninho era um referencial turístico muito apreciado na região e, inclusive,  foi tombado como patrimônio municipal em 2011. A reconstrução do espaço artificial foi finalizada em 23 de outubro de 2020. Mas só no último domingo (16/5), avistou-se o primeiro casal de tuiuiús por lá.

Walfrido Tomás, pesquisador da Embrapa Pantanal e idealizador do projeto do ninho artificial,  não hesitou e fotografou os animais trazendo material para o ninho. Segundo ele, a ação é uma clara indicação de que estão preparando o local para procriação.

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Walfrido conta que, durante o trabalho de levantamento de animais mortos pelas queimadas, no ano passado, observou diversas vezes tuiuiús pousados em árvores próximas ao ninho que foi queimado cerca de um mês antes. Foi aí que teve a ideia de instalar uma estrutura alternativa .

A proposta foi apresentada à Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, que fechou parceria com a Energisa para a instalação da estrutura. O Instituto Arara Azul foi também convidado a assinar o projeto, já que tem experiência com ninhos artificiais para araras azuis, na forma de caixas-ninho.

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Conforme o pesquisador, essa é a primeira experiência de ninho artificial com espécie: “Me inspirei nos ninhos artificiais de cegonhas, comuns na Europa, já que o tuiuiú pertence à mesma família destas aves, sendo tecnicamente uma cegonha”.

O ninho construído possui estrutura que consiste de um poste de concreto de 12 metros, com uma plataforma hexagonal de metal de 2m de diâmetro no topo, em formato de taça, de forma a comportar o volumoso material que os tuiuiús utilizam na construção de ninhos.

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“A estrutura foi adaptada e melhorada pelos técnicos da Energisa, utilizando material disponível, que são utilizados na construção de torres de redes de energia. Sobre a plataforma, depositamos galhos e material fino para representar um ninho, na esperança de que o local fosse reconhecido pelos tuiuiús e utilizados como base para construção do novo ninho”, explica Walfrido.

Ele observa que o ninho artificial não tem papel de salvar a população de tuiuiús do Pantanal, já que a população já teve mais de 20 mil ninhos ativos na planície pantaneira nos anos 1990. Para o pesquisador, porém, a adoção do local pelos animais representa uma constante lembrança de que ações humanas equivocadas podem causar impactos profundos na fauna pantaneira.

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Conheça os tuiuiús

Os tuiuiús se reproduzem após o período das cheias, quando o nível da água está baixando e os peixes e pequenos invertebrados – base da alimentação dessas aves – ficam mais disponíveis nas baías e alagados, servindo de alimento para a espécie.

Segundo os pesquisadores da Embrapa, geralmente os ninhos têm ovos ou filhotes entre julho e novembro, e as cheias determinam a quantidade de ninhos ativos no Pantanal a cada ano.

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Uma vez construídos os ninhos, os tuiuiús permanecem fiéis ao local de reprodução, o qual usam por muitos anos, sempre fazendo reparos e melhorias com a adição de galhos, capim e fibras de plantas aquáticas.

Esses ninhos podem ter mais de 2m de diâmetro, e são sempre colocados em grandes árvores com galhos abertos, para facilitar que as aves cheguem ao ninho com suas asas abertas, as quais podem ter 3m de uma ponta a outra.

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Source: Rural

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