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A consultoria Agroconsult inicia no próximo domingo a etapa do Rally da Safra que irá a campo avaliar as lavouras de milho de segunda safra em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná, onde o alto potencial produtivo do início da temporada foi comprometido pela estiagem.

A atual estimativa de produção de milho de segunda safra da Agroconsult é de colheita 66,2 milhões de toneladas, volume 15% abaixo das 78,3 milhões de toneladas projetadas em março, quando a as lavouras ainda estavam sendo semeadas.

(Foto: Marcelo Min / Ed.Globo)

 

Os analistas da Agroconsult lembram que os altos preços estimularam os produtores a aumentar os investimentos nas lavouras e ampliar a área plantada, que chegou a 14,4 milhões de hectares (7% acima da temporada anterior). “Tudo isso, porém, ocorreu com o plantio mais tardio da história (devido ao atraso na semeadura da soja no ano passado), empurrando o desenvolvimento das lavouras para um calendário de alto risco climático.”

André Debastiani, coordenador da expedição, explica que a safra não terá seu todo seu potencial expressado no campo. “A irregularidade climática afetou o milho de forma severa. Nossas estimativas apontam para uma produtividade de 73,4 sacas por hectare, ou 19,6% inferior à da temporada 2019/20. É a menor produtividade média dos últimos anos, maior apenas do que a da safra 2015/16, também marcada por uma forte quebra.”

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Segundo ele, as próximas semanas serão importantes, porque há chuva prevista para os principais estados produtores de milho segunda safra. “Caso isso se confirme, os problemas podem até ser um pouco amenizados, principalmente no caso das lavouras mais tardias. Se continuar chovendo pouco, porém, podem ocorrer novas revisões negativas.”

Na avaliação de Debastiani, o cenário poderia ser pior, não fosse o fato de que a situação não é tão crítica no Mato Grosso, por onde as primeiras duas equipes do Rally da Safra começam os roteiros de avaliação, percorrendo as regiões Médio-Norte e Oeste. “A chuva no Estado não foi tão escassa quanto em outras regiões, embora também tenha sido mais irregular e mal distribuída do que em outras temporadas. A parcela das lavouras implantada num calendário de alto risco foi menor do que em outras partes do país. Apesar disso, a queda de produtividade é de 14% em relação à temporada anterior – a estimativa atual é de 94 sacas/hectare.”

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Ele observa que os maiores prejuízos estão concentrados no Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde choveu menos. Pelas estimativas da Agroconsult, no Paraná a produtividade pode chegar a 60 sacas por hectare, 29% abaixo de 2019/20. Já no Mato Grosso do Sul a produtividade está estimada em 62 sacas por hectare, 26% inferior à safra passada. Em Goiás, a expectativa é de que as áreas plantadas em janeiro e fevereiro colham de 90 a 100 sacos por hectare (abaixo da média de 150 na safra passada). As tardias poderão chegar a 50 ou 60 sacos por hectare – ou até deixarem de ser colhidas.

Considerando tanto a safra de verão quanto a segunda safra, a Agroconsult projeta a produção brasileira de milho em apenas 91,1 milhões de toneladas, inferior a 100 milhões de toneladas pela primeira vez desde a safra 2017/2018, quando foram produzidas 80,7 milhões de toneladas. “O reflexo da queda de produção se dá nos altos preços do milho no mercado, numa relação de troca muito desfavorável para a produção de frango e suínos. Isso também acontece com a indústria de etanol, que já trabalha com margens apertadas”, diz Debastiani.
Além disso, diz ele, as exportações brasileiras serão prejudicadas: a estimativa para os embarques em 2021, que já foi de 35 milhões de toneladas, agora é de apenas 26 milhões de toneladas. A perspectiva é de que o ano termine com os estoques em níveis muito baixos.

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Seis equipes do Rally da Safra irão campo a partir de 23 de maio. Depois do Médio-Norte e do Oeste do Mato Grosso, serão percorridos Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. “Será um momento importante para acompanhar as condições climáticas. Se não chover, a produção tende a ser ainda menor – mas caso as previsões sejam confirmadas, não se descartam surpresas positivas, considerando que uma recente onda de investimentos em nutrição, perfil de solo e genética tenha aumentado a resiliência em parte das lavouras. Nesse caso, algumas regiões que receberam uma a duas chuvas a mais podem melhorar a produção”, explica Debastiani.
Source: Rural

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