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Mais de um terço (38%) dos 4.336 produtores atendidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) nunca contratou crédito rural.

Entre agricultores familiares que declaram renda bruta anual de até R$ 100 mil, a proporção é ainda maior: 45,2%. Já os com renda entre R$ 300 mil e R$ 410 mil, 15,6% nunca acessaram. E apenas 26,6% do total pesquisado pediram o financiamento em 2020.

Lavoura de agricultura familiar. Neste segmento, mais de 45% dos produtores atendidos pelo Senar não tiveram acesso a financiamentos (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)

 

Esses são alguns dos dados que serão apresentados pelo presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, à ministra Tereza Cristina, da Agricultura, em reunião virtual na quarta-feira (19/5).

A necessidade de fortalecer a agricultura familiar será um dos focos da demanda da CNA para o Plano Safra 2021/22, que será definido no próximo mês. “Foi uma grande surpresa ver que tantos produtores atendidos pela assistência técnica não têm acesso ao crédito rural”, disse Fernanda Schwantes, assessora técnica de política agrícola da CNA.

Segundo ela, também chamou atenção o fato de que a maior parte dos produtores que teve acesso ao financiamento não contratou (56,2%) ou não conhece (20,9%) o Proagro ou seguro rural. “Nos casos de financiamento por custeio de até R$ 300 mil é obrigatória a contratação do seguro. Vimos que falta informação ao produtor, que poderia ter acesso à indenização, em caso de prejuízos, mas nem sabe disso.”

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Entre os motivos apresentados pelos produtores para não contratar crédito rural, estão excesso de burocracia, citados por 67,6%, garantias exigidas (29,8%), demora na liberação (25,9%), falta de informação (21%), custos cartorários elevados (17,1%), juros altos (17%) e venda casada (8,5%). (veja tabela abaixo)

Fernanda afirma que o crédito rural deveria ser mais flexibilizado, especialmente para os pequenos produtores que, muitas vezes, são obrigados a apresentar avalistas para conseguir o financiamento, já que não podem dar como garantia sua única propriedade.

“Nesses casos, deveria haver a opção de crédito com a garantia de adesão ao Proagro ou seguro rural”, diz a especialista, ressaltando que a inadimplência nessa faixa de renda é tradicionalmente muito baixa. Na pesquisa, 91,1% relataram não ter tido problemas para quitar o financiamento obtido em 2020.

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A linha Custeio do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com 42,8%, foi a mais contratada pelos produtores, seguida pela Pronaf Mais Alimentos (13,7%).

Para o Plano Safra 2021/2022, quase metade (46,2%) dos pesquisados respondeu que pretende buscar financiamento, especialmente para fazer investimentos nas propriedades. Na faixa de renda entre R$ 300 mil e R$ 410 mil, esse percentual sobe para 55,5%.

Os assistentes técnicos fizeram a pesquisa entre os dias 12 e 27 de abril deste ano durante visitas às propriedades rurais de 14 estados e 727 municípios. Aproximadamente 70% dos entrevistados declararam renda bruta anual de até R$ 100 mil, 20,4% de até R$ 300 mil e 10% acima de R$ 300 mil.

A CNA também vai levar à ministra a reivindicação de ampliação da oferta de financiamento e que o crédito seja liberado tempestivamente para a compra de insumos. No Plano Safra em vigor, que se encerra em 30 de junho, praticamente todas as linhas estão suspensas por falta de recursos. A liberação de R$ 550 milhões para o Pronaf Custeio depende de votação imediata do Projeto de Lei Nacional (PLN) 4/2021.

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Source: Rural

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