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Com um aumento de 52,4% no preço da arroba bovina no Brasil no primeiro trimestre deste ano comparado ao mesmo período do ano passado, a Marfrig, segundo maior frigorífico do país, passou a priorizar a exportação de carne pelo Uruguai, onde o custo da matéria-prima apresentou queda de 10,5% na mesma comparação.

A estratégia, revelada pelo diretor-presidente da companhia para a América do Sul, Miguel Gularte, foi decisiva para preservar a margem financeira da operação, que encerrou os três primeiros meses do ano em 4,6% – queda de 37,4% ante o primeiro trimestre do ano passado.

Enquanto arroba bovina registrou alta de 52,4% no Brasil, no Uruguai queda de foi de 10,5% no último trimestre (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)

 

“Como trabalhamos num sistema de plataformas, de certa forma compensamos a menor oferta de gado no Brasil no primeiro trimestre exportando a partir da plataforma do Uruguai que, ao contrário do Brasil, apresentava um aumento no volume de abates e de produto disponível para exportar”, explicou o executivo durante apresentação dos resultados financeiros da companhia.

No total, a Marfrig reduziu em 18% os abates na América do Sul diante de uma queda de 8,6% nas vendas nos três primeiros meses do ano, com 311 mil toneladas. A medida, explica Gularte, também foi uma estratégia para preservar as margens operacionais da empresa com adequação da demanda frente à oferta de animais.

“Se tivéssemos optado por manter os abates em níveis históricos, haveria uma diminuição muito mais drástica das margens”, ponderou.

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Em seu resultado consolidado, que considera também as operações da National Beef, subsidiária da Marfrig na América do Norte, a companhia apresentou lucro líquido de R$ 279 milhões ante prejuízo de R$ 137 milhões em igual período do ano passado.

O desempenho, explica o diretor executivo da companhia, Tang David, se deu graças aos bons resultados das exportações na América do Sul e da operação da América do Norte. O continente respondeu por 73% da receita líquida da companhia e por 89% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

“O crescimento no trimestre é explicado pelo maior volume de vendas no mercado doméstico da operação América do norte, pelo aumento das exportações e melhorias de eficiência e produtividade e da redução de custos promovida pela operação América do Sul – além da desvalorização de 23% do real frente ao dólar no período”, explicou David.

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Mercado interno frágil

No Brasil, o diretor-presidente da companhia destacou a fragilidade do mercado interno. “Não vejo, por exemplo, que essa ajuda emergencial que o governo está mantendo agora, e talvez mantenha nos próximos meses, tenha aquele efeito positivo que teve no ano passado”, pontuou Gularte.

Apesar do leve aumento na oferta de animais no país e do recuo no preço da arroba este mês, ele ressalta que o cenário ainda é desafiador para o setor, que deve seguir com baixa rentabilidade no país.

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“A gente vê um cenário ainda desafiador, de arroba alta e de um dólar em queda. Então, vai ser um exercício bastante desafiador para as empresas brasileiras, até mesmo no caso da Marfrig”, avalia o diretor-presidente da companhia ao destacar que o país também tem apresentado entraves logísticos como a restrição de navios e de contêineres.

“As empresas que têm uma tradição de exportação, com relacionamento comercial há mais tempo na exportação, conseguem uma vantagem logística no sentido de mais contêineres e escalar mais navios. E quando há uma plataforma diversificada, podemos atender o mesmo cliente de diferentes plataformas. Fizemos esse ajuste e, até agora, embora não seja uma situação muito fácil, a gente vem performando muito bem”, conclui Gularte.
Source: Rural

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