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Caso o desmatamento continue sem freios na Amazônia, a pecuária brasileira pode deixar de ganhar US$ 180,8 bilhões (cerca de R$ 943,7 bilhões) até 2050, de acordo com o estudo “Desmatamento reduz chuvas e receita agrícola na Amazônia brasileira”, publicado na revista científica Nature Communications.

Pesquisador do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos autores da pesquisa, Argemiro Teixeira Leite-Filho explica que o cálculo foi feito com a finalidade de mostrar a oportunidade de produzir e preservar.

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Futuro da pecuária brasileira passa pela extinção do desmatamento e recuperação de pastagens degradadas, principalmente na Amazônia odeo ciclo de chuvas já sofre alteração devido à supressão de florestas (Foto: Ricardo Benichio)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O prejuízo de desmatar supera os ganhos de desmatar e aumentar a área de lavoura

Argemiro Teixeira Leite-Filho, pesquisador do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG

 

“(O valor de R$ 943,7 bilhões) É o que o produtor poderia ganhar em produtividade se ele preservar a sua propriedade até 2050”, resume Leite-Filho ao dizer que, para o cultivo de soja, o total projetado é de US$ 5,6 bilhões (em torno de R$ 29,2 bilhões).

Já a perda de US$ 1 bilhão por ano ao agronegócio até a mesma data (cerca de R$ 5,22 bilhões), dado constatado no mesmo estudo, se refere ao custo de oportunidade. Em suma, os pesquisadores concluem que “o prejuízo de desmatar supera os ganhos de desmatar e aumentar a área de lavoura”, diz Leite-Filho.

Isso acontece porque há comprovação científica de que o aumento da supressão de árvores e das queimadas têm diminuído o nível das chuvas. Neste sentido, não faz diferença se o desmatamento é legal ou ilegal, já que as consequências são inerentes à legalidade. “Em questão de escala, todo desmatamento é prejudicial”, esclarece.

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Leite-Filho ainda pondera que o estudo não tem a intenção de culpar o agronegócio, mas apresentar ao setor um problema que pode se agravar e precisa ser tratado pelo produtor.

“O que eles [produtores] pensam é que não desmatar é estar em conformidade com o Código Florestal, ter acesso a subsídios, mas esquecem que, além disso, eles precisam do clima e a gente não consegue produzir sem chuva”, alerta.

Baseado no sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em satélites da Nasa e dados de produtividade do Ministério da Agricultura, entre outras informações oficiais, o estudo ainda indica que as maiores perdas estão sujeitas a ocorrer no nordeste e sudeste do Pará, oeste do Maranhão, parte central de Rondônia e no cinturão do norte do Mato Grosso – "o mais preocupante”, segundo o pesquisador.

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De acordo com ele, estes são locais onde o processo de conversão do solo já acontece há muitos anos e, não por coincidência, onde o índice pluviométrico também apresenta alterações significativas. “Como expandir mais essas áreas se elas já estão chegando no limite do desmatamento?”, questiona Leite-Filho ao insistir que a derrubada de árvores precisa ter fim.

Em relação às atuais chuvas nas regiões citadas, o pesquisador ressalta que este ano acontece o evento da La Niña, onde o maior volume de chuva já é esperado. “Mas em ano de El Niño preocupa muito, pois já existe a seca esperada e ainda tem o agravamento das queimadas. Aí o agro se suicida”, diz.

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Source: Rural

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