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Davina Silva, agricultora em comunidade tradicional de Campo Formoso, Bahia (Foto: Acervo pessoal/Davina Francina Vieira Silva)

 

Davina Francina Vieira Silva mora na comunidade de Alagadiço, município de Campo Formoso, na Bahia, e é presidente da Associação da Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto de Alvaçã, um tipo específico de comunidade camponesa no sertão semiárido baiano, onde o uso da terra associa parcelas de posse individual e de uso comum.

Aos 62 anos, ela se diz corajosa e disposta a trabalhar em seu pedaço de terra, que dá mandioca, verduras e tomate, tudo orgânico. Para isso, conta com o apoio do projeto Pró-Semiárido, viabilizado pela iniciativa Semear Internacional, um programa de gestão voltado às zonas semiáridas nordestinas. O foco da iniciativa é proporcionar inovações produtivas e tecnológicas, adaptação às mudanças climáticas, como o agravamento da seca, e alavancar negócios rurais. 

Implementado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o recurso do Semear é proveniente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência de investimentos ligada às Nações Unidas (ONU) em parceria com governos estaduais do Nordeste e o governo federal. Apenas na Bahia, são 70 mil famílias beneficiadas, como a dona Davina. 

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“Temos acompanhamento semanal da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, do governo estadual e do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA)”, ela conta, observando que a presença de profissionais técnicos se dá desde 2017.

Durante a pandemia de Covid-19, Davina viu as feiras convencionais e agroecológicas para comercialização de alimentos diminuírem. Ainda assim, com o auxílio da assistência técnica e extensão rural, consegue vender a colheita em cooperativas e outras comunidades, além de adotar a troca das produções para ter diversificação para consumo próprio.

Outra forma de venda e geração de renda na região é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), segundo Telma Magalhães, técnica em desenvolvimento produtivo do projeto Pró-Semiárido. “Assessoria técnica continuada dá melhores condições de vida por meio do acesso às políticas públicas voltadas para o setor primário, o que facilita a atividade agropecuária contribuindo na garantia da segurança e soberania alimentar e nutricional”, diz Telma, que presta atendimento à produtora Davina.

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Mais do que viabilizar meios de comercialização, Davina revela que a assistência dá autonomia para as agricultoras. Segundo ela, a maioria dos homens dizia que as mulheres não faziam nada para ajudar no campo. Com a chegada dos técnicos e o acesso à informação, elas tiveram conhecimento do que Davina chama de caderneta agroecológica.

“Com ela, as mulheres começaram a organizar o consumo, troca e venda e passaram a mostrar que nunca ficou sem fazer nada”, diz. E complementa: “E os homens também viram que o consumo dentro de casa era significativo, que o auto consumo faz diferença para a produção”.

Agricultoras e agricultores com o certificado de reconhecimento da Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto de Alvaçã (Foto: Acervo pessoal/Davina Francina Vieira Silva)

 

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Nova realidade

Lucia Conceição dos Santos e a filha Gustava Ferreira dos Santos são agricultoras na Serra das Viúvas, em Água Branca, no Alto Sertão alagoano. No município quilombola, mandioca e feijão são as maiores fontes de renda, além de farinha e tapioca, cujas vendas também são majoritariamente para o PAA, depois que as feiras regionais foram canceladas pela Covid-19. 

“Eu era acostumada a ir para a feira vender, mas agora nem para a feira estou indo, porque não pode. Agora entrego as minhas coisas no PAA”, explica Lucia ao dizer que profissionais da Emater viabilizaram sua inclusão no Programa. 

Antes mesmo da inserção no programa, Tanihely Barbosa, assistente social no território do Alto Sertão de Alagoas, lembra que a Emater precisou organizar as mulheres da região em associações e fazer um planejamento de ação para profissionalizar a lavoura.

De acordo com ela, o projeto Dom Helder, também integrante do FIDA, mudou a realidade de famílias em situação de vulnerabilidade social e transformou-as em produtoras agrícolas, com diversidade de plantios entre mandioca, milho, feijão e a criação de animais.

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“As mulheres viviam apenas do Bolsa Família e agricultura de subsistência, mas a Emater começou a dar assistência para terem autonomia financeira e autoestima, além da titularidade da DAP [Declaração de Aptidão ao Pronaf], possibilitando tirar crédito rural para melhorar a produção, acesso à cisternas e garantir a safra”, explica.

Tanihely admite que ainda há gargalos como a dificuldade de armazenamento dos produtos in natura e a escassez do banco de sementes, pois, devido à pandemia, tudo teve que ser consumido.

Ainda assim, com o uso do WhatsApp, a tecnologia possibilita comunicação entre técnicas e produtoras para que não haja ausência da assistência, mesmo na pandemia. “Fazemos grupos, vídeos para melhorar a produção, para usar o adubo, aproveitar o esterco, fazer compostagem, tudo para que elas estejam assistidas mesmo na fase vermelha”, ela afirma.

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Source: Rural

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