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(Foto: Bullstockmedia/Andy Watson/PBR)

 

Lucas Belli Teodoro, 33 anos, mais conhecido como Gauchinho, é o primeiro e único brasileiro a participar de montarias de touros na milionária primeira divisão da Professional Bulls Rider (PBR) dos Estados Unidos.

Mas, a profissão dele não é ficar oitos segundos sobre os touros. Dentro da arena, Gauchinho tem a missão de salvar os peões das patas e chifres dos touros que chegam a pesar mais de uma tonelada.

“Sou muito abençoado. Já levei chifrada na perna, fui atirado para o alto várias vezes, rompi os ligamentos do joelho e tive várias outras lesões, mas alcancei meus sonhos. Hoje, ganho bem e estou entre os melhores do mundo”, diz. Nas arenas, os salva-vidas também são chamados de anjos de rodeio. Nos EUA, são conhecidos como “bullfighters” (toureiros, em inglês).

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Nascido em Espírito Santo do Pinhal (SP), ele conta que passava muito tempo na fazenda que o avô administrava na região. Começou a montar touros aos 13 anos, sob a influência do pai, Maurício, que promovia o Rodeio de Serra Negra, a 90 km de casa.

O sonho de se tornar peão de rodeio mudou quando se tornou amigo de um salva-vidas e passou a ajudá-lo aos domingos em pequenos rodeios. Aos 16 anos, já participava de etapas profissionais em São Paulo e em Minas Gerais.

Começo da carreira no Brasil foi desafiador, mas repleto de sonhos, segundo Gauchinho (Foto: Adilson Silva/Divulgação)

 

Sonhos

Os pais não queriam que Gauchinho, apelido que ganhou nas arenas, seguisse carreira no mundo dos touros por achar muito perigoso, mas nunca o proibiram. Ele conta que chegou a cursar um ano e meio de veterinária, mas abandonou o curso para correr atrás de seus sonhos. “Na época, meu sonho era trabalhar na PBR Brasil.”

Chegou lá na divisão de acesso em 2010 e no ano seguinte já estava na primeira divisão. “De 2011 a 2015, trabalhei em todos os rodeios que eram meu sonho de adolescente, como Barretos, Americana, Indaiatuba, Londrina e Divinópolis.”

Gauchinho durante final do PBR Brazil em Barretos (Foto: André Silva/Divulgação)

 

Mas, em 2012, o sonho já tinha mudado: “Queria estar no meio dos melhores do mundo, ter reconhecimento e valorização profissional e financeira.” Foi, então, para os EUA com a “cara e a coragem” e começou a participar de rodeios abertos. Ficava três meses e voltava ao Brasil. No período, teve o visto negado três vezes.

A partir de 2015, com visto concedido, passou a morar na cidade de Decatur, no estado do Texas, onde estão radicados os brasileiros que disputam e dominam a PBR americana. Em 2018, chegou ao auge: foi um dos salva-vidas mais votados pelos peões para cuidar deles na final do Mundial, um feito inédito para os brasileiros. 

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Longe do Brasil

“Já faz dois anos e meio que não volto ao Brasil por falta de oportunidade. No ano passado, pretendia visitar a família, mas a Covid atrapalhou. Sou muito grato de poder estar trabalhando em tempos de pandemia”, diz Gauchinho, casado com a analista financeira brasileira Ingrid Zupo, pai de Gabriel, 3 anos, e à espera do nascimento de Giovanna em junho.

Fluente em inglês, ele trabalha em todos os rodeios da Primeira Divisão da PBR junto com dois salva-vidas americanos. As competições ocorrem nos finais de semana e, durante a semana, Gauchinho treina e faz musculação para manter foco, força e agilidade na arena.

Ele não revela quanto ganha, mas dá uma pista: com o dólar a quase R$ 6, teria que trabalhar em 12 bons rodeios no Brasil para receber o que ganha em apenas um por lá.

(Foto: Chris Levangie Elise/Divulgação)

 

Questionado se não sente medo na profissão, Gauchinho diz que a adrenalina faz parte e que sentir medo é que dá segurança ao salva-vidas. “O instinto de salvar o peão acaba nos colocando em situações bem difíceis, mas, diferentemente do competidor, eu já estou esperando a pancada.”

Nos vídeos da PBR, cujas etapas agora são transmitidas pelo Sportv3 todas as terças, a partir das 23h, é possível conferir algumas de suas performances. Em uma delas, em Las Vegas, ele deu uma “voadora” à frente do touro para tirar o brasileiro e tricampeão mundial Silvano Alves das patas do animal e foi saudado pelo comentarista do rodeio com um grito: “unbelievable” (inacreditável, em inglês).

Adriano Alves, o outro brasileiro tricampeão mundial na arena de Las Vegas, também elogia o desempenho de Gauchinho: “Ele nos enche de orgulho.”

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O salva-vidas conta que, antes de entrar na arena, sempre estuda o comportamento dos touros da etapa, mas sabe que cada montaria é diferente e pode ser agravada se o competidor fica preso no touro, se é pisoteado, se cai muito rápido ou se o animal for daqueles que tendem a machucar o peão.

Gauchinho diz que pretende se aposentar entre 42 e 45 anos, comprar um rancho nos Estados Unidos e permanecer lá para criar os filhos. Não descarta ter uma propriedade rural também no Brasil.

O conselho para quem pretende seguir seus passos é trabalhar duro, acreditar nos seus sonhos e confiar em Deus. “Fui chamado de louco por alguns, mas eu sabia que tinha potencial para chegar onde estou", conclui.

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Source: Rural

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