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(Foto: Divulgação/TIM)

 

A ampliação da internet 4G no Brasil está condicionada à iniciativa privada e aos produtores rurais com poder aquisitivo para arcar com os altos custos da carga tributária do setor de telecomunicações.

A avaliação é de Leonardo Capdeville, vice-presidente de tecnologia da TIM. Segundo ele, faltam programas de incentivo à conectividade no campo por parte do governo federal.

“O Brasil é o quarto país mais caro em carga tributária para celular no mundo e quem fala isso é a Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações]”, afirma o executivo. A informação se refere a uma pesquisa que inclui 170 países, que também confere ao Brasil o tributo mais caro do mundo no caso banda larga fixa.

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A eletrificação rural andou muito bem lá trás, mas isso nunca foi feito para conectividade

Leonardo Capdeville, vice-presidente de tecnologia da TIM

O impasse entre regiões de baixa atratividade econômica e impostos elevados para prestações de serviço alimentam o chamado custo Brasil, avalia Capdeville. Ele sugere que o governo federal poderia propor um programa de conectividade rural nos moldes do Programa de Eletrificação Rural, também conhecido como Luz Para Todos.

“O princípio da vida moderna é baseado em dois pilares: eletricidade e conectividade. De fato, a eletrificação rural andou muito bem lá trás, mas isso nunca foi feito para conectividade, embora exista um fundo para isso”, diz.

Ele se refere ao Fundo de Universalização dos Serviços de Telecom (Fust), que possui mais de R$ 472 milhões de receita acumulada até março de 2021, segundo a Anatel. “Mas que nunca conseguiu ser direcionado para este tipo de uso”, comenta.

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“O percentual sobre telecom de 42% que o pequeno agricultor vai pagar é o mesmo que a grande indústria paga. Se você vai para uma região de baixa atratividade econômica, depois de todo investimento, manutenção, e ainda 42% fica no cofre do governo, a dificuldade de operar é muito grande”, destaca.

Painéis solares

Com o compromisso de atingir 13 milhões de hectares com a cobertura 4G no campo até 2021 e alcançar todos os municípios brasileiros até 2023, Capdeville diz que a TIM está criando modelos para levar a conectividade ao interior do país, já que “infelizmente, como plano de Estado, ela não foi inserida no meio rural”.

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A fim de cumprir o objetivo em dois anos e ao mesmo tempo reduzir custos de infraestrutura, a empresa começou a investir recentemente na instalação de torres e antenas alimentadas por painéis solares, a fim de atender a locais de difícil acesso e sem energia elétrica disponível.

“Para fazer a extensão de rede elétrica e levar a antena tivemos investimentos de R$ 1 milhão, o que inviabilizava o negócio. Com energia solar e bateria de lítio, a gente consegue viabilizar a antena com custo muito menor, sem depender de eletricidade, além de contribuir para energia limpa”, comenta Capdeville.

Antena para internet 4G com energia solar em General Salgado (SP) (Foto: Divulgação/TIM)

 

As duas primeiras instalações foram feitas em Presidente Bernardes e General Salgado, ambas em São Paulo. Outras 13 antenas também estão em fase de implementação no estados paulista e em Santa Catarina, Pará e Acre.

O retorno do investimento nas placas solares é feito em quatro anos, segundo o vice-presidente da Tim. “Existem empresas especialistas em torres, então, elas investem nesse modelo e nós somos a empresa que contrata, numa forma de aluguel mensal. O custo que pagamos por usar este painel solar em quatro anos se equilibra com o custo da energia”, explica.

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5G no Brasil

Enquanto o desafio do 4G ainda é realidade em muitos rincões do país, uma parcela do agronegócio já sonha com a chegada da internet 5G, que possui dois diferenciais do modelo mais atual.

O primeiro é a transmissão de imagens em altíssima resolução em alta velocidade, e o segundo é a latência, ou seja, o tempo que demora para a informação sair da origem e chegar ao destino. Segundo Capdeville, isso demora entre 50 a 70 milissegundos no 4G e, no 5G, deve ser inferior a 10 milissegundos.

“Numa máquina comandada remotamente, ao precisar movê-la em tempo real, o 5G vai permitir exatamente o tempo de resposta como se estivesse sendo operada localmente, de forma presencial”, exemplifica o executivo.

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Ele também prevê que, com a chegada do 5G, o atendimento médico à distância ou educação à distância no campo será realidade. “Se você pensar no treinamento de um operador de máquina com o uso da realidade virtual ou realidade aumentada, esse ensino deixa de ser teórico e passa a ser prático”, diz.

Capdeville ainda esclarece que, no caso de um trator, 5G é um módulo, então talvez o produtor precise mudar o já existente na máquina em vez de trocar o trator. Ainda assim, reforça que o desafio maior segue sendo como levar o 4G aos pequenos e médios produtores.

“Se tivéssemos um modelo de desenvolver a conectividade para o pequeno e médio, o salto que o Brasil daria seria gigante”, conclui.

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Source: Rural

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