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Tudo começa com monitoramento: veículos aéreos não tripulados (vants), drones, satélites ou sensores embarcados em máquinas agrícolas (Foto: Ilustração/Thales Molina)

 

*Publicada originalmente na edição 425 de Globo Rural (abril/2021)

Produzir mais na mesma área, utilizando menos recursos, é um dos lemas da agricultura sustentável. Essa busca por eficiência tem levado as indústrias de maquinários agrícolas e empresas do ramo químico e de biológicos a firmar parcerias e apoiar startups com ferramentas promissoras na aplicação de produtos, sejam eles defensivos convencionais ou biológicos. A cesta de tecnologias à disposição do agricultor é vasta – cada grande player tem sua plataforma de agricultura digital com diferentes serviços.

Em linhas gerais, tudo começa com o monitoramento: veículos aéreos não tripulados (vants), drones, satélites ou sensores embarcados em máquinas agrícolas, que fazem imagens multiespectrais, que indicam, por exemplo, quais talhões da lavoura têm mais incidência de plantas daninhas. “Esse mapa de prescrição pode ser passado para o pulverizador, que vai aplicar o produto em taxa variável, abrir o bico e liberar os produtos somente onde for necessário”, explica Wanderson Tosta, diretor da Jacto.

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O aprimoramento tecnológico vai além. Os últimos pulverizadores da empresa paulista contam com uma solução chamada EletroVortex, que usa um sistema de fluxo de ar aliado ao conceito da eletrostática para driblar uma dificuldade do produtor, que é “depositar o produto em toda área foliar da planta, quando a cultura está em fase avançada”, explica Daniel Petrelli, engenheiro agrônomo especialista em tecnologias de aplicação da Jacto.

Pulverizador autônomo Arbus 4000 (Foto: Divulgação)

 

O defensivo passa por um bocal eletrostático e recebe cargas negativas – e, assim, é facilmente atraído pelas plantas. A solução favorece a aplicação mesmo em condição desfavorável de clima e reduz a deriva em até 35%, o que aumenta o rendimento operacional. Outra novidade da empresa é o pulverizador autônomo com monitoramento remoto. “O equipamento tem uma tecnologia que consegue medir o porte da planta e dosar a quantidade certa de produto para não haver desperdício”, diz Petrelli.

A busca por precisão não para por aí. No ano passado, a Jacto e a Koppert, empresa holandesa líder em produtos biológicos no Brasil, firmaram parceria para o desenvolvimento de novas soluções. O primeiro resultado, que deve estar disponível na próxima safra de verão, é a soltura de produtos macrobiológicos (insetos) por drones. “O agricultor não está acostumado com esse tipo de aplicação e nosso produto pode ser sacrificado na ponta, se a liberação por drones não for bem-feita, com monitoramento de resultados”, diz Gustavo Herrmann, diretor comercial da Koppert, que tem parceria com cinco empresas de drones.

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Mas quem está habituado à tecnologia tem só elogios. “A soltura (de macrobiológicos) via drones facilita a operação, pois, além de economizar tempo, não há necessidade de aplicar em toda área. É possível liberar em pontos estratégicos, gerando economia de tempo e produto”, diz Lucas Daltrozo, engenheiro agrônomo do grupo WDF Agro, em Primavera do Leste (MT), que usa biológicos há três anos em soja e algodão.

Daltrozo ainda destaca o custo do drone: “É muito menor que um pulverizador ou avião agrícola”. Mas argumenta que é difícil comparar, porque “cada um tem sua especificidade, seu nicho”.

Já a aplicação de produtos microbiológicos é mais simples, uma vez que são líquidos ou em pó e a forma de aplicação é a mesma dos defensivos convencionais, ou seja, com pulverizadores, aviões ou drones. “Mas dá para aprimorar, trazer melhorias. Os pulverizadores foram pensados para defensivos químicos. Podemos ver o impacto que a temperatura e a pressão da pulverização têm na eficiência da aplicação desses produtos biológicos, que são organismos vivos”, diz Tosta.

Lucas Daltrozo, engenheiro agrônomo do grupo WDF Agro (Foto: Divulgação)

 

A soltura via drones facilita a operação, pois, além de economizar tempo, não há necessidade de aplicar em toda área"

Lucas Daltrozo, engenheiro agrônomo do grupo WDF Agro

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Para o futuro, as duas empresas pretendem desenvolver armadilhas eletrônicas. Hoje, as armadilhas colocadas na lavoura são feitas com pupas fêmeas, que têm a função de atrair o macho e identificar se há casais adultos na plantação.

Mas o pragueiro, pessoa responsável por fazer a amostragem de pragas, precisa ir até lá e contar. “Nós queremos substituir essas pupas por feromônios para contar os insetos na armadilha de forma remota, para o agricultor não precisar ir a campo”, afirma Herrmann.

Inclusive, esse é o grande desafio das fazendas: vencer o obstáculo da falta de conectividade nas áreas rurais, o que permitirá o monitoramento das operações da propriedade em tempo real. “Todas essas tecnologias, armadilhas, sensores embarcados nas máquinas e drones vão permitir uma agricultura mais inteligente, mais preditiva e menos reativa”, finaliza Tosta.
Source: Rural

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