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Atum pescado no Ceará (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

A partir desta segunda-feira (19/4), empresas de pesca de todo o Brasil poderão disponibilizar os dados de suas atividades em uma plataforma digital, com acesso público e gratuito, substituindo os arquivos em papel. A plataforma Open Tuna, pelo menos por enquanto, é voltada apenas para a produção de atum fresco destinada à exportação que, no território brasileiro, é concentrada na região Nordeste, entre Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Martin Dias, diretor científico da ONG Oceana, explica que a ideia de criar a plataforma surgiu depois do Brasil quase perder o direito direito desta pesca por não cumprir a regulação da Convenção Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT) e prestar conta sobre volumes e outros dados de transparência.

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Segundo ele, um dos principais gargalos da pesca no Brasil é o acesso aos dados,além da falta de estatísticas. Entre 500 mil e um milhão de mapas de bordo, com informações da pesca brasileira, são entregues todos os anos ao governo federal ainda em papel. Nos formulários devem constar informações como volume pescado, espécies, localização das embarcações, mas a papelada tem se perdido e virado um problema para o setor.

“Não há capacidade de informatizar essas informações do papel e criar um banco de dados digitalizado. Para ver exportação de soja você entra no Siscomex [Sistemas de Comércio Exterior], na pesca você não tem isso”, relata.

Para Dias, a atenção ao segmento de pesca vem sendo reduzida dentro do governo. Hoje, a Secretaria de Pesca e Aquicultura é subordinada ao Ministério da Agricultura, mas já foi Ministério.

"Entre 2015 e 2017, o Brasil deixou de prestar contas sobre a pesca do atum e é uma obrigação de todos os países signatários dessa Convenção reportar dados, dizer o que está sendo pescado”, ele conta. No entanto, pondera que de 2019 para cá, alguns avanços como o mapa de bordo digital para outras espécies já começa a ser realidade.

Procurada, a Secretaria de Pesca não respondeu os questionamentos até a conclusão desta reportagem.

Historicamente, o segmento da pesca tem sido reduzido dentro do governo

Martin Dias, diretor científico da ONG Oceana

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Rodrigo Hazin é representante da Aliança do Atlântico para o Atum Sustentável, entidade formada por 14 barcos produtores, que correspondem juntos a cerca de 60% das exportações brasileiras de atuns nobres.

“O mapa em papel gera um retrabalho imenso para todos envolvidos, que têm que passar os dados do papel para planilhas. Neste processo podem ocorrer erros ou má interpretação dos valores e informações preenchidos”, comenta.

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Com a plataforma, a expectativa é de agilidade ao eliminar trabalho repetitivo, à medida que  o sistema permite a impressão do papel. Assim, as informações são guardadas na nuvem e o mesmo documento pode ser impresso e encaminhado à Secretaria da Pesca.

Além disso, o acesso ao sistema também pode ser feito por aplicativo, o que facilita a alimentação do sistema. “Estamos dando transparência pública à nossa atividade”, reforça.

Martin Dias, da ONG Oceana, acrescenta que a rastreabilidade é imprescindível para garantir que o produto não seja fruto de pesca ilegal. “Há milhares de embarcações fornecendo para grupos de empresas e várias destas embarcações podem atuar de forma clandestina, irregular, sem aval para atuação. O Open Tuna vem para colaborar com a responsabilidade socioambiental”, diz.

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Source: Rural

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