Skip to main content

Safra de laranja 2020/2021 teve quebra no Brasil (Foto: Viviane Taguchi)

 

A falta de chuvas neste ano já preocupa produtores do cinturão citrícola de São Paulo e Minas empenhados em recuperar os prejuízos da quebra de 30,55% da safra 2020/21 em relação ao ciclo anterior, a maior da série histórica desde 1988, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

Rafael Fernandes, gerente da Krauss Citros, uma das principais produtoras de laranja da região de Casa Branca (SP), diz que espera recuperar os 35% não produzidos na safra encerrada em março, mas diz que já está faltando chuva.

Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), que reúne cerca de 400 pequenos e médios produtores, também está preocupado com a instabilidade climática. Ele acredita que deve haver uma recuperação no próximo ciclo, até porque é ano de safra cheia pela bienalidade da cultura, mas estima produção abaixo da média.

Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, diz que março foi realmente um mês com chuvas muito irregulares, mesma tendência de abril. “Mas a tendência para a segunda metade do outono e o inverno é de clima mais próximo da neutralidade, com possibilidade de ocorrências e pancadas de chuva. Não deve haver ausência total de chuvas como em 2020.”

O Fundecitrus deve divulgar no final de maio sua primeira estimativa de produção da safra 2021/22. 

saiba mais

Governo publica novo zoneamento de risco climático para citros

Safra de laranja de SP/MG recua 30,5% e confirma maior quebra da série histórica

 

Fernandes, da Krauss Citros, afirma que o clima seco e a falta de chuvas entre março e novembro do ano passado afetaram até mesmo a área irrigada das fazendas. No total, os 1.200 hectares cultivados produziram 750 mil caixas de laranja de 40,8 kg.

“Tivemos uma redução de 40% na precipitação em relação à média histórica. Trabalhamos com alta tecnologia de manejo e temos irrigação em uma pequena área. Mas, mesmo que tivéssemos 100% da área irrigada, não iria adiantar porque faltou água também nos mananciais”, diz.

Segundo o gerente da Krauss, o custo de produção, por volta de R$ 26 por caixa, acabou ficando muito equilibrado neste ano com o valor contratado antecipadamente com a indústria. “Não foi nossa pior safra. Já tivemos uma produção menor há uns quatro anos por problema de seca pontual no florescimento dos frutos, mas naquela ocasião os preços reagiram à queda da oferta, o que não ocorreu neste ano.”

Devido aos riscos fitossanitários e econômicos da citricultura, a Krauss, empresa com 180 funcionários, já diversificou suas atividades, abrindo 520 hectares para plantio de soja, milho e sorgo.

Viegas, da Associtrus, diz que na safra encerrada em março, as temperaturas altas na floração e a falta de chuvas durante todo o período prejudicaram todas as regiões produtoras. “Foi uma sequência de problemas climáticos. E, além da produção menor, os preços caíram em dólar em relação à safra passada. Há casos de produtores que tiveram que devolver parte do que já tinham recebido para a indústria.”

Ele afirma que o principal problema do setor é a falta de concorrência entre as indústrias de suco, que torna o produtor “refém”. Viegas, que tinha 200 hectares de laranja, mantém apenas 10 hectares. O restante transferiu para a cana-de-açúcar. “A partir dos anos 80, a indústria passou a concorrer com o produtor e hoje é dona de mais de 50% da área plantada de laranja no país.”

saiba mais

Carrefour adota rastreabilidade com blockchain para linha de cítricos

Brasil deve registrar 2ª menor produção de suco de laranja em série histórica

 

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), rebate o número. Segundo ele, a indústria produz atualmente 40% da laranja que esmaga.

O executivo diz que não há risco de faltar suco de laranja no mundo, mesmo com a queda de produção no Brasil e EUA, principais polos citrícolas. Nesta sexta (16/4), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), reduziu ainda mais a estimativa de produção safra 2020/21 da Flórida na comparação com o período anterior. A queda, antes estimada em 18%, passou para 23%, com um total de 51,7 milhões de caixas.

“O mercado vai se ajustar porque entramos o ano com estoques mais elevados que a média.” Ele dá como exemplo o consumo nos EUA, que cresceu no ano passado por causa da pandemia, mas já voltou ao nível pré-pandemia, e diz que a régua da demanda por suco no mundo, medida a cada seis meses, está estável.

Ibiapaba também ressaltou que a produção de 268,83 milhões de caixas no cinturão citrícola de São Paulo e Minas representou a maior quebra de safra da série histórica na comparação com o período anterior, mas não foi a menor safra em volume. As duas últimas em ano de bienalidade negativa produziram menos laranjas: em 2018/2019, foram 285,9 milhões de caixas e, dois anos antes, 245,3 milhões de caixas.
Source: Rural

Leave a Reply