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(Foto: Getty Images)

 

O Brasil pode cumprir, sem a utilização de recursos externos, a meta prevista no Acordo de Paris, de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. É o que afirmam representantes do empresariado reunidos no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que enviaram, nesta terça-feira (13/4), uma nova carta ao governo federal. É a segunda manifestação em menos de um ano cobrando maior comprometimento com a agenda ambiental. A primeira foi em julho de 2020.

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O Ministério do Meio Ambiente postergou a meta para 2060, condicionando-a a recursos estrangeiros, mas Marina Grossi, presidente do CEBDS, assegura que as 39 empresas que assinam a carta comprovam que há meios de respeitar o estabelecido no acordo do clima. Entre essas companhias, estão Suzano, JBS, Shell, Bayer, Natura, Bradesco e Itaú.

Atrairemos mais recursos com bioeconomia do que condicionando nossa meta a recursos vindos de fora

Marina Grossi, presidente do CEBDS

“Isso foi enviado para os ministérios do Meio Ambiente, Agricultura, Economia e Itamaraty. Estamos mostrando que há segurança, que essa trajetória pode ser atingida. Devemos reduzir o prazo de 2060 para 2050. É isso o que vai atrair mais investidores. Temos que mostrar que estamos de acordo com isso e temos capacidade de atender os critérios ESG [ambiental, social e governança]”, diz, em entrevista à Globo Rural.

Segundo ela, a lógica é cumprir o Acordo de Paris para conseguir investidores. E não conseguir investidores para cumpri-lo. Segundo a carta, o Brasil pode gerar até US$ 17 bilhões a partir de negócios com base na natureza até 2030.

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”Atrairemos mais recursos com bioeconomia do que condicionando nossa meta a recursos vindos de fora”, explica. "A gente tem muitos estudos. É uma declaração que foi estudada, temos maturidade. As empresas estão colocando metas ousadas em prática. Estamos garantindo que dá para fazer”, acrescenta.

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A gente tem certeza de que esse é o ano determinante para [o Brasil] se mostrar como potência e protagonista ambiental

Marina Grossi, presidente do CEBDS

Marina chama 2021 de ano da ambição do clima e indica que o Brasil tem duas ocasiões determinantes para mostrar esta aptidão à agenda ambiental. A primeira é daqui a alguns dias, na Cúpula do Clima, marcada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A segunda é a Conferência do Clima (COP-26), em novembro, na Rússia.

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“A gente tem certeza de que esse é o ano determinante para se mostrar como potência e protagonista ambiental. Essa narrativa tem que estar muito clara. Estamos explicitando que há caminhos para o Brasil ficar muito bem na Cúpula com o Biden. São propostas que deixam o Brasil muito bem colocado, a exemplo do recurso que será usado para o desmatamento ilegal, com planejamento claro”, ela defende.

É exatamente o combate ao desmatamento ilegal que Marina Grossi diz não ter avançado de julho do ano passado para cá. Para ela, se até a COP-26, o Brasil não mostrar comprometimento factível, o risco de perder oportunidades cresce de forma substancial. Por isso, a carta enviada ao governo pede, mais uma vez, o combate à ilegalidade, mas também a regulação de um mercado e créditos de carbono aceitos internacionalmente.

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“As empresas não precisam do aval do país [para reduzir emissões], mas é claro que o país inteiro mobilizado gera um fluxo de recursos muito maior, ganha escala. Se não mostrarmos planejamento e possibilidade de execução, o Brasil corre o risco de perder recursos e, consequentemente, as empresas podem ser impactadas”, alerta.

A presidente do CEBDS não hesita em dizer que a nova reorganização da geopolítica global está indo na direção do ESG e existe uma demanda clara de produtos e serviços com base nestas diretrizes. “Assim como no passado foi exigido padrão de qualidade, o novo padrão são produtos e serviços em ESG. As empresas sabem disso, aumentam o portfólio em impacto ambiental positivo e esse também tem que ser o caminho do Brasil”, defende.

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Source: Rural

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