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(Foto: Getty Images)

 

As crescentes consequências da mudança climática e o esgotamento de recursos naturais, que afetam e impactam cada vez mais a nossa existência, exigem ação – escolher a passividade diante deste cenário não é mais uma opção.

Mais precisamente, as palavras de Berry Marttin, membro do Executive Board do Rabobank, à IFAMA (International Food and Agribusiness Management Association) foram: “Não podemos nos dar ao luxo de não fazer nada”.

Além de conscientização e melhoria da produção, esta é uma pauta comercial cada vez mais frequente na indústria financeira, que abraçou essa necessidade. Ali, investidores já consideram a sustentabilidade como um dos critérios para escolher seus investimentos.

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No Rabobank, implementamos os ratings para os clientes há cerca de 15 anos: antes de avaliarmos crédito, avaliamos o compliance de sustentabilidade. Caso o empreendimento não atenda aos requisitos, o crédito não é liberado. Na época, éramos o único banco com esse olhar, o que nos tornou referência no setor.

Nesse novo contexto de mercado, o desafio para o setor financeiro é: como ter conversas produtivas com os clientes com oportunidades de parcerias para essa nova demanda?

Seguindo nesta direção, empresas e instituições passam a se ver não apenas como entidades produtoras de capital, mas também como membros operantes da sociedade com um dever a cumprir. É então que nasce o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) – traduzido para ASG (Ambiental, Social e Governança) -, que está intrinsecamente enraizado em pilares como preocupação e ação ambiental, movimentações sociais, transparência e boas práticas administrativas.

Ainda que os resultados sejam de longo prazo, este comprometimento não pode ficar só no papel

 

O conceito já é aplicado no mercado de capitais e tem guiado novas ideias e possibilidades. A mais nova delas são os green deals, nos quais organizações entram em acordo sobre uma transação financeira e atrelam os pagamentos de juros ao cumprimento de metas ambientais.

Ou seja: a organização beneficiada por uma operação verde está comprometida a mostrar resultados positivos em suas ações direcionadas ao meio ambiente – e caso não atinja os KPIs estabelecidos pela instituição financeira, também se compromete a pagar mais dividendos.

Ainda que os resultados sejam de longo prazo, este comprometimento não pode ficar só no papel. Os indicadores das operações devem demonstrar mudanças efetivas na redução do impacto ou melhoria dos processos sustentáveis.

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Isso leva as organizações a avaliarem seus resultados além dos índices financeiros, como foi feito por muito tempo. É preciso considerar o “triple bottom line", ou tripé da sustentabilidade, em que os impactos ambientais e sociais recebam a mesma objetividade e transparência. Estes três aspectos devem ser balanceados dentro da estratégia das empresas.

Além de oferecer produtos atrelados a KPIs sustentáveis e dar suporte às empresas, é imprescindível que o greenwashing seja identificado e evitado. O termo, que significa "banho verde", engloba iniciativas superficiais, que não têm um impacto significativo ou até mesmo o impacto que a empresa propôs atingir. Neste caso, o melhor aliado são os dados – eles sempre dirão se algo faz sentido ou não.

No agro, observamos um movimento crescente das empresas para acessar esse tipo de investimento – o que demonstra uma profissionalização notável do setor. Com o desenvolvimento do agro no Brasil, por exemplo, hoje vemos muitas empresas – que há alguns anos não tinham uma estrutura de governança robusta e preparada para acessar o mercado de capitais – com níveis sofisticados de governança dentro dos critérios ESG.

A sustentabilidade é uma premissa básica para os negócios e precisamos adotar esse conceito de forma estratégica para continuarmos alimentando o mundo de forma sustentável

 

A emissão de bons títulos é uma missão importante, bem como a diversificação entre o mercado de capitais e o crédito bancário, para equilibrar os riscos e melhorar a rentabilidade do setor no longo prazo.

O movimento dos green deals indica que, ao investir cada vez mais em iniciativas e transações guiadas pelos ideais de ESG, o mercado financeiro assume seu papel catalisador de mudanças positivas nas esferas ambientais, sociais e administrativas e convida outras parcelas da sociedade a agirem.

Está cada vez mais claro o impacto desse movimento na bancabilidade e na reputação. A sustentabilidade é uma premissa básica para os negócios e precisamos adotar esse conceito de forma estratégica para continuarmos alimentando o mundo de forma sustentável.

*Fabiana Alves é diretora de Corporate Clients do Rabobank Brasil

**As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não refletem, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural
Source: Rural

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