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(Foto: Rally da Safra/Divulgação)

 

Com a expectativa de novos recordes de produção de grãos, as grandes empresas de defensivos que atuam no Brasil preparam o lançamento de novidades para a temporada 2021/22. Um dos destaques é o melhoramento genético, com a chegada de uma nova geração de cultivares ao campo a partir do plantio da próxima safra. Além de um reforço na aposta das empresas nas tecnologias digitais.

A plataforma Intacta Xtend, da Bayer, terceira geração das sementes transgênicas, promete alta eficiência contra lagartas, amplo espectro de controle de plantas daninhas, manejo inteligente e biotecnologia de última geração para levar a produtividade da soja a um novo patamar. “Os astros estão alinhados para trazer inovação para o nosso cliente”, diz Geraldo Berger, diretor de Assuntos Regulatórios, referindo-se também a novas biotecnologias para milho e algodão que a Bayer lança neste ano.

O sistema Enlist, da Corteva Agriscience, é apresentado como uma grande evolução no controle de plantas daninhas nas lavouras de soja e milho. A soja já disponível há três anos nos EUA, chega ao Brasil com a promessa de permitir que o agricultor aplique sobre ela os herbicidas glifosato, 2,4-D e glufosinato, além de trazer proteínas para proteção contra lagartas. 

Segundo Rodrigo Neves, líder de P&D da Corteva para Brasil e Paraguai, a plataforma combina um agroquímico ambientalmente mais seguro que gera menos odor e 90% menos deriva com novas proteínas e muita tecnologia. Embora as duas plataformas sejam apresentadas como soluções completas, as empresas dizem que o produtor pode usar as novas tecnologias em conjunto com outros produtos. “O que recomendamos com vigor é o uso das boas práticas para a longevidade das soluções”, diz Ernesto Fukushima, líder de Biológicos na América Latina da Corteva.

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Hugo Borsari, diretor de Sementes da Basf para América Latina, conta que a empresa, uma das licenciadas da tecnologia Intacta 2 Xtend, vai  auxiliar os agricultores a explorarem o máximo potencial genético das novas cultivares com posicionamentos adequados de acordo com a região de plantio. “Unimos a tecnologia Intacta 2 Xtend com a genética diferenciada desenvolvida pela Basf e vamos lançar 13 variedades na safra 2021/22 destinadas para o cultivo em áreas da região Sul e do Cerrado.”

Neste ano, a Basf já lançou uma marca de sementes de arroz, com foco no desenvolvimento de híbridos de alta performance e prevê colocar no mercado ainda mais quatro produtos. Entre eles, um fungicida para o controle de duas doenças na soja: a ferrugem e a mancha alvo.

A Syngenta, que também é licenciada da Intacta 2, vai lançar neste ano dois fungicidas com misturas na formulação que visam trazer maior eficiência e diminuir o risco de resistência e dois inseticidas para ajudar na gestão de resistência a lagartas que estão aparecendo nas sementes transgênicas de soja e milho, segundo André Savino, diretor de marketing da Syngenta Proteção de Cultivos. As novas tecnologias devem disputar um mercado potencial de fungicidas premium para a soja estimado em US$ 1,6 bilhão.

Marcelo Zanchi, diretor de marketing da indiana United Phosphorus Limited (UPL), diz que, diante dos novos lançamentos de biotecnologia da Bayer e Corteva, a empresa vai manter sua estratégia de levar soluções ao produtor que visam, principalmente, o aumento de produtividade e uma lucratividade maior. “Buscamos cada vez mais oferecer ferramentas de aumento de produtividade, de manejo de resistência que visam não apenas auxiliar essas novas tecnologias a expressar todo seu material genético, mas também gerar maior eficiência por custo de unidade produzida.”

A UPL vai lançar um fungicida com mistura de três ativos para o mercado de soja e um primeiro produto de uma família de herbicidas que tem o glufosinato como base misturado a outros ativos para uso no pré e pós-emergência da soja. E, nos próximos cinco anos, pretende trazer para o mercado brasileiro de 25 a 30 novos produtos.

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Maria de Lourdes Setten Fustaino, a diretora da área de registros de produto para a América Latina da FMC, diz que a empresa tem vários projetos ainda confidenciais na área de defensivos químicos ambientalmente mais amigáveis, com novos modos de ação para combate a pragas com resistência e com dosagens menores.

A Ihara destaca o lançamento no final de 2020 de sua linha de “herbicidas do futuro”, com nova molécula, que promete alto controle das principais plantas daninhas resistentes do país, e de um fungicida para a safra 2021/22 que combina três moléculas para o combate à ferrugem da soja.

A Adama pretende lançar um fungicida pós-emergência com dois princípios ativos para controle das principais doenças da soja que também pode ser usado no  trigo, algodão e feijão. Já estão com registro também um herbicida para manejo de folhas largas como a buva e gramíneas na dessecação de soja, milho e trigo, outro para pastagens e um fungicida para multiculturas.

Soluções digitais

Com o objetivo de dar escala para a agricultura sustentável, a Syngenta investe em três frentes de tecnologias digitais inclusivas, ou seja, que “conversam” com todos os sistemas que o agricultor já tem: ferramentas de gestão, ferramentas de diagnóstico preditivo como mapas de calor que podem indicar qual o melhor local para iniciar uma aplicação e sistemas de alerta de agricultura de precisão.

Um exemplo das soluções digitais da Syngenta é uma ferramenta que usa inteligência artificial para a contagem de plantas por imagem. Com fotos da lavoura no estágio inicial, o programa faz uma estimativa da população final de plantas por hectare e avalia a eficiência da operação de plantio. “O grande diferencial da Syngenta é que disponibilizamos isso tudo de uma maneira democrática, atendendo desde o grande produtor até o pequeno que tem lavoura de dois hectares”, diz Savino.

A FMC lançou sua primeira ferramenta digital preditiva no ano passado. Ela permite obter informações sobre manejo e população de pragas na lavoura, indicando ao produtor o melhor momento para a aplicação do produto. “Para o meu trabalho de graduação, passei cinco anos contando ácaros do feijão para identificar quantos seriam necessários para causar danos à lavoura. Hoje, a digitalização faz isso em poucos meses e ainda indica para o produtor o momento ideal para a aplicação de produto de forma a controlar a praga e reduzir o volume aplicado”, conta a diretora Fustaino.

Neste ano, a FMC associou-se a uma empresa da Califórnia para lançar um sensor que detecta proativamente o nível de esporos no ar antes que eles infectem o solo, o que pode ajudar no controle da ferrugem da soja.

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Ademar De Geroni Júnior, vice-presidente de Marketing Regional da Divisão de Solução para Agricultura na América Latina, diz que a Basf aposta em soluções digitais que já são usadas por agricultores em mais de cem países. “Um dos exemplos de sucesso é o serviço de mapeamento digital que permite otimização de mais de 60% dos recursos para o controle de plantas daninhas nas lavouras.”

Segundo o executivo, em novembro de 2020, a empresa fez uma joint venture com a Bosch, que ainda depende de aprovação antitruste, para vender soluções agrícolas inteligentes, como uma nova técnica que reconhece plantas daninhas e permite aplicação precisa de herbicidas.

A Basf firmou compromissos em seu plano de sustentabilidade de disponibilizar até 2030 tecnologias digitais para mais de 400 milhões de hectares de terras cultivadas no mundo. O plano inclui aumentar em até 7% ao ano a oferta de soluções que agreguem sustentabilidade e ajudar o produtor a reduzir 30% suas emissões de CO2 por tonelada de cultivo.

A Bayer também está investindo na expansão de sua área de agricultura digital, que une todas as plataformas no celular do produtor para que ele saiba em tempo real o que está acontecendo na lavoura. Além disso, a empresa iniciou neste ano o Projeto Carbono para indicar ao agricultor o que ele pode fazer, além do plantio direto, para sequestrar mais carbono e eventualmente ter mais uma fonte de rentabilidade em sua fazenda. O projeto-piloto está sendo desenvolvido com 500 produtores brasileiros e americanos. “Em parceria com a Embrapa, vamos testar qual a melhor tecnologia para medir o sequestro de carbono na lavoura”, diz Berger.

Há dois anos, a Corteva comprou a Granular, empresa de agricultura digital do Vale do Silício (EUA), e passou a oferecer uma ferramenta digital de monitoramento das lavouras para ajudar o agricultor a decidir quais áreas merecem mais atenção. A solução usa imagens capturadas por satélites. Rodrigo Neves diz que a empreaa tem se empenhado em buscar novas soluções para o mapeamento. Uma delas é o desenvolvimento de uma tecnologia para identificar a infecção de um fungo na soja antes de ela se tornar visual.

É fato que o digital chegou na agricultura e vai nos atropelar. Por isso, é melhor a gente correr atrás de inovações"

Rodrigo Neves, líder de P&D da Corteva para Brasil e Paraguai

Zanchi, da UPL, relata que a empresa tem no mercado há alguns anos um programa digital para cana-de-açúcar que determina áreas onde houve falhas de plantio ou deficiência no controle de plantas daninhas. Antes, eram usados helicópteros para esse monitoramento. “Hoje, desenvolvemos uma tecnologia  com uma empresa israelense que  utiliza drones e fotos de avião para gerar imagens da área e visualizar pragas, ervas daninhas específicas e determinar qual a melhor solução para o problema.” Essa ferramenta digital está sendo adaptada para outras culturas como pastagens, frutas, vegetais, milho e soja.

A Ihara passou a investir em soluções digitais há dois anos, quando se tornou sócia-fundadora de uma aceleradora de startups americana que veio para o Brasil com o objetivo de incentivar o uso dessas ferramentas. Segundo Clayton Veiga, diretor de P&D, desde então, a empresa disponibilizou aos clientes diversas ferramentas desenvolvidas por essas startups. “Esperamos em breve formar uma empresa que vai centralizar todas as soluções digitais que estamos investindo. São soluções simples, mas muito inovadoras.”

Soluções digitais também são um pilar estratégico da Adama, segundo Alexandre Pires, diretor de marketing, já que o berço da empresa, Israel, tem a maior quantidade de startups do mundo. “Nos últimos cinco anos, fomos reconhecidos entre as empresas mais inovadores do mercado brasileiro.” Segundo ele, entre as soluções oferecidas estão uma estação meteorológica com acurácia melhor que as disponíveis no mercado que consegue prever o microclima da fazenda do agricultor. “Vamos lançar a Adama Darwin, uma ferramenta que vai compilar todas as informações de clima, luminosidade, pragas e outras para ajudar o produtor na tomada de decisão.”
Source: Rural

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