Skip to main content

(Foto: REUTERS/Roberto Samora)

 

A safra de soja no Mato Grosso, o líder do ranking nacional de produção, deve ter uma produtividade menor na safra 2020/21, apontou a 18ª edição do Rally da Safra, encerrado no final de março após a equipe da Agroconsult percorrer durante três meses 42 mil quilômetros em nove Estados produtores.

O Mato Grosso, que teve o pior início de safra de sua história e chuva irregular durante todo o ciclo, deve colher 57,9 sacas por hectare ante as 60 da safra anterior e chegar a uma produção de 36 milhões de toneladas, semelhante à da safra passada.

saiba mais

Imea: colheita atinge 99,4% da área de soja da safra 2020/21 em Mato Grosso

Brasil deve produzir, exportar e processar mais soja na atual safra

 

A avaliação da consultoria é que choveu demais até na hora da colheita, causando perdas de qualidade e de produtividade, mas as sojas de ciclo médio e tardio permitiram uma recuperação da produtividade diante das perdas dos grãos precoces.

“Apesar da queda de produtividade, a produção deve manter os mesmos níveis por causa da expansão de área e pela alta luminosidade que favoreceu o enchimento dos grãos. Outro fator positivo foi a baixa pressão de pragas e doenças registradas nesta safra”, disse André Debastiani, coordenador geral do rally, em coletiva de imprensa na terça-feira (6/4).

Nos outros Estados do Centro-Oeste, também deve haver queda de produtividade causada pela irregularidade climática: Goiás, que colheu 62,9 sacas na safra anterior, deve fechar com 61,4, e Mato Grosso do Sul, passar de 61,4 para 58,6.

saiba mais

Previsão de clima seco liga alerta no campo para reta final da segunda safra de milho

 

Recordes

O atraso no plantio na maior parte do país e as perdas pelo excesso de chuva na colheita não devem impedir, segundo a estimativa da Agroconsult, que o Brasil bata três recordes no país: área plantada, produtividade e produção.

A projeção de área plantada é de 38,6 milhões de hectares, 1,6 milhão de hectares ou 4,4% a mais que a safra anterior. A produção deve atingir 137,1 milhões de toneladas, 10 milhões de toneladas a mais, o equivalente a uma alta de 8,5%. A média nacional de produtividade estimada é de 59,3 sacas por hectare, ou 2,3 sacos acima da safra passada e 0,8 saco sobre a melhor marca anterior, obtida em 2018.

saiba mais

Datagro reduz estimativa de produção de soja, mas mantém projeção de safra recorde

 

O maior destaque em produtividade deve ser a Bahia, onde as lavouras alcançaram média de 67 sacas. “A safra na Bahia começou com o plantio normal, diferentemente de outros Estados, e não faltou chuva nem luminosidade”, disse André Debastiani, coordenador geral do rally.

Maranhão, com 54,7 sacas por hectare, e Piauí (55,9) também registraram aumento de produtividade em relação à safra anterior. O único com queda no Matopiba foi o Tocantins (54,7), devido às chuvas constantes na hora da colheita.

No Sul, o destaque é o Rio Grande do Sul. “O resultado foi muito melhor do que esperávamos em um ano de La Niña e após a quebra do ano passado. Deve ser uma das melhores safras da história do Estado, que tem tudo para retomar o lugar de segundo maior produtor do país, com uma safra de 21,1 milhões de toneladas”, diz André Pessoa, fundador da Agroconsult.

saiba mais

Agricultores relatam perdas de até 25% da safra de soja em Tocantins

 

A produtividade da soja gaúcha deve passar de 37,1 sacas por hectare no ano passado para 57,9. Paraná, que teve atrasos de até um mês no início do plantio devido à falta de chuva, colherá 61 sacas (ante as 63,8 do ano anterior) e Santa Catarina, 62,1 – foram 58,9 em 2020.

No Sudeste, Minas tem uma produtividade de 62,5 sacas por hectare, pouco abaixo da registrada na safra 2019/20 (63,2), e São Paulo, que teve chuvas mais regulares, fica com uma média de 59,5 sacas ante as 59,8 da safra anterior.

“Foi uma safra muito difícil não só para o produtor, que perdeu o sono em alguns momentos com a falta de chuva e em outros com o excesso de umidade, mas também para nós que trabalhamos com estimativas de safra. Os dados de campo deste ano foram fundamentais para que pudéssemos chegar ao resultado dessa estimativa de 137,1 milhões de toneladas”, explica Debastiani.

saiba mais

Emater-RS diz que colheita da soja atinge 27% da área, ainda com atraso ante 2020

 

Pessoa afirma que os recordes da safra em ano de tantos desafios climáticos são uma prova da capacidade técnica e operacional dos produtores brasileiros, que investem cada vez mais em tecnologia.

Tanto que, entre as 1.092 amostras de lavouras avaliadas pelo rally, 3% apontaram produtividade acima de 100 sacas. “E não eram lavouras irrigadas. Além disso, 17% das amostras tiveram rendimento maior que 80 sacas e 23% ficaram entre 60 e 70 sacas”, explica Pessoa.

Milho

Em relação à safrinha do milho, que teve muito atraso na janela de plantio, a projeção é de uma área de 14,3 milhões de hectares, produção de 78,3 milhões de toneladas, quase 4 milhões a menos do que a projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produtividade estimada é de 91,6 sacas (desde que chova em abril e maio), ante as 95 sacas da safra passada.

saiba mais

Setor de carnes quer isenção de taxa para importar milho e registros de exportação

 

No Mato Grosso, 38% das semeaduras de milho ocorreram em março, fora da janela ideal e com alto risco de perdas. O problema é ainda maior em Goiás, com 61% do plantio em alto risco, e no Paraná, onde 62% foi semeado em período de alto risco na região norte e 81% na região oeste. “No Paraná, a situação preocupa ainda mais porque há risco de geadas durante a fase de enchimento de grãos”, diz Pessoa.

No total, a produção de grãos da safra 2020/2021 deve atingir 270 milhões de toneladas, na avaliação da consultoria, um aumento de 5,1% em relação à safra anterior.

Questionado sobre o uso de produtos biológicos nas lavouras, o fundador da Agroconsult disse que é possível identificar um aumento, mas os produtores já não estão substituindo os químicos, como fizeram no ano passado. “Estão usando as duas tecnologias juntas para obter melhores resultados no controle de pragas e doenças.”

saiba mais

Disparada no preço e escassez de milho podem causar falta de carne, alerta indústria de SC

 

Sobre as reclamações de produtores em relação ao cumprimento de contratos antecipados de soja diante dos preços em alta da leguminosa, Pessoa diz que há muito barulho, mas não chega a 1% o índice de agricultores que preservam a mentalidade de quebrar os contratos por causa de preço.

“O produtor brasileiro atingiu uma maturidade que o leva a honrar seus compromissos com as empresas e a cadeia da soja até porque sempre tem a próxima safra", destacou.
Source: Rural

Leave a Reply