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Percevejo barriga verde ataca fase final da soja e inicial do milho (Foto: Fundação MT/Divulgação)

 

Os produtores de grãos do Mato Grosso estão enfrentando fenômenos atípicos nessa safra, relatados e acompanhados pela Fundação MT.

O percevejo barriga-verde (Diceraeus melacanthus), importante praga para a cultura do milho, tem ocorrido em altas populações ainda durante o período da soja no campo. Também foi observada a ocorrência do apodrecimento atípico de vagens, principalmente em regiões próximas ao município de Sorriso.

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Segundo a entomologista da Fundação MT, Lúcia Vivan, o aumento da população de percevejo barriga-verde tem sido observado nas últimas três safras e tem sido ainda mais visível em função dos danos causados.

“Antes, tínhamos o problema, mas não era tão perceptível. Havia uma população que o produtor conseguia controlar bem. Só que agora ele (o percevejo) está se mantendo na cultura da soja e a gente já detecta uma maior presença do que nas safras anteriores”, diz.

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Os técnicos observaram que os níveis de dano em algumas áreas, que vai de 0 a 4, estão entre 3 e 4 nas áreas diagnosticadas com altas infestações. Nesse patamar, a pesquisadora explica que a folha do cartucho já fica bastante danificada ou não abre, provoca o perfilhamento das plantas e redução de porte. O potencial de dano é de redução de 20% a 40% da produtividade, dependendo do manejo.

A entomologista explica que o inseto se desenvolve ainda na cultura da soja, mas acaba passando despercebido por se esconder na palhada e até a entrada da safrinha. “Se o produtor entra na safrinha com o milho, vai ser um problema e vai ter dano, porque o (percevejo) barriga-verde é mais relacionado à gramínea”, ressalta.

Por isso, o monitoramento da população de percevejo barriga-verde na cultura da soja e seu controle são importantes para se ter sucesso de controle na cultura do milho, já que baixas populações detectadas na cultura da soja poderão ocasionar problemas sérios e comprometer o desenvolvimento do milho.

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O acompanhamento da lavoura diariamente possibilita a identificação da praga, qual espécie, o tamanho da população e a forma mais eficiente para seu manejo. Outro manejo importante é ter um bom controle de plantas daninhas nas áreas, pois essas são hospedeiras para esse inseto e os mantêm nas áreas.

Além disso, Lúcia ressalta a importância do tratamento de sementes para a cultura do milho com produtos neonicotinoides (Clotianidina, Tiametoxan, Imidaclopride) e aplicações foliares no início do desenvolvimento da cultura, sendo aos 3 e 7-10 dias após a emergência ou até o milho atingir o estágio V4.

As aplicações posteriores dependerão da pressão da população e do desenvolvimento da cultura. “Mas, mesmo com o tratamento de sementes, é preciso ficar bem atento”, alerta a entomologista.

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Apodrecimento

Na safra de soja 2019/2020 e sobretudo no ciclo 2020/2021, a Fundação MT também constatou a ocorrência do apodrecimento atípico de vagens de soja. Os sintomas mais característicos, de escurecimento interno da vagem e de grãos, tornaram-se visíveis nos estágios finais de enchimento de grãos, ao redor de R5.4 e R5.5.

A princípio, a Fundação MT não relaciona o fenômeno com uma nova doença. “Provavelmente, é uma consequência da interação de diversos fatores, em que a relação genótipo, ambiente e manejo propicia as condições necessárias para a ação de microrganismos oportunistas e já conhecidos, tendo estresses abióticos como condição inicial para este cenário”, conclui a nota técnica da entidade. 

As duas últimas safras em Mato Grosso foram atípicas em relação à distribuição de chuvas na fase inicial do desenvolvimento da soja, principalmente na safra 2020/2021. Nesta temporada, conforme a região, no período entre setembro, outubro, novembro e até mesmo dezembro, a ocorrência de precipitações pluviométricas foi menor e com distribuição irregular.
 

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Essa condição resultou em baixa umidade no perfil do solo, associada à elevada temperatura – acima de 35°C -, que possivelmente afetou o metabolismo das plantas de diferentes formas e intensidades para cada cultivar e em cada estádio fenológico.

De acordo com o diretor técnico da Fundação MT, Leandro Zancanaro, mesmo em lavouras muito bem conduzidas em manejo de solo, sistema radicular bem desenvolvido e bom nível de sanidade nas plantas, o problema tem ocorrido com mais de 60% das vagens afetadas.

O apodrecimento das vagens tem afetado diferentes cultivares, incidindo mesmo entre aquelas do mesmo grupo de maturação. Entre os materiais genéticos avaliados, nenhum deixou de apresentar os sintomas mencionados.

Esses materiais genéticos são relativamente muito novos e nunca passaram por estações como essa. Também não podemos correlacionar com a questão de adubação e correção, pois houve ocorrência em lavouras muito bem manejadas nesse sentido

Leandro Zancanaro, diretor técnico da Fundação MT

A época de semeadura foi considerada na análise. As cultivares mais suscetíveis ao apodrecimento de vagens, implantadas na primeira época de semeadura, apresentaram maior incidência de apodrecimento em relação às mesmas cultivares implantadas na segunda época.

Segundo Zanzanaro, embora a aplicação de fungicidas durante o ciclo da cultura não tenha sido efetiva em nenhuma situação para sanar o problema, reduziu a incidência do apodrecimento de vagens, observando-se variações na redução dos sintomas em função de diferentes programas de fungicidas.

No entanto, ainda não foi possível afirmar quais grupos químicos podem exercer maior influência para a redução do apodrecimento.

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Source: Rural

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