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Consumidores com maior poder aquisitivo devem devem procurar mais nozes e castanhas após a pandemia (Foto: Getty Images)

 

 

*Publicada originalmente na edição 424 de Globo Rural (março/2021)

O novo luxo do consumo pós-pandemia será o bem-estar, apontam especialistas em todo o mundo. Nesse cenário, a alimentação saudável é assunto cativo: os super alimentos, produtos naturais ricos em nutrientes e óleos essenciais, devem estar mais presentes na vida das pessoas, sobretudo nos países da Europa, Ásia e América do Norte. Castanhas e nozes, que, nas estatísticas oficiais, estão inseridas no grupo de frutas, figuram no topo da lista.

“Castanhas e nozes são super alimentos que aumentam a imunidade dos consumidores e têm um mercado crescente”, afirma o diretor da divisão de nozes e castanhas do Deagro/Fiespe presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Nozes, Castanhas e  Frutas Secas (ABNC), José Eduardo Mendes Camargo. “O mix de castanhas é classificado como alimento fitoterápico.”

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Camargo também é produtor da noz macadâmia em Dois Córregos, interior de São Paulo. Apostou no segmento no início dos anos 1990, quando trouxe dez mudas da árvore do Havaí e as plantou em uma fazenda que outrora fora ocupada por canaviais. Hoje, cultiva cerca de 420 hectares de árvore de macadâmia, planta originária da Austrália e que se adapta muito bem “em todo lugar que dá café e cana”. É o maior exportador do produto para a União Europeia e Estados Unidos e, mais recentemente, para a China. “Nozes e castanhas têm um potencial para estar entre os principais produtos da balança comercial brasileira”, aponta o produtor.

Segundo ele, esses superalimentos (o Brasil se destaca pela produção de cinco tipos: a amazon nut, castanha-de-caju, macadâmia, pecã e baru) possuem todas as características que o consumidor moderno deseja. “São alimentos fitoterápicos, têm um apelo sustentável e geram renda aos produtores”, afirma.

Castanhas como amazon nut, baru e de caju são extraídas da natureza, mas a produção de macadâmia e noz pecã são comerciais. Há, segundo a ABNC, em torno de 7 mil hectares de macadâmias, principalmente nos Estados de São Paulo e Espírito Santo, e 4 mil hectares de noz pecã no Rio Grande do Sul. “A noz macadâmia ocorre a partir do sul da Bahia até o norte do Paraná e a noz pecã, no Rio Grande do Sul”, diz. “É uma excelente opção de diversificação da lavoura. Existem inúmeras possibilidades de consórcio e é uma produção rentável.”

Mendes Camargo, produtor cultiva cerca de 420 hectares de árvore de macadâmia (Foto: Divulgação)

 

As processadoras de noz macadâmia e de noz pecã pagam em torno de R$ 10 a R$ 16 o quilo da noz, dependendo do índice de umidade de cada lote. O rendimento para o produtor é de cerca de R$ 40 mil a R$ 50 mil por hectare. 

Em 2020, as exportações do agronegócio somaram US$ 100,8 bilhões. O saldo comercial do agro foi positivo em US$ 87,8 bilhões, o maior valor da história. Castanhas e nozes entram na balança comercial incluídas no segmento frutas, representando algo em torno de US$ 130 milhões dessa fatia. “Poderia triplicar”, afirma Camargo.

De acordo com o International Nut Council (INC), o consumo de nozes e castanhas no mundo cresce 7% ao ano, mas a produção nacional, apesar do potencial para expansão, está estagnada. “Enquanto o volume de exportações de castanhas e nozes chilenas, por exemplo, cresceu seis vezes em dez anos, o do Brasil ficou estagnado em aproximadamente US$ 150 milhões”, conta. “Na Califórnia, em 560 mil hectares cultivados (com árvores de amêndoas, pistache e nozes), o faturamento chega a US$ 10 bilhões.”

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Se o Brasil tivesse seguido o mesmo caminho percorrido pelo Chile, hoje o faturamento do segmento de castanhas e nozes poderia muito bem superar a casa de US$ 1 bilhão”, afirmou o produtor, que acredita que para que o país atinja esses números é preciso expandir os cultivos, apostar na popularização do consumo interno e, ainda, destravar questões tributárias para a exportação.
Source: Rural

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